Capítulo 5 - Eles vão pagar (Animus)

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"Eles estão aqui" Penso desesperado. "Eles mataram um dos nossos? Meu pai disse que era Oopa quem estava lá... Então foi ele que morreu? Ou só atiraram para assusta-lo?"

Não podia podia ficar parado, Oopa era como um irmão para mim, ele era meu amigo tanto quanto Ubirajara. Saio correndo em direção à floresta sem pensar nas consequências.

- Teçá!! - Ouço meu pai gritar atrás de mim. - Não vá para lá! Os.. - Paro de escutar ele. Sei que o que estou fazendo é a coisa mais idiota da minha vida, mas eu que tenho que ajudar Oopa, ou pelo menos ver com meus próprios olhos o que aconteceu com ele.

Corro até estar mais ou menos no meio da floresta, que estava mais escura do que nunca. "Agora que estou aqui, só falta descobrir onde ele está" Olho a minha volta à procura de algum sinal de Oopa porém não enxergo nada. Fico nesse estado até ouvir um outro tiro, dessa vez vindo da clareira. "Ah não! Bem que Raoni me avisou!" Saio correndo de volta para clareira, até que tropeço em algo, fazendo-me perder o equilíbrio e cair. Olho para ver o que era. Por um momento não consigo respirar, e de joelhos sem acreditar no que estava vendo.

- Não! Não! Oopa! - Oopa estava caído, morto por um tiro na testa. Um fio de sangue escorria pelo canto de sua boca. Olho para suas mãos, e noto que ele estava segurando algo com força. Abro-a, e vejo que era um amuleto, fico mais surpreso quando percebo que era o amuleto que eu havia dado para ele a cinco anos atrás. Quando o dei, disse que o amuleto o protegeria contra qualquer perigo. Qualquer que fosse.. "Não posso deixá-lo aqui" penso. "Tenho que..." Meus pensamentos são novamente interrompidos com outro tiro vindo da clareira. Não era hora para sofrimento, tinha que ajudar a tribo.

- Desculpa Oopa. - Digo baixinho. Pego o amuleto e o coloco em seu peito, é o máximo que posso fazer agora por ele. Volto correndo para a clareira, quando chego, paro abruptamente, pois me deparo com uma cena totalmente inesperada: a clareira estava em guerra contra os homens brancos. Havia homens e índios lutando ferozmente por suas vidas. E o pior de tudo era que os homens brancos estavam em vantagem com suas armas de fogo, e seu maior número. Percebo que há muitos índios caídos. E se algum deles for Ubirajara? Meus olhos correm desesperados por todo o campo, a procura de Ubirajara ou de meu pai. Era difícil ver quem era quem no calor da batalha, mas se eu procurasse com atenção, é bem provável que eu consiga encontrar. Acabo encontrando meu pai em uma luta contra 3 homens, porém, nada de Ubirajara...

Vou na direção de meu pai para ajudá-lo. Saco o machado de minha bainha e golpeio a cabeça de um homem que iria o apunhalar pelas costas. Assim que ele cai no chão, corro para cima do outro homem que estava prestes a golpear meu pai na cabeça, e tento ataca-lo na perna, porém ele defende com facilidade usando sua espada. Ele tenta dar um soco no meu nariz, mas eu me abaixo antes que sua mão chegue até ele, e dou uma rasteira nele, fazendo-o perder o equilíbrio e cair.

Sem mesmo se levantar, o homem pega sua arma de fogo e aponta pra mim, Ele diz algo em seu idioma (que obviamente eu não entendo), e começa a se levantar lentamente. Fico com as mãos para cima, e espero até ele ficar de pé, quando ele o faz, rolo para frente, e finco meu machado na parte de trás de seu joelho. O homem grita de dor, mas não cai. Ele se vira para mim ainda gritando e aperta o gatilho, forçando-me a deitar de bruços para desviar da bala. Assim que ouço o barulho do tiro, me levanto rapidamente, e antes que o homem consiga fazer algo, jogo meu machado com toda a minha força, que acerta em cheio no seu coração. Assim que o homem cai no chão, pego meu machado de volta e olho para meu pai. Vejo que ele está com problemas em derrotar seu oponente, que está lutando de igual para igual contra ele, mas meu pai estava em desvantagem: ele fora baleado na coxa, e tinha diversos cortes de espada em todo o corpo, já o homem não aparentava ter nenhum ferimento. Meu pai consegue golpear o braço esquerdo do homem, abrindo um corte profundo no bíceps dele, fazendo com que ele baixe a guarda. Além de sangue, consigo ver algo mais caindo, algo brilhante, porém não consigo ver o que é exatamente, o homem também nota que o objeto caiu , e com um claro ódio nos olhos, encara o meu pai, que também olha fixamente para o objeto. Nem parecia que ele acabara de ser gravemente ferido quando ele investe com vários ataques seguidos, fazendo Raoni recuar surpreso. Pelo contrário: ele está mais ágil do que antes do ferimento.

Percebo que meu pai não aguentará por muito tempo naquele estado, então me abaixo e pego a pistola que o homem que matei estava segurando. Não faço ideia de como usá-la, já vi vários homens à usando, mas tudo que eu sei é que tem que apertar o gatilho para fazer disparar, porém parece que essa pistola estava descarregada.. Tento lembrar de como os homens brancos recarregavam ela, "basta de um pouco daquele pó preto" penso. Procuro o pó dentro do casaco do homem, e não demoro para achá-lo. Coloco ele no lugar mais provável, miro bem, e aperto o gatilho.

O tiro passa raspando na testa do homem, fazendo um corte superficial nela, mas que com certeza deixará uma cicatriz. Como eu imaginei: o homem nem parece perceber, ele continua golpeando meu pai cada vez com mais força e velocidade. Para parar o homem, só mesmo atingindo algum ponto vital. Meu pai está ficando cada vez com menos opções. Arrisco mais uma tentativa, recarrego a arma, miro na cabeça do homem, e atiro. Desta vez, a bala acerta o joelho do homem, fazendo-o cambalear e quase cair. O homem grita, mas não cede. Raoni aproveita a deixa, e tenta acertar o outro bíceps. Para a nossa surpresa, o homem levanta a espada, desarmando o meu pai, que por pensar que o homem não revidaria, segurava o machado com pouca força. O Machado dele sai voando, caindo próximo aos meus pés.

Os próximos segundos passaram em câmera lenta para mim: o homem dá um passo para trás, e finca a espada no coração de meu pai. A espada atravessa facilmente o corpo dele, que cai lentamente quando o homem a tira. O homem embanha a espada e sai andando calmamente até o meio do campo, gritando algo para seus homens. Pelo visto, era uma ordem para recuar, pois eles pararam de lutar e recuaram para a floresta. Ninguém se arriscou a segui-los, pois estávamos fracos e surpresos com o fato de os homens brancos não terem levado nenhum prisioneiro.

Assim que o último homem branco desaparece de vista, corro o mais rápido que meus pés permitem até o meu pai, que permanecia caído. Quando chego até ele, me ajoelho e começo a chorar.

- Pai, desculpa. Eu não consegui detê-lo... Eu não consegui impedir..

- Não foi culpa sua. Você tentou, e estou orgulhoso disso - Cada palavra que ele dizia estava cada vez mais fraca, sua respiração era superficial, não chegava aos pulmões.
- A pulseira. Cortei sua pulseira. Pegue-a e a guarde. Não a mostre para ninguém. Sei que já é tarde para eu te explicar, mas.. - Ele foi interrompido por um acesso de tosse, enquanto mais sangue enchia a sua boca. - Tem..plário. Templários. Fi... - Antes que ele pudesse completar a frase, seus olhos viram para cima, e sua cabeça tomba para o lado. Sei que ele se foi. Aperto-o em meus braços, tremendo, chorando, sentindo o desespero e a impotência tomar conta de mim. Seus braços caem na grama, inertes. Seguro sua cabeça de encontro ao meu peito e balanço para frente e para trás, chorando como nunca antes. Percebo que muitas pessoas estão em volta de mim observando a cena com tristeza. Meu pai era o melhor e o líder guerreiro da tribo. A morte dele causaria um grande prejuízo para a tribo.

Paro de chorar e limpo minhas lágrimas. Olho em volta à procura da pulseira que meu pai disse. Avisto ela aos seus pés. Me levanto e a pego. Olho bem para ela: uma pulseira de ouro com um pingente que tinha a forma de uma cruz vermelha. Seguro-a com força, fitando-a com raiva.

"Templários" quem eram eles afinal? Não importa quem ou o que eram, tudo que eu sei é que eles vão pagar!

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