Will ainda está no supermercado, então aproveito esse momento para pensar naquele homem. O que será que ele queria? Dinheiro? Acho que não... Então o que seria? O que um cara como aquele iria querer de mim?
Minha linha de pensamentos é interrompida com um barulho de uma porta sendo arrombada. Fico de pé assustada, com o coração a mil. Decido espiar para ver o que está acontecendo. Será que é aquele homem de capuz que arrombou a porta? Antes de eu chegar na porta escuto o invasor falando, ao que parece, por um walk talk.
- Tudo limpo - diz. Pela voz, não é o cara de capuz, e sim um outro homem. Será que eles trabalham juntos? - Vou começar a revistar a casa em busca do documento.
Documento? Mas que diabos...?
Esses caras acham mesmo que podem chegar arrombando a porta de uma casa e sair vasculhando um documento sem se importar com as pessoas que moram aqui?
Decido descer para mandar que eles saírem de casa, porém uma coisa que Will me dissera há muito tempo atrás me faz pensar duas vezes. E se eles estiveres armados?
"A vida não é como nos filmes, Little Bird. Alguém armado não vai pensar duas vezes antes de atirar em você para conseguir seus objetivos." Disse Will certa vez. "Se você der de cara com um homem armado, se renda. Nada é mais valioso do que sua vida. Ao menos... que você tenha certeza que pode lutar contra ele sem morrer no primeiro segundo."
Pondero sobre suas palavras. Eu tenho a vantagem da surpresa. Eles não sabem que eu estou aqui. Além disso, mesmo que eu me esconda, eles vão procurar esse tal documento aqui no quarto também e eu serei pega de qualquer jeito.
É isso. Vou defender essa casa.
Pego minha raquete de tênis de madeira e a minha mochila de escola e as seguro com força. Abro a minha porta devagar para não fazer barulho e saio dele. Escuto o barulho de passos subindo a escada. Me preparo para bater no invasor com a raquete. Claro, nada muito forte. É apenas para assustar.
Caminho o mais silenciosamente que consigo e me encosto na parede ao lado da escada, de forma que eu fique escondida quando ele terminar de subir. Quando ele finalmente chega, saio de meu "esconderijo" e o surpreendo com uma raquetada na cabeça e um chute no estômago. O invasor cai escada a baixo, e chega ao chão com um baque. Uma poça de sangue começa a se formar em baixo dele.
"Oh meu Deus..! Eu... Eu... Matei uma pessoa?" Começo a me desesperar. "O que será de mim? Serei presa?"
Resolvo checar se ele ainda estava vivo. Talvez dê tempo de chamar a ambulância... Porém, quando eu piso no Primeiro degrau, escuto mais um invasor falando pelo rádio:
-Alerta! Não estamos sozinhos! Permissão para eliminar possível ameaça - Alguns segundos depois, uma voz vinda do rádio responde "permissão concedida".
"Oh Jesus! Eles vão me matar?!" Uma sensação de pânico me invade. "O escritório! O homem que matei disse algo sobre pegar algum documento..., e todos os nossos documentos ficam no escritório!"
Meu plano já está feito: irei para o escritório proteger os documentos. Mesmo que eu morra, o que é quase certo, morrerei lutando. Além disso, até eles chegarem no escritório demorará um pouco, me dando tempo para, pelo menos, pensar nas minhas ultimas palavras.
O escritório se encontra no próximo andar, ou seja, terei que subir um lance de escadas para chegar lá. Isso não é problema. O problema mesmo é que eu terei que atravessar o corredor para chegar até lá, e, se os invasores subirem a escada antes de eu conseguir chegar até o final do corredor e começar a subir as escadas, será o fim.
"Eu tenho que arriscar" penso decidida.
Quando vou dar o primeiro passo, ouço os passos dos invasores indo na direção da escada ao meu lado.
- Dane-se. Eles já sabem que eu estou aqui mesmo - Murmuro, dando de ombros. Corro até o final do corredor e começo a subir as escadas o mais rápido possível, sem me importar com o barulho alto que meus passos fazem enquanto eu corro. Quando finalmente chego no escritório, pego uma cadeira e a coloco para barrar a porta, e me preparo para bater em qualquer um que entre. Após alguns segundos escuto os invasores chutando a porta. Meu coração acelera.
- Abra a porta! - Escuto um deles dizer em tom autoritário, mas mesmo assim sem parar com os chutes incessantes na porta.
- O que vocês querem de mim?? - Pergunto com um claro pavor na voz, porém antes dele ter tempo de responder, a porta é arrombada, caindo inteira no chão, me obrigando a recuar alguns passos para que ela não caia em cima de mim.
O primeiro invasor passa por ela sem hesitar, e, por puro instinto, o recebo com uma raquetada na cabeça e uma "mochilada" no joelho. Ele cai inconsciente. Olho para ele, reparando que no seu terno preto, há o símbolo das indústrias Abstergo no peito.
"Eu.. Eu machuquei um funcionário das indústrias Abstergo? Eu machuquei alguém trabalha para ajudar pessoas! Eu sou uma pessoa horrível!" Penso desesperada, olhando com horror para a sua cabeça deformada.
Porém, a sorte não está ao meu favor, pois mais três adentram no escritório com suas armas apontadas para mim. Fecho meus olhos esperando pelo barulho dos tiros.
"Podem atirar à vontade, senhores. Afinal, a verdadeira assassina aqui sou eu." Penso, e a última chama da esperança se apaga dentro de mim.
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Assassin's Creed - Liberdade
Historical FictionNunca havia passado pela cabeça de Alice que um dia ela se tornaria uma assassina. Bom, isso não teria acontecido com ela se uns agentes da Abstergo não tivessem invadido a sua casa naquelas férias de verão para roubar um documento de seu falecido p...