Capítulo 11 - Jasmin

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Encaro Marcus enquanto ele coloca sorvete nas duas taças.

Hoje provaremos sorvete com vinho enquanto assistimos Nárnia – ou tentamos, pelo menos, pois eu sou uma grande tagarela que não consigo me calar assistindo pelo simples motivo de que qualquer detalhe da adaptação merece ser comentado e eu comento. E por falar em Nárnia e CS Lewis, é triste saber que nunca leremos o que ele planejava fazer com a minha personagem favorita, Suzana, já que ele faleceu antes de escrever o livro. Triste fim, apenas.

Marcus é um fofo por estar tentando me animar hoje.

— Coloque mais vinho — peço, olhando-o séria.

Jasmin.

Marcus.

Mantemos os olhares, mas ele recua e responde um "ok", dando de ombros e coloca mais vinho.

Ele me entrega a taça e dá um beijo na minha testa.

— Coragem, meu anjo — ele diz. — Se não quiser voltar hoje, te levo amanhã em casa.

— Não precisa — insisto, lutando contra a vontade de permanecer na sua casa por mais um dia, mas a verdade é que eu preciso voltar, porque se eu não volto para a minha casa, Lucia irá fazer um estardalhaço sobre isso e vai tornar o restante da semana intragável. — Eu volto hoje, fora que você vai estar ocupado.

Ele me lança um último olhar, mas insisto e ele respeita minha decisão.

Caminho na sua frente até o sofá e ele se senta do meu lado em seguida.

A noite tem hora para acabar, mas não levo em consideração quando começamos a assistir o primeiro filme. Tento não pensar no fato de que a data do nosso casamento parece não chegar, mas isso se deve a Lucia tornado a minha vida infeliz e só isso.

Ela, Lucia, é minha mãe e bom... nós não temos uma boa relação desde que ela descobriu sobre meu pai e sua vida secreta – ela guarda rancor de mim por ter contado a verdade e ter, consequentemente, sido a pivô do fim do seu casamento com ele. O seu rancor não é justificável, penso eu, porque fiz o que os dois me ensinaram: sempre falar a verdade. Contei o que vi e pago o preço da verdade até hoje.

Dou a segunda colherada no sorvete e a combinação está ótima, elogio a sua ideia e ele diz que era tudo questão de confiar no processo ao invés de ficar agourando igual eu estava fazendo – agora em minha defesa, gostaria de dizer que não estava agourando. Eu estava apenas pontuando que nunca tinha visto na minha vida e por isso tinha as minhas desconfianças.

— Você vai mesmo insistir nesses pormenores?

Ele me lança um olhar irônico e diz que não.

Acho bom.

Este homem é o meu homem. Deus, eu não poderia te pedir nada mais, obrigado por me dá-lo.

Comento coisas pontuais enquanto assistimos, o vinho está bom e eu termino o meu sorvete primeiro que ele, o olhando com aquele olhar açucarado.

— Já vai começar?

— Começar o quê? — o que foi, amor? Não pode mais querer um carinho?

— Você daqui a pouco monta em mim.

— E qual o problema?

— Vai procurar a tua paz, menina — ele diz. — Tu tá menstruada, endemoniada.

— Falando assim, eu quase acredito em você.

Ele está certo, eu estou menstruada mesmo, mas isso nunca foi um empecilho para ele que, aliás, dá uma olhada de canto de olho enquanto eu me aproximo e dou um beijinho no canto da sua boca.

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