— Vamos, princeso — grito, esperando Noah terminar de se arrumar. Ele grita de volta que está indo, mas insisto e ele me manda ir tomar no cu. — Que boca suja, arrombadinho.
— A vai chupar um canavial de rola, por favor — ele retruca, me fazendo cair na risada.
Deixo-o terminar de se arrumar em paz, indo mandar mensagem para Henrique a fim de saber se não vai ter como ele ir mesmo e ele reafirma que não vai poder.
Henrique: "Não vai dar p ir mesmo, boi
Estou em uma festa de família
Se eu sair assim, vai pegar mal
Deixa p uma próxima, tlg"
Respondo-o em seguida irritado.
Como que caralhos ele me fura uma noite de insalubridade por causa da sua família? Até parece que ele não pode ir ver os seus parentes em outro momento, não é? Se eu posso, por que ele não pode? Que dificuldade, ou melhor, que desculpinha meia boca para não ir.
Fecho a cara, sentando no sofá enquanto espero o princeso terminar.
Assim que ele sai, faço um comentário sobre o seu atraso e ele responde que eu estou irritadiço com o seu atraso a troco de nada, porque ele nem queria ir para começo de conversa e retruco:
— Fique de boas, você vai. Já basta o Henrique que não quis ir-
— Rolê de família?
— Sim.
— Ficou irritadinho ele, gente.
— Vai se fuder, vai.
— Qual das suas putas te irritou pra você estar tão irritado assim com essa besteira?
Cerro o olhar, franzindo o cenho e respondo:
— Se fosse uma puta, pelo menos — respiro fundo.
Ele me encara e eu suspiro, deixando o assunto para lá com uma resposta rápida. Tudo bem, podemos ir sem Henrique de qualquer jeito e tanto faz, estamos em cima da hora para chegar. Ele indo ou não, tudo o que perco é alguém que curte beber com força igual eu.
O tópico é o Uber e o convenço a pedir do seu celular, não é um problema pedir do meu, mas eu não estou com internet e ele sabe as complicações que o meu celular usualmente tem e como ele tende a deixar qualquer um na mão em uma situação de necessidade, e ele pede.
O Uber é gente fina, entramos no carro e já tocava Alcione – o homem tem cultura, senhores. – E ele ainda nos perguntou se a música estava boa, o que acabou gerando uma conversa interessante até nosso destino. Conversamos sobre as mulheres serem complicadas e ele nos disse que mesmo casado há 6 anos ele ainda tinha os mesmos desentendimentos de quando namorava a sua esposa, mas logo disse que era apenas besteira e que isso não superava o fato de que ela tinha sido a sua escolha certa e não se arrependia de ter a escolhido.
Descemos do Uber, eu dou um empurrãozinho com o ombro nele e digo para ele se animar.
— Bora, leq — repito. — Se anima, pense pelo lado positivo: vocês não namoram.
Ele olhou com a cara fechada e eu dei de ombros logo em seguida, pois não vi motivo para ele acabar tão irritado assim com uma piada – eles não namoram, correto? – e seguimos com ele emburrado.
Ela é linda. Mantenho o olhar fixo nela. Eu quero essa mulher!
Ela conversava com alguém, não prestando tanta atenção assim na pessoa, porque girava o seu copo olhando para baixo e assentia com a cabeça. A conversa deveria estar chata, ou ela estava sem paciência – eu não saberia informar – e então Noah estala os dedos na minha frente.
— O que foi?
— Você aí — ele responde, erguendo as sobrancelhas.
— Quer mais cerveja?
— Sim, é bom.
E saio.
Enquanto busco a sua cerveja, procuro uma classificação para a garota de agora pouco. Ela não é uma cavalona... então ela seria um pônei? Se pá que sim, hein. Uma gostosa de pequeno porte, claro – contenho a risada enquanto volto com a cerveja.
Era mais fácil esse filho da puta ter vindo comigo, trouxe a sua cerveja, mas o meu copo secou e não quero tomar cerveja.
— Vou fazer um copão, quer me acompanhar?
Ele faz careta, mas me segue.
— Tinha uma mina te encarando-
— Tinha?
— Sim? — ele retruca, fazendo careta. — Acho que é a que você estava encarando.
— E como você sabe que era eu e não você?
— Ela procurou você quando olhou aqui, mamas.
— Ah.
— Pois é.
Pego na geladeira um gelo de sabor, vodca pura e um energético – o resto é detalhe. – Noah dá outro gole de cerveja e eu faço a magia acontecer.
— E aí, vai chegar em alguém?
— Não sei.
— Se diverte, doido. Tu só tem uma vida, trabalha igual um condenado e ainda se amarra a uma louca — falo, de maneira séria. — Pô, vai viver um pouco.
A sua put... ficante é um problema recorrente – eu preferia a Sarah, ela pelo menos era gente boa e a sua amiga era um neném. – E fica o enchendo de sinais contraditórios, eu acho que ela quer é muita pica.
— Não sei, não.
— Bom... faz o que você quiser, meu lindo, só não sai do planeta, tá bom?
Nós nos encaramos e eu dou de ombros, pois é verdade. Estou dando soluções, ele não as quer, tudo bem.
Próximo.
A bebida está magnífica e eu a sinto tocando a minha versão digna de cancelamento. Noah tinha uma versão igual, mas este infeliz a matou, o que sobrou foi essa versão sem graça que parece um pai cansado da vida e puto com o mundo o tempo todo.
Voltamos juntos para onde estávamos, a música muda e com ela o clima da festa também, as pessoas vão ficando mais desinibidas e eu já começo a trocar bons olhares com a gostosinha que me faz pensar que em alguns minutos acabarei largando o meu menino de mão, porque é como as coisas são.
Quando o copo secar, eu vou lá.
— Você não vai mesmo tentar ficar com ninguém?
— E importa?
— Não.
— Então tem a sua resposta.
— Justo, meu lindo.
Ele é adulto e se quisesse, poderia ficar com alguém, mas não quer. Então decido que esse problema não é mais meu para tentar resolver e digo que enquanto ele está emburrado aqui, não querendo ficar com ninguém, Gina está dando para outro com vontade e ele trinca o maxilar.
— Brincadeira — ergo as mãos.
O silêncio entre nós continua, digo que não é nada pessoal, mas se não namoram, é o que a ausência dela parece.
— Não vamos mais falar dela, ok? Não quero acabar a noite agora te enchendo de soco.
— Não está mais aqui quem falou.
— Ótimo.
O meu copo não demora a terminar, quando ele termina olho para a gostosinha e ela me encara.
— Vou buscar uma cerveja para você e fazer mais.
— Vá lá.
Quando volto, ele abre a sua cerveja e diz que está ficando tarde e que amanhã precisa acordar cedo. Se bebermos mais, não vamos voltar bem para casa.
— Cara, relaxa — digo, meio sem saco. — A gente vaivoltar de boa, confia.
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Capítulos Perdidos: back 2 u
RomanceHistórias dentro do universo de back 2 u para expandir o universo.