De repente 30 Wenclair

Capítulo 03

Pov Wednesday

Dividir a mesma cama com Enid, não é opcional. É um fato, tremo por dentro, ao imaginar seu corpo ao lado do meu. Somos um casal, mas o meu eu verdadeiro tem medo e nervoso dessa situação. Enid está tomando banho, já é noite em Nova York. E eu encaro a vista através da vidraça enorme, encaro o movimento dos carros na avenida, as pessoas se locomoverem na calçada. Dispersas e com o aparelho tecnológico em mãos. As pessoas dessa época, são viciadas nos smartphones, eu analisei todas as configurações do meu aparelho.

Vou até o quarto e me deito. Com o iPhone em mãos.

Tentando me acostumar sem botões, a tela é tão natural e fácil de mexer. Sem a trabalheira de ficar clicando, eu desbravei no iPhone, entro no tal WhatsApp, e deslizo sob a tela os nomes e as fotos que aparecem para mim, até que me deparo curiosamente em um contato, aperto na tela e analiso as conversas.

O nome do usuário é. Dylan Donner, deslizo na tela para analisar as conversas.

Tem mensagens enviadas por mim, que eu dizia para ele.

Wednesday _ Dylan, já faz tempo. Eu estou casada, porém eu não me esqueci de você. Você foi o meu primeiro namorado, meu primeiro beijo, e meu único amor. Mesmo casada com a Enid, você tá encravado no meu ❤️, vacilei feio com você. Mas hoje acordei com você em minha mente, você não mudou o número. Vou acreditar, que bem lá no fundo, você só estava esperando que eu lhe mandasse uma mensagem. Se você responder, é porque é um sinal que nossos caminhos não se separaram. Eu ainda sinto sua falta, por favor me responda. Mesmo que seja para me mandar pra puta que pariu.

Eu saio do contato e desligo o celular. A mensagem foi enviada a quatro meses, no final do ano passado. Pelo visto é um ex do passado, que eu entrei em contato, não chequei mais as conversa, estou apavorada com quê descobrir.

Será que traio Enid?

Será que ela já viu as mensagens?

Como eu pude ter sido tão cretina?

No que eu me tornei. Eu sou uma filha da puta, se realmente estiver sendo infiel a Enid. Ela demonstra amar muito a Wednesday original, e seria sacanagem e um absurdo se eu estiver traindo a minha esposa. Só de pensar nisso, sinto nojo e desespero, o pânico me toma conta juntando com a culpa.

Sinto as lágrimas deslizarem dos meus olhos. O horror e a repulsa que me assola, fecho os olhos fungando, indignada e desejando sair dali. Enid não merecia levar gaia, o texto que mandei pra esse sujeito. Era muito sentimental e sincera, uma declaração oculta do que ele ainda representa para Wednesday original, ouço a porta ser aberta, rapidamente limpo as lágrimas. Não querendo que Enid flagrasse o meu choro, me viro na posição fetal, pra Enid não reparar no meu rosto. Agarro no travesseiro fechando os olhos e escuto Enid andar pelo quarto.

- Hoje foi exaustivo - escuto a risada da Enid - Amanhã espero acordar, e que você esteja ainda possuindo o corpo da Wednesday.

- Eu só quero acordar no meu quarto - sussurro com a voz abafada - Você deveria desejar ter a Wednesday original.

- A Wednesday adolescente é divertida e passiva - fala Enid - Apesar das patadas, você voltou a ser engraçada e notoriamente transparente, consigo lê suas reações, adivinhar suas manhãs e me aproximar de você. Então encare sua nova realidade, porque você não vai embora magicamente Wednesday.

Ela relata com gosto na voz. Enid é complacente, mas eu não gostava do que estava descobrindo sobre mim. Machismo, ausência, falta de comunicação, e agora deslealdade. Meus pais nunca foram desleais entre eles. Sempre foram apaixonados, devotos um pelo o outro, quando os via juntos. Eu desejava viver aquele amor, conhecer alguém que me valorizasse, me amasse e eu sentisse o mesmo. Mas pelo jeito não foi bem assim.