Singular

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Sofia Santino
(Música do capítulo: Singular — ANAVITÓRIA)

Era tão singular o jeito que ela me observava acordar. Achava incrível como não se importava se eu tivesse a chutado a noite inteira e meu cabelo não a assustava.

Definitivamente estava completamente apaixonada por ela. Não existiam mais dúvidas, meus sentimentos eram mais certos do que tudo nessa vida.

No meio da noite, senti o seu corpinho tremer bem debaixo de mim e tive que, infelizmente, me desprender do seu abraço para buscar uma coberta. Aproveitei e vesti uma camiseta.

Quando acordei e abri os olhos, quase fiquei cega com a luz que atravessava a janela. Automaticamente me arrependi de não ter fechado a cortina durante a noite.

Dessa vez, era eu quem observava a mulher dos meus sonhos dormir. Sua existência era singular. Seu respirar, seu cabelo, seu nariz, seus olhos relaxados, seus lábios torcidos em um sorriso suave, tudo era singular.

Não era uma poeta, mas os seus olhos verdes me faziam querer escrever os mais diversos poemas apenas dizendo o quão aconchegantes, lindos e calorosos eles eram ao acordar.

Minha vida era tão boa tendo alguém para chamar de vida.

— Agora você quem está me observando de maneira estranha. — Disse, com a voz sonolenta.

Não queria jogar logo uma bomba em seu colo, mas eu precisava de respostas logo. Era melhor uma conversa logo cedo do que esperar demais.

— Duda, precisamos conversar. — Disse, com uma expressão séria, fazendo círculos invisíveis em sua clavícula descoberta

— O que foi, linda? — Perguntou com uma certa apreensão.

— Como estamos de férias eu vou viajar, vou para Recife.

— Certo. Pode ir, eu cuido da Bella. — Respirou aliviada quando ouviu o que era. Começou a alisar meu cabelo.

— Não, Dudis, você não entendeu. Eu quero que você vá comigo.

— Para Recife? — Perguntou sem acreditar no que estava ouvindo.

— Sim. Para Recife. Na casa da minha mãe.

— Sua mãe?! — Exclamou exasperada. Sua voz ficou fina — Meu Deus, Sofia. — Se sentou na cama. 

— Desculpa, está muito cedo? — Me sentei ao seu lado — Se você não quiser ir, tudo bem. Ou você pode ir e eu falo que somos só amigas.

Me arrependi de propor aquilo. Eu sabia que era uma ideia maluca. 

— Calma. Eu quero ir, eu adoraria conhecer sua terra natal e sua família, vida. Eu só não estava esperando.

— Certeza? — Perguntei insegura.

— Certeza. Vou precisar de muito preparo para impressionar sua mãe, mas eu vou.

— Você ter coragem de viajar até Recife para ver ela já vai impressioná-la. Podemos ir para Japaratinga depois.

— Qualquer coisa que for com você eu vou, Sô. Quando partimos?

— Não comprei as passagens ainda, precisava conversar com você primeiro. Podemos ir terça-feira e fazer compras hoje. — Propus, já pensando nas coisas que precisava comprar para a viagem.

— Você quem sabe. Já falei que o que você decidir e quiser, eu apoio. — Não me segurei e abracei, mesmo que ela ainda estivesse despida.

Era singular o seu abraço e como ele me enlaçava devagar. Não podia acreditar que ela realmente havia aceitado viajar comigo e por mim, para longe.

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