So High School

I Can See You

Sofia Santino
(Música do capítulo: I Can See You — Taylor Swift)

Havia chegado o momento. Eu precisava tomar um rumo na vida, tomar a primeira decisão certa de todos os meus anos vividos, pela Duda.

Estava nervosa, tremendo da cabeça aos pés, mas por ela valeria a pena. Ver o seu sorriso ao receber a notícia faria tudo valer a pena.

Assim que notei que ela havia dormido profundamente, me levantei com cuidado e fui atrás do prejuízo.

Combinei de me encontrar com Carlos na cafeteria próxima ao condomínio, sem dar explicações do porquê daquele encontro.

Era agora ou nunca.

— Oi, amor. — Me deu um beijo na bochecha — Está tudo bem? Já quer pedir? — Perguntou se sentando, pegando o cardápio para escolher algo.

— Não, eu vou falar de uma vez. — Tirei o cardápio da sua mão, obrigando ele a olhar para mim — Me escuta primeiro e depois você diz alguma coisa. — Esfreguei a mão na perna e respirei fundo, criando coragem — Você estava certo, o tempo todo. No dia seguinte, que você saiu do apartamento após nossa briga, eu beijei a Eduarda. Estávamos sozinhas, com umas garrafas de vinho e aconteceu.

— Certo. — Disse calmo — Vocês estavam bêbadas? Essas coisas acontecem, você se arrepende, está me contando. Podemos lidar com isso, tudo certo. — Essa, definitivamente, não era a reação que eu estava esperando.

— Não, Carlos, você não está entendendo. Eu não me arrependo, nenhum pouco. E nós ficamos várias vezes depois disso, inclusive ontem. Esse é o ponto, eu acho que realmente gosto dela. Talvez eu nunca parei de gostar.

— Caralho. — Bateu a mão na mesa. Aí está — Eu sabia. Eu sabia. — Riu ironicamente —"Eu não vou te trocar por mulher só por ser bissexual", não vai, Sofia?

— Não foi por querer, os sentimentos são incontroláveis. — Tentei me explicar.

— Mas as vontades dá para controlar, custava ter me contado antes de beijar ela? Custava, porra? — Bateu na mesa novamente.

— Olha o palavreado que estamos em espaço público, quero mais respeito, por favor. — Disse agressivamente de forma baixa, para que parasse de passar vergonha.

— Você não se dá o respeito, Sofia. Você beija qualquer um, isso diz muito sobre a sua índole, seu caráter, e quer que eu tenha respeito por você? — Apontou o dedo na minha cara.

— Eu duvido que você nunca tenha me traído. — Disse sem me exaltar — Porque já chegaram aos meus ouvidos papos piores do que eu fiz e eu simplesmente ignorei.

Era verdade. Nunca contei a ninguém porque era vergonhoso, mas era completamente verdade. Todos os seus traços ruins estampados na minha cara e eu nunca havia reparado.

— Eu ter te traído ou não, não te dá o direito de você me trair de volta.

Tinha um ponto, mas eu não daria o braço a torcer, em hipótese alguma.

— Na verdade, dá sim. — Retruquei cinicamente.

— Sinceramente, espero que as duas explodam. Você acha mesmo que ela gosta de você, Sofia? Você é muito iludida. Ninguém te ama além de mim, você é incapaz de ser amada e incapaz de amar. Daqui a pouco você vai descobrir que não passa de uma paixão passageira e vai enjoar dela, porque você é assim. O relacionamento de vocês duas nunca vai dar certo, ninguém vai aceitar e quando você menos esperar, ela vai te abandonar. — Disse de forma passiva-agressiva, como se aquilo fosse me atingir de alguma maneira.