CAPÍTULO 10

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Pov Valentina

— Senhorita Valentina, o que achou? Está do seu agrado?

Ando pelo espaço bem arejado e olho cada mínimo detalhe do que será nossa filial aqui em Nova Iorque, o prédio escolhido é bem localizado, o espaço de acesso comum é bem distribuído e, o melhor de tudo, fica a poucos quarteirões do Central Park, o que para mim faz uma grande diferença.

— Está muito além do meu agrado, está simplesmente perfeito. As cores brancas contrastando com o tom de cinza mais escuro... eu gostei bastante.

— Fico feliz em ajudar, você já pode começar a ver com uma designer hoje mesmo sobre a mobília do escritório. — Minha empolgação é tamanha que eu não escondo o sorriso enorme que está em meu rosto. Nem a tristeza e a nuvem escura em cima da minha cabeça foram capazes de apagar a alegria que é finalmente ter um escritório montado, para que eu possa tomar conta dos negócios legais da minha família disfuncional.

Na correria do dia a dia, indo atrás de designers e de pessoas para trabalhar no escritório, acabei por empurrar o assunto "Luiza" para o fundo da minha mente, mesmo que me custasse horas acordada durante a madrugada, conversando com seu irmão, para saber notícias dela e do bebê.

Não vou mentir, essas poucas horas em que eu recebia notícias suas eram as mais felizes do meu dia, eu recebia um pouco da vivacidade que Luiza trouxe para a minha vida e levou embora com ela de volta. Foi assim por alguns dias até que em um final de tarde eu já estava morta de cansada, após uma passada rápida na academia do prédio, quando chego em casa e a encontro em total silêncio.

— Igor, cheguei! — Sem respostas. — Irmão, eu estou faminta e precisando de um banho, irei pedir uma pizza, você vai querer?

E nada, novamente, caminho até a mesa de centro da sala e em cima dela tem um bilhete escrito a mão pelo Igor.

"Curta sua noite, princesa russa. Se deixe ser amada e se permita amar."

Não entendi muito o que ele quis dizer com esse bilhete, mas resolvo deixar pra lá, indo em direção ao meu quarto com o celular na orelha para pedir meu jantar. Com o pedido feito, entro jogando na poltrona ao lado da porta o terno e a mochila de academia, em seguida, tiro a blusa de academia, ficando só de top e calça de moletom, para só aí ligar a luz do quarto e ter a maior surpresa que eu poderia ter.

Luiza está com seus cabelos castanhos soltos em cascatas, um sorriso lindo nos lábios e os olhos castanhos brilhando. Usa um vestido verde que a deixa ainda mais linda, e, quando dou um passo em sua direção, é que noto as pétalas vermelhas e brancas por todo o quarto; no chão, na cama, em cada canto do lugar tem pétalas de rosas espalhadas.

— O que... o que faz aqui? O que é isso tudo?

— Essa aqui na sua frente sou eu, me declarando para você, Valentina. — Ando até ela, tendo a necessidade absurda de querer tocar em Luiza.

Esses dias longe dela cobraram seu preço, e eu passei várias noites em claro relembrando as noites em que tinha ela na minha cama e em meus braços, mesmo que ao acordar ela nunca estivesse lá.

— Mas... mas isso não está certo, você não gosta de mim assim, Luiza. Você não deveria se sentir obrigada a isso, você deveria ir embora, Luiza... — Sei que a intenção é boa, mas isso tudo só me faz querer cavar um buraco e sumir dentro dele, desvio meus olhos dos seus e encaro o céu escuro, onde nenhuma estrela pode ser vista.

— Valentina? Olha para mim, por favor — seu tom de voz é suave e tranquilo, eu a obedeço, dando um passo para trás, quando sinto sua mão segurar a minha. — Eu não sou obrigada a nada, Valentina, tenho idade suficiente para saber o que quero e o que não quero, e esses dias sem você foram como se eu não conseguisse respirar direito, tudo em que eu pensava era em você e no porquê de você não estar lá comigo. O quão errada eu me sentia ao perceber o mal que eu te fiz.

Você merece ser amadaOnde histórias criam vida. Descubra agora