Gerusa procurou Juliette muito cedo no quarto, como fazia rotineiramente, mas não encontrou a sua senhora e isso a entristeceu profundamente.
Tantos foram os conselhos para que ela não se entregasse antes do matrimônio, mas certamente eles não foram atendidos.
Rumou para a cozinha e lá fez café, alguns biscoitos e logo chegou Rodolffo com o leite. Ela o encarou e ele foi logo dizendo:
- A Juliette está comigo Gerusa. Deixei ela dormir um pouco mais.
- Não precisa me dá detalhes...
- Gerusa...Eu pedi a Juliette em casamento, mas não quero construir a nossa vida aqui. E Juliette me pediu para te levar conosco. Aceita ir? Gostamos muito da sua pessoa e não apenas no aspecto profissional. Juliette tem por ti grande carinho.
Gerusa sentiu-se emocionada.
- Também gosto muito da minha senhora. É uma pessoa muito boa, nunca tive uma patroa tão especial.
- Então vai conosco, não é?
- Vou.
- Juliette não tem o apoio dos próprios pais e isso é bem triste, mesmo assim, vou até a casa do Vasco pedir a mão dela em casamento. Não é necessário de fato, mas eu acho importante.
- O senhor não vai se arrepender de casar com a senhora.
- Não vou. Eu a amo muito.
Juliette vinha chegando e ouviu o final do diálogo entre Gerusa e Rodolffo.
- Bom dia. - ela disse sorridente e Rodolffo segurou sua mão.
- Bom dia senhora. - Gerusa saiu e deixou o casal a sós.
- Está tudo bem? - Rodolffo perguntou lhe beijando a mão.
- Sim. E você está bem?
- Estou e daqui a pouco vou novamente a cidade. Talvez eu tenha que ficar um dia ou dois fora, preciso ir ver a nossa casa.
- Não quero que passe tantos dias longe.
- Juliette não fale assim... É por um bom motivo.
Juliette abraçou Rodolffo.
- Eu sou o homem que te quer e que te ama. Não vou desistir disso.
- Eu quero tentar de novo... - Ela disse de forma inesperada e Rodolffo sorriu.
- E acha que eu não quero? Te ter completamente será um acontecimento na minha vida e eu anseio por isso. Mas nós podemos esperar até o casamento. Vou conversar com o padre e contar sobre tudo que você viveu.
- Isso é irrelevante. Ele não vai acreditar...
- Mesmo que não acredite... Eu vou lutar para que a injustiça que foi feita com você seja desfeita. Se aquele canalha não te tocou é por que ele não gostava de mulher. Eu vou descobrir tudo isso, mas preciso de tempo.
- Tudo bem. Só não demora muito, por favor.
Juliette e Rodolffo trocaram um beijo e logo depois ele foi organizar tudo que deveria para passar dois ou três dias fora.
Vê-lo partir, mesmo que por pouco tempo, fez Juliette chorar.
- Gerusa, estamos sozinhas hoje e temos que ter cuidado redobrado com o cair da noite.
Gerusa só acenou positivamente com a cabeça. Juliette não ouviu nenhum sermão ou conselho dela naquele dia, o quê julgou estranho.
...
Uma semana depois...
Juliette olhava para o caminho e não vinha ninguém. Vivia os dias assim e Rodolffo não retornava.
- Não quero te desanimar... Mas talvez ele não volte mais. - alertou Gerusa.
- Por que não? Ele me pediu em casamento.
- Sim. E a senhora foi lá e abriu as pernas para ele. O homem quando usa uma mulher antes de casar, raramente volta.
Gerusa disse isso de forma natural, mas magoou Juliette.
- Ele não me usou. Não foi consumado totalmente. Eu senti muito incômodo e ele parou, mas a minha vontade é ser dele. Assim que ele voltar, vou suportar toda a dor e não haverá nada que impeça que ele me use.
- A senhora é tão ingênua. Não sabe muito dessa vida.
- Poupe meus ouvidos das suas opiniões quando elas forem pessimistas. - Juliette disse contrariada e Gerusa ficou em silêncio.
Depois entraram em casa e Juliette não fez a última refeição do dia. Foi direto para o quarto e deitou na sua cama, mas seu pensamento era totalmente relacionado a demora no retorno de Rodolffo.
...
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A desafortunada
FanfictionAquela que acredita ter sido abandonada pela própria sorte.