Gerusa estava de frente a Rodolffo e ele sentou na cama, tamanho foi seu susto.
- Se a minha senhora escuta isso, ainda nessa noite, o senhor estaria fora daqui. Eu vim te trazer umas batatas que esqueci de mandar, mas sinto que não é merecedor de qualquer agrado.
- Senhora Gerusa... Não devia entrar aqui dessa forma. Eu poderia estar pelado.
- Não tente desconversar. Eu ouvi muito bem as suas palavras.
- A sua senhora e eu somos duas pessoas livres.
- Então está aqui unicamente por isso?
- Senhora Gerusa...
- Não vai se aproveitar da minha senhora e abandoná-la. Ela já sofreu o suficiente. Se a sua intenção for a pior, arruma o quê é seu e vai embora.
- Não manda em mim Gerusa. Eu vou onde quiser e saio de onde quiser também. A minha intenção é muito boa, mas não depende só de mim.
- Eu dei forças a Juliette para pedir a sua ajuda. Espero que não me faça sentir o remorso tão logo.
Ela deixou as batatas por sobre uma mesa e saiu. Rodolffo fechou a porta de seguida e respirou profundamente. Se Gerusa falasse o quê tinha ouvido, com certeza Juliette o colocaria para fora da sua vida.
...
No interior da casa...
- Gerusa que cara é essa?
- Tropecei numa pedra. Estou zangada. Não é nada.
- Ah... Isso realmente é ruim e o senhor Rodolffo?
- Estava começando a jantar.
- Que bom. Estou bem satisfeita com as ideias dele.
Gerusa a olhou seriamente e lhe deu um conselho:
- Deixa ele trabalhar, mas não o visite no quarto. Jeremias pode pensar errado de vocês dois se ver.
- Mas eu só fico na porta e não a fecho. Acha que o senhor Rodolffo...
- Não é isso. É que as pessoas falam do que vêem e do que não vêem também. E a senhora só pode se entregar a esse homem se ele for o seu esposo.
Juliette arregalou os olhos.
- Gerusa, que conversa é essa?
- Juliette não se feche a possibilidade. Seja oportunista um pouco e veja que essa propriedade precisa de um homem e vivendo reclusa como vive é muito difícil lhe surgir um pretendente a marido. Esse homem está aqui e ele trabalha bastante. É um sujeito esforçado e com força física suficiente para lhe sustentar e também aos seus filhos. Pense nisso.
- Gerusa... Eu não sei o quê dizer. Sou viúva de um amigo dele.
- Os homens não ligam para isso. Acredite que esse daí nem lembra mais do amigo. Eu vejo os olhares que ele te lança.
Juliette ficou com um semblante surpreso.
- Não diga que também não olha para ele, por que de longe eu vejo tudo senhora.
Gerusa deixou Juliette a sós com seus pensamentos.
...