Três semanas depois da saída de Rodolffo.
Juliette despertou e foi fazer as mesmas coisas de todas as manhãs. Alimentou os animais, regou suas plantas e observou as galinhas.
Todos os animais pareciam estar muito bem depois das mudanças que Rodolffo trouxe. As galinhas estavam produzindo mais ovos. As vacas estavam cruzando com o touro e as ovelhas se adaptaram a ter um líder macho no rebanho.
Jeremias era quem levava tudo que era produzido na propriedade para a cidade. Juliette não saia de casa e a noite dormia pouco. Hoje estava acometida por cólicas e colheu algumas ervas para fazer um chá.
- Veja pelo lado bom senhora... Ao menos não está grávida. - Gerusa disse assim que Juliette lhe falou que tinha dores nas suas regras.
Os olhos de Juliette encheram-se de lágrimas, mas Gerusa não percebeu. Havia desgosto naquela altura. As esperanças de Juliette iam-se dia a dia e Rodolffo não retornava, tão pouco mandava notícias.
- Gerusa... Talvez eu vá na cidade. Amanhã provavelmente.
- Irá com o Jeremias?
- É... Estou precisando de algumas coisas. Até mesmo tecido para fazer de forro. Sempre uso os de algodão.
- Tem certeza que é só isso senhora?
- Sim... É só isso.
Mas não era. Juliette tinha o plano de ir até a casa dos pais de Rodolffo e ali tentar descobrir o quê se passava com seu noivo.
...
Na propriedade de Rodolffo.
A reforma da casa seguia a todo vapor e Rodolffo trabalhava tanto que perdeu até peso. Renato ficava indo e vindo, trazendo sempre o necessário.
- Pai... Como está a minha noiva? - Rodolffo falou com ansiedade.
- Vai bem filho. Lhe mandou um abraço e tudo na propriedade dela próspera. - Renato disse com um entusiasmo ensaiado.
- Só um abraço?
- É...
- Não disse que tem saudades minhas?
- Meu filho existe o decoro...
- Eu volto em duas semanas pai. Estará tudo pronto para que nosso casamento aconteça.
- Talvez leve mais tempo.
- Não pai. Vai dá tudo certo. Eu estou tão feliz e agora estou aliviado em saber que ela não está magoada comigo.
Renato acenou positivamente com a cabeça.
...
No dia seguinte...
Juliette adiou a ida a cidade por que estava indisposta. Mas não era por causa das regras, o seu grande mal era tristeza.
Ela tinha muito medo de descobrir o motivo do sumiço de Rodolffo. Muitas teorias pairavam a sua mente e isso fazia seus olhos chorarem quase sempre.
Sofria calada, no seu refúgio e Gerusa até tentava lhe falar, mas Juliette não estava disposta a ouvi-la. Seu pensamento dava voltas e relembrava do princípio aos momentos mais íntimos que teve com Rodolffo.
Mesmo que a noite não tivesse sido completamente consumada, ela já não se considerava pura como antes. Havia recebido carinhos, toques e estímulos, além de ter ficado completamente nua frente a um homem também nu.
Não havia arrependimentos, mas haviam muitas dúvidas. O quê parecia um sonho se tornou um incerto destino e ela sofria por isso.
- Senhora... Quer comer o pato hoje?
- Pode fazer Gerusa. Dê também ao Jeremias. Não sinto fome.
- A senhora está sofrendo, não é?
Juliette encarou Gerusa.
- Os homens geralmente são mentirosos. Até o meu marido era e isso é da própria natureza deles.
- Não precisa dizer isso para mim, não é? Eu sei muito bem sobre a maldade dos homens, inclusive começo por meus avós e meu pai. Meu marido não era um homem, sim um moleque.
- O Rodolffo era amigo dele senhora... Não tinha muito o quê esperar dele.
- Talvez... Mas eu estou sofrendo e isso é algo só meu. Ninguém tem nada a ver com isso. - ela fez uma pausa. - Quando eu me casei, no justo dia que cheguei nessa casa, quis viver uma história bonita. Ela não necessariamente seria uma história de amor, mas eu estive disposta a aceitar o meu marido e a vontade de Deus sobre a nossa vida. Antônio fez a escolha dele e Deus fez a sua vontade. Sofri muito o meu luto, mas não era um sofrer por amor. Agora eu sofro por que amo o Rodolffo.
Gerusa baixou o olhar.
- Lhe tenho muito apreço Gerusa, mas eu amo o Rodolffo e independente da volta dele ou não, isso não vai passar tão cedo. Já não sou uma menina... Eu sou a mulher que deseja ser esposa dele e que juntos possamos ter uma família. Desejo do fundo do meu coração que esse sumiço tenha uma explicação.
- Eu não tenho nenhum problema contra ele senhora...
- Não seja mentirosa por que eu sei que tem... Talvez por que ele não é o Antônio ou o motivo seja outro, mas independente de qualquer coisa, ele sempre te tratou de forma cordial e respeitosa. Mas estou decidida numa coisa...
- O quê senhora?
- Se ele voltar, vamos embora e essa propriedade fica contigo e se ele não voltar, vou embora sozinha.
- Não diga isso...
- É o quê eu quero. Não suporto mais viver em um lugar que só me trouxe dor.
Gerusa saiu triste de perto de Juliette.
...
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A desafortunada
FanfictionAquela que acredita ter sido abandonada pela própria sorte.