Episódio 12

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Rodolffo não foi para longe do armazém e ali onde parou só a luz da lua lhe dava claridade. Chorou por um tempo, sentia um desgosto, mas tinha convicção do seu amor por Juliette.

- O quê vai ser da minha vida sem ela? Se tudo que eu faço é pensando nela? Se tudo que eu vejo me lembra ela? Se todos os meus sonhos dependem dela? - eram questionamentos que vinham na sua mente.

...

No armazém.

Juliette não mais chorava, mas se mantinha deitada na cama de Rodolffo. O cheiro dele, a lembrança dos toques e tudo que viveram lhe dava a confiança de que ele iria voltar.

Era normal se sentir confuso e em conflito, ela também já se sentiu assim, mas se for de verdade, ele vai voltar. A raiva é algo que ela também já sentiu nos extremos, mas que ao parar para pensar, percebeu que nunca valia a pena.

Mesmo concentrada nos seus pensamentos ela adormeceu e só acordou quando sentiu braços a abraçarem.

- Me perdoa pelo meu rompante? - ele disse lhe dando um beijo no ombro.

Juliette ouviu o cantar das galinhas e imaginou já ser início de manhã. Virando-se, olhou para Rodolffo.

- Passou a noite fora?

- Não. Voltei depois de um tempo e fiquei olhando o seu sono. Essa cama não é muito confortável.

- Mas ela tem o seu cheiro. - Juliette fez um carinho no rosto dele. - Rodolffo eu te amo. Se eu não contei foi por medo de te perder. Só queria ser como você gosta...

- Não diga isso...

- Eu sou só uma virgem chorona e problemática...

- Não podia esconder isso de mim.

- Eu achei que você não ia reparar, mas não é simples como eu pensei.

- Eu te machuquei? Seja sincera comigo.

- Senti um pouco de incômodo mas já passou.

- É impossível não machucar e não doer. O seu corpo é preparado para isso, mas não tem costume, então eu tenho que ver como fazer isso de um jeito que não seja tão sacrificante.

Juliette sorriu.

- Então não vai desistir de mim?

- Não. Desistir de você seria desistir do novo Rodolffo que habita em mim. Meu pai sempre me pediu que eu tivesse raízes, mas eu nunca quis ter. Vivi a juventude toda de andarelas, já me dei bem algumas vezes, outras me dei muito mal. Já bati, já apanhei. Houveram dias de muita abundância e dias que passei fome. Mas essa vida errante era de alguma forma uma fulga do meu verdadeiro eu. O Rodolffo que está aqui sonha. Quer lutar pelo seu futuro. Quer ter raízes, flores e frutos. Esse Rodolffo quer paz e amor.

- E eu quero muito esse Rodolffo para sempre na minha vida.

Eles juntaram as testas e sorriram.

- E terá... Eu sou todo seu para sempre.

...

A desafortunada Onde histórias criam vida. Descubra agora