Episódio 7

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Na manhã seguinte...

Juliette foi colocar a comida das galinhas e percebeu Rodolffo conversando com Jeremias.

- Quantos irmãos tem senhor? - Jeremias interrogou Rodolffo.

- Apenas dois. Um irmão mais novo que um ano e uma irmã caçula mais nova cinco anos. Mas já tenho quatro sobrinhos. Três do meu irmão e uma da minha irmã. Pensa numa alegria ser tio. - Rodolffo disse empolgado.

- E o senhor é viúvo também?

Rodolffo deu uma risada e abanou a cabeça.

- Não. Eu nunca contrai o sacramento do casamento.

- E por qual motivo não quis se casar senhor?

- Jeremias na verdade eu ainda posso me casar. Não sei... Deus é quem sabe. Afinal, ainda não sou tão velho. Ou sou? - ele disse sorridente.

- O senhor ainda é muito jovem.

- Então... Até o momento não quis por que um casamento conveniente não me convém. Eu não casaria por dinheiro, nem por fortuna, nem por que meu pai quer que me case. Só casarei no dia que eu quiser e a mulher estiver querendo o mesmo. Todos os casamentos que vejo as noivas sempre choram e não é de emoção Jeremias, geralmente choram de tristeza.

Veio na mente de Juliette que ela realmente chorou de tristeza quando estava casando com Antônio.

- Eu não quero obrigar ninguém a estar comigo. A vida já é bastante dura para viver penando até que a morte nos separe.

Jeremias sorriu e confirmou.

- Agora o senhor falou a verdade.

Rodolffo tinha um censo de humor próprio e gostava de conversar.

- Jeremias, quase casei com uma prostituta, no auge dos meus 25 anos.

Juliette colocou a mão na boca tamanha foi a sua surpresa.

- O senhor não fala a sério...

- Falo sério. Gostei dela. A conheci num navio de passageiros e incrivelmente não tivemos nada além de conversas, por que ela disse que não deitava quando estava apaixonada. Então no auge da paixão, eu a pedi em casamento.

- Mas senhor isso era uma estupidez.

- Não era. Eu gostei dela e ela gostou de mim. Nós daríamos certo, mas ela me disse "não". Ao meu lado, ela teria uma vida comum, naqueles navios ela ganhava muito dinheiro. - ele falou isso com uma certa tristeza.

- O senhor realmente não ia se importar com o passado dela?

- Não. Eu gosto de mulheres experientes.

- O senhor não deveria dizer isso. Esse seu gosto lhe impede de conhecer uma mulher sincera para sua companhia.

- A mulher sincera não precisa ser intocada. Se ela quiser caminhar comigo já é suficiente. Para quê quero uma virgem chorona e problemática a minha frente? Graças a Deus nunca desonrei ninguém e sou bem satisfeito com isso.

- O senhor não sabe o quê diz.

- Jeremias... Não vamos discutir. Eu sou assim, nada e ninguém no mundo vai conseguir me mudar.

Aquele diálogo deixou Juliette desiludida. Terminou de colocar água nos reservatórios dos animais e voltou para casa, um pouco cabisbaixa.

Gerusa estava limpando a casa e ela aguardou sentada na cozinha.

- A senhora está tão calada.

- Gerusa e se eu procurasse um noivo?

- A senhora quer fazer isso?

- Eu sou jovem, viúva porém não tenho filhos. Há sempre um viúvo disposto a ter um novo matrimônio...

Gerusa sentou próximo de Juliette.

- A senhora não devia pensar tão friamente.

- Só mais um casamento conveniente.

- E o senhor Rodolffo?

- Ele vai me ajudar e se Deus quiser vou conseguir pagar por sua ajuda, pelo dinheiro emprestado e por tudo. Depois ele irá embora, seguir a vida dele.

- E isso te deixa triste.

- Gerusa ele não pode ser o meu marido. Hoje vou a cidade e vou procurar o padre. Quem sabe o sacerdote não possa me ajudar.

- É... Faça conforme a sua vontade senhora.

Juliette tomou um gole de café enquanto pensava no próximo passo antes de ir a cidade.

...

A desafortunada Onde histórias criam vida. Descubra agora