"O Interrogatório"

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Capítulo 22: O Interrogatório

O ar gelado da sala de interrogatório era pesado com uma tensão quase palpável. Hadassa e Quillan sentaram-se de frente para o Fantasma, agora algemado à mesa de aço. As luzes frias lançavam sombras duras sobre seu rosto, mas ele não parecia intimidado. Pelo contrário, o assassino mais procurado da Califórnia estava calmo, quase satisfeito. Ele havia sido capturado, mas um brilho perturbador de controle ainda permanecia em seus olhos.

- Você acha que terminou, Hadassa? - ele murmurou, com um sorriso fraco nos lábios. - Mas você ainda não viu nada.

Hadassa permaneceu em silêncio por alguns segundos, observando-o. As mãos dela estavam firmes sobre a mesa, mas sua mente corria, tentando decifrar o próximo movimento dele. Ao lado, Quillan estava pronto, o olhar duro e fixo no prisioneiro. Eles precisavam de respostas, e sabiam que o Fantasma não cederia facilmente.

- Se o jogo acabou, por que você ainda sorri? - Hadassa finalmente quebrou o silêncio, sua voz controlada.

O Fantasma inclinou-se para frente, as correntes de suas algemas tilintando suavemente.

- Porque o jogo que vocês pensaram que estavam jogando nunca foi o verdadeiro - ele disse calmamente, os olhos fixos nos de Hadassa. - Eu estava sempre à frente. E ainda estou.

Quillan se mexeu na cadeira, impaciente.

- O que você quer dizer com isso? Você foi pego. Não há mais onde se esconder - ele disse, apertando o punho sobre a mesa.

O Fantasma deu uma risada baixa, como se Quillan não tivesse entendido o ponto. Ele então olhou diretamente para Hadassa, ignorando Quillan completamente.

- O que você realmente sabe sobre mim, Hadassa? - ele perguntou com a voz suave, como se estivesse prestes a revelar um segredo guardado por muito tempo. - Vocês conseguiram me capturar, sim, mas estão longe de entender quem eu sou e o que eu sou capaz de fazer. Vocês acham que sabem por que eu cometi esses assassinatos, mas ainda estão presos na superfície.

Hadassa estreitou os olhos. Ela sabia que ele estava tentando manipular a situação, mas não podia negar que algo parecia estar faltando. Havia algo mais profundo, uma camada que eles ainda não haviam desvendado.

- E o que estamos perdendo, então? - Hadassa perguntou, desafiadora. - Fale.

O Fantasma recostou-se na cadeira, relaxando, como se soubesse que tinha tempo. Ele gostava de ter o controle da narrativa, mesmo preso.

- Cada uma das minhas vítimas foi cuidadosamente escolhida. Não eram alvos aleatórios. Havia um padrão, e se você fosse mais esperta, teria descoberto antes de me capturar - ele disse com desdém. - Não era apenas uma questão de morte. Era uma questão de legado. Um propósito maior.

- Propósito? - Quillan franziu a testa, intrigado. - Isso é loucura. Você matou pessoas inocentes!

O Fantasma olhou para ele com um sorriso vazio.

- Inocentes? Você acha que essas pessoas eram inocentes? - ele balançou a cabeça. - Todos eles tinham segredos. Pecados enterrados que eles achavam que ninguém descobriria. Eu apenas trouxe justiça a eles. E agora, mesmo com vocês aqui, meu legado continua.

Hadassa trocou um olhar rápido com Quillan. As palavras do Fantasma começavam a formar um novo quebra-cabeça, um que eles não tinham visto antes. Talvez as mortes fossem mais do que simples crimes brutais. Talvez houvesse algo maior em jogo.

- O que você está tentando dizer? - Hadassa apertou. - Que isso não acaba com sua prisão?

O Fantasma sorriu mais uma vez, um sorriso frio e perturbador.

- O que eu comecei não pode ser parado. Não por vocês. Existem outros que continuarão o trabalho, mesmo que eu esteja aqui. Vocês pegaram uma peça, mas o jogo... o jogo nunca acaba.

O silêncio preencheu a sala. Hadassa sentiu um calafrio correr por sua espinha. Pela primeira vez, sentiu que talvez a captura do Fantasma não fosse o fim, mas o começo de algo ainda mais sombrio.

Ela se levantou lentamente da cadeira, encarando o Fantasma com uma nova compreensão.

- Se há outros, nós os encontraremos - ela disse com firmeza. - Não importa quantos de vocês existam, nós vamos acabar com cada um.

O Fantasma inclinou a cabeça, como se estivesse intrigado pela determinação dela.

- Boa sorte, detetive - ele disse calmamente, com um tom enigmático. - A caçada está apenas começando.

Hadassa saiu da sala com Quillan ao seu lado, ambos em silêncio. Lá fora, o mundo continuava como se nada tivesse mudado, mas Hadassa sabia que, apesar da vitória, eles estavam apenas no início de um novo mistério. O Fantasma tinha dado uma última peça do quebra-cabeça, e agora, a verdadeira caçada começaria.

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