Capítulo 5

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Gabriel Barbosa

Não observe, não observe. Tarde demais, Anna Júlia está simplesmente com meio palmo de saia e bem na minha frente, e como se já não bastasse, um recorte enorme na lateral da coxa, que está me atormentando desde a hora que ela chegou.

Já passavam das três da manhã, quando ela apareceu com a Dhiovanna, depois de terem saído de perto da gente durante quase toda a festa, bom, ela não é do tipo que trai, mas é tão boa amiga que deve ter ficado esperando minha irmã se agarrar com alguém.

Agora estou imaginando o que não quero. É minha irmã, cara.

Tento não perguntar nada e me concentrar na loira que está ao meu lado, se jogando pra mim sem disfarçar.

-Só estávamos dançando -Anna Júlia falou antes mesmo do Fábio perguntar. Abriu uma garrafa com água que o Fábio entregou e levou até os lábios. Ele mima muito essa garota.

Se apoiou na mesa, quase sentando, minha irmã fez o mesmo, a loira falou alguma coisa no meu ouvido, algo relacionado a passarmos a noite juntos, minha casa e outras coisas.

-Não vai dar, linda -neguei. -minha família está lá em casa. -e nem se não estivessem, casa é sagrado. -mas podemos ir ao banheiro, se você quiser. -dei a opção, ela confirmou tão rápido que chegou a ser engraçado.

Vi quando Anna Júlia me fitou com os olhos arregalados, provavelmente por ter escutado o que falei, fiz leitura labial quando ela disse calmamente um "você não presta" e sorriu, dei de ombros e sorri de volta, só estou solteiro.

.....

Sai do banheiro passando a mão na roupa, no intuito de tirar algum amassado, passei um número qualquer para a mulher ao meu lado e avisei que poderia me ligar quando quisesse, horrível, eu sei, mas ou era isso ou ela continuaria na minha cola.

-Não acho que você deva cair na pilha dele -escutei minha irmã falar quando voltei para onde todos estavam, vidrados no celular da Annaju.

-O que aconteceu? -cutuquei o planet. e ele não deu corda. cutuquei de novo, sem resposta mais uma vez.

Fofoqueiro morre após ser ignorado. Que ódio.

-Por favor, me conta logo. -dei um belisco no braço dele.

-Os joguinhos psicológicos de sempre, "se você não voltar, está tudo acabado" -esfregou a mão bem no local, era pra doer mesmo.

Isso do namorado babaquinha já tá ficando repetitivo até pra mim, imagina pra ela.

sofrer é pré requisito pra mulher bonita?

"Ele sente ciúmes da gente" lembrei do que ela me falou.
agora vou fazer ter realmente motivos pra isso.

Ele pode fazer tudo e ela não pode passar um tempo com os amigos?

A ideia de um término parece mais assustadora do que isso que ele faz com ela? não entra na minha cabeça.

-Na real, não caio na pilha -admitiu. -eu só evito brigar e acabo concordando com tudo. Eu não to mal, há um tempo atrás eu ficaria, mas agora não.

-vai terminar com ele agora? -Fábio perguntou. -se quiser, eu posso escrever a mensagem por você. -se ofereceu, era pra ter saído em tom de brincadeira, mas ele falava muito sério.

-Término por mensagem Fábio? Que tipo de pessoa você é?

-Do tipo que sabe que quando você voltar a estar perto dele novamente, todas essas coisas serão perdoadas. -a gatinha mordeu a parte interna da bochecha.

Anna Júlia sabe que ele está certo. Um silêncio constrangedor, minha irmã perguntou algo pra ela, observei ela negando e minha irmã saindo no mesmo momento, Fábio também vazou, não entendi nada.

Esperei alguns minutos, antes de me aproximar.

-você quer ir pra casa? -perguntei chegando perto do ouvido dela, por conta da música alta.

Eu não era o melhor em conselhos e nem em lidar com situações como essa. Pra mim tudo se resolvia com uma festa, muita bebida e transar a noite toda.

Bom, estávamos em uma festa, mas Anna Júlia não bebia e a terceira opção era inviável, infelizmente ela está na fase da monogamia.

-Não estou triste, se é o que acha -ela forçou um sorriso. -essa é a minha cara de quem não sabe o que fazer. -apontou para si.

-Não sabe? -ela negou. Certo.

-Não sei como chegar ao ponto, entende? -concordei.

-Mas iai, vai querer ir pra casa ou não? -perguntei novamente, nem consegui disfarçar quando assisti ela descruzar as pernas, pareceu estar em câmera lenta.

-Você não precisa ir comigo -pendeu a cabeça para o lado e eu não pude evitar de repetir o gesto.

-Já fiz tudo o que eu queria -a cara de nojo que ela fez foi impagável. Desceu da mesa e a saia subiu, mais um pouquinho e eu via tudo. Minha nossa, Anna Júlia. -e outra, minha mãe me mataria se soubesse que deixei você voltar sozinha.

A noite estava fria, e a lua tão bonita quanto em todos os outros rodeios, caminhamos lado a lado, em silêncio, enquanto eu me aproximava devagar, até chegar perto o suficiente para passar o braço pelo pescoço dela, não haviam segundas intenções no gesto, por mais que a situação de minutos atrás tenha sido carregada de tudo o que eu não deveria sentir por ela.

Desejo, tentação ou quaisquer outro sinônimo voltado para isso. Agora eu só queria não deixar a garota se sentir sozinha.




Não esqueçam de deixar a estrelinha e
digam o que estão achando, é importante.
Desculpem a demora pra atualizar,
logo trarei o próximo capítulo. Beijos ❤️

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