Capítulo 2

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Anna Júlia Mars

Sentei rápido o e ajeitei minha postura no sofá quando a enorme porta foi aberta revelando a imagem do jogador, ainda no uniforme de treino, eu estava deitada e balançando as pernas no ar, se minha mãe estivesse aqui, com certeza diria para eu ter modos.

Entretido no celular enquanto se aproximava do painel que tinha sala, despejando chaves e outras coisas que ele tinha na mão.

Não sei se falo ou espero ele falar. que impasse. Cruzei os braços no exato momento em que ele me olhou, por baixo dos cílios, sem nem levantar a cabeça direito, percebi quando a boca dele curvou, um meio sorriso.

-Olhos lindos -esqueci de mencionar isso, Gabriel quase nunca me chama pelo nome. -não sabia que chegaria hoje -se aproximou mais e mais, até encostar no sofá.

-ninguém te falou? -passei a mão no cabelo e afastei um pouco para que ele sentasse. -meu voo era pra ser amanhã, mas adiantaram. -ele negou, vou matar a Dhiovana. quando perguntei se o irmão dela estava ciente, ela disse que sim.

-Eles devem ter esquecido -deu de ombros. -de todo caso, muito bom te ver -beijou minha bochecha. -como tá a tia Gislane e o Tio Arthur?

-Eles estão bem, meu pai só continua com o mesmo problema de sempre -estreitou os olhos. -falar de você vinte e quatro horas por dia, merece um prêmio de maior fã.

-Saudades deles -sorriu. -vocês já almoçaram?

-hm, hm -neguei. -eu to morrendo de fome, mas não queria ir comer sozinha.

-E cadê o pessoal dessa casa?

-Dhiovana foi pra academia, planet saiu pra algum lugar que não podia falar o nome, com certeza pra casa de alguma mulher -era óbvio. -Rose terminou tudo e também saiu, resumindo, eu fiquei sozinha aqui, foi deprimente.

-Nossa -deu palminhas no meu ombro. -sinto muito por isso, deve ter sido triste. -olha que debochado. -vem, vamos comer. -ficou de pé novamente, colocou as havaianas embaixo da mesa de centro.

O acompanhei, levantando também, percebi o instante exato em que ele fixou a atenção em mim, descendo pela minha barriga até parar em um região peculiar, talvez o brilho do piercing no umbigo estivesse chamando a atenção

Desviou para virar e caminhar até a cozinha, segui ele sempre atrás, mesa posta e comida cheirosa, meu estômago fez um barulho, acho que ele escutou.

-Não fala nada -pedi. -eu to em fase de crescimento, tenho que me alimentar de três em três horas.

-fase de crescimento? -gargalhou. -isso é verme, desde pequena comeu muito e é sempre magrinha.

-Péssimo, Gabriel -abri a boca me fazendo de ofendida.

Sentamos a mesa, os pratos já estavam espalhados.

-E o seu namoro? -não precisava de muito pra saber que ele também não gostava do Lucas, na real, acho que só eu gosto dele.

-fase ruim -passei a mão no cabelo. -brigamos e foi pior do que as outras vezes. Lucas quer tudo do jeito dele, estamos em um relacionamento, as coisas devem ser decididas em consenso e eu juro Gabriel, quase sempre faço todas as vontades dele.

-Seu namorado é um idiota e você é boa demais pra ele -falou sem rodeios.

"Você é boa demais pra ele". De alguma forma, me atingiu.

-Quanto amor, Barbosa -soltei uma risada, sem graça.

-Não me leve a mal, olhos lindos -o observei limpar os lábios. -estamos falando de um babaca assumido.

E talvez ele realmente fosse, eu só não queria assumir pra mim mesma. Chamá-lo de babaca é até eufemismo.

-Cheguei -a voz de Dhiovana foi ouvida de lá da sala.

Agradeci mentalmente, falar de modo profundo sobre o meu relacionamento não estava dentre as coisas que eu mais gostava de fazer.

Não com tudo o que vem acontecendo.

Gabriel olhou pra mim sugestivo quando avisou para a irmã que estávamos na cozinha, ótimo, agora só falta o Fábio para completarmos o quarteto fantástico.

Ela deu meia volta para se sentar ao meu lado, minha cadeira estava de frente a do Gabriel.

Uma pausa, não tão duradoura, mas necessária, preciso destacar o quão Gabriel Barbosa está um charme com esse cabelo cacheado e loiro, pressionei o lábio nervosa, por que ele me fitou de um jeito que parecia saber tudo o que eu estava pensando.

qual é, não sou cega e além do mais, sempre haverá uma parte de você que vai valorizar o amor da infância. No meu caso, foi ele, o irmão da minha melhor amiga. Super clichê, né? acontece.

-Anna -Dhiô estalou os dedos na minha frente, que mico. -você tá calada a minutos enquanto eu falo sem parar, ao menos escutou alguma coisa?

-Desculpa -passei a mão pelo rosto. -pode repetir? -desta vez olhei para ela.

-Eu estava dizendo que sexta temos jogo e esse final de semana já tem rodeio, né Gabi?-estava inquieto com o pé, sei disso por que de vez em outra tocava o meu por baixo da mesa, não propositalmente.

O rodeio faz parte da nossa tradição familiar. O meu avô e o deles sempre estiveram à frente de fazendas, e por isso, esteve envolvido com essa cultura a vida toda. Meus pais e os dele se conheceram quando eram jovens, e isso acabou fazendo com que adotassem os mesmos costumes. Como resultado, nunca deixamos de participar, todos os anos, desde a nossa infância.

-Nem me fale -pendeu a cabeça para trás e suspirou pesado, sem desviar os olhos de mim.

Para com isso, Gabriel. Por favor.

Quando falei sobre olhares, eram desses, demorados e incompreensíveis. Por isso é diferente.

Espero de coração que a Dhiovana não tenha percebido isso.

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