7 Distância Necessária.

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Simone tentou se concentrar no livro, mas cada linha parecia distante, como se as palavras não fizessem sentido. A mente dela estava presa em Soraya, e a incerteza do que aquelas emoções significavam. Fechou o livro com um suspiro pesado e jogou-o de lado, encostando-se no sofá.

— Não consigo fugir disso — murmurou, encarando o teto. O celular vibrava ao lado dela, mas ela não tinha coragem de verificar.

Ao mesmo tempo, Soraya estava em casa, sozinha em seu quarto após a conversa com César. Ele já havia ido dormir, mas ela permanecia acordada, encarando o celular em suas mãos. Queria enviar uma mensagem para Simone, algo simples, uma desculpa qualquer para retomar a conversa. Mas sabia que isso era apenas uma desculpa para se aproximar de Simone mais uma vez.

Ela digitou e apagou várias mensagens, sentindo uma mistura de ansiedade e medo.

— Isso não é normal — disse a si mesma. — É só uma amizade.

Mas, no fundo, Soraya sabia que havia algo mais. Aquele encontro, a troca de olhares, o nervosismo crescente... tudo indicava que os sentimentos que estavam surgindo não eram simples.

Finalmente, respirou fundo e, com coragem, enviou uma mensagem curta:

"Você ainda está acordada?"

Enquanto isso, no apartamento de Simone, o celular vibrou de novo. Ela olhou para a tela e viu a mensagem de Soraya. Seu coração acelerou, e por um breve momento, ela hesitou em abrir. Sentia medo de se expor, de deixar transparecer os sentimentos confusos que começavam a tomar conta de seu coração.

Com um suspiro, ela finalmente desbloqueou o celular e respondeu:

"Sim, estou. Você também não conseguiu dormir?"

A tensão pairava no ar, invisível, mas densa entre elas. Ambas sabiam que algo estava mudando, mas nenhuma estava pronta para enfrentar a realidade de que seus sentimentos, até então adormecidos, poderiam ser mais profundos do que imaginavam.

No dia seguinte, Soraya estava no meio de uma reunião importante com seu time no Senado. A pauta era densa: estratégias para uma nova proposta legislativa, planejamento para os próximos meses e a articulação com outros senadores. Ela deveria estar concentrada, mas sua mente insistia em vagar.

Enquanto seus assessores apresentavam gráficos e discutiam detalhes técnicos, tudo o que Soraya conseguia pensar era em Simone. Os olhares intensos que trocaram, a conversa no escritório, e o jeito como seu coração parecia acelerar toda vez que pensava nela. Soraya tentava afastar esses pensamentos, mas eles voltavam com força, interrompendo sua linha de raciocínio.

— Senadora, o que acha da nossa estratégia para a votação? — perguntou um dos assessores, arrancando Soraya de seu devaneio.

Ela piscou algumas vezes, tentando se recompor. Olhou para os papéis à sua frente, mas nada parecia fazer sentido.

— Eu... preciso de um minuto — disse, levantando-se de repente. — Continuem sem mim, já volto.

Com passos rápidos, Soraya saiu da sala e foi direto ao banheiro. Lá dentro, fechou a porta e se apoiou na pia, encarando seu reflexo no espelho. Seus olhos estavam cheios de frustração.

— Eu não aguento mais! — sussurrou para si mesma, sua voz carregada de raiva e confusão. — Não suporto essa situação... Não suporto a Simone por se meter tanto nos meus pensamentos!

Ela fechou os olhos com força, tentando conter as emoções que estavam à flor da pele. A raiva que sentia não era só por Simone, mas por si mesma, por não conseguir controlar os próprios sentimentos. Por que Simone estava invadindo tanto sua mente? Por que não conseguia focar no que realmente importava?

Entre rivais e desejos Onde histórias criam vida. Descubra agora