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Traumas Passados➴➵➶➴➵➶➴➵➶

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Traumas Passados
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O céu se tingia de rosa e laranja enquanto Aurora e eu encontramos um canto solene em uma das ruínas antigas. O silêncio ao nosso redor era profundo, mas a tensão entre nós pulsava como um fio prestes a romper. Era como se estivéssemos à beira de uma revelação que poderia mudar tudo.

— O que está acontecendo, Aurora? — perguntei, observando seu rosto, onde a dor e a frustração se entrelaçavam. — Você não parece feliz em estar aqui.

Ela desviou o olhar, perdendo-se em pensamentos. Quando finalmente falou, sua voz tremia. — Este lugar me lembra de tudo o que perdi. É como se cada pedra aqui carregasse uma parte da minha história.

— E que história é essa? — a encorajei, desejando que ela pudesse se abrir completamente.

Aurora respirou fundo, como se estivesse levantando um peso do peito. — Afrodite... ela não é apenas uma deusa do amor para mim. Ela é uma figura mortal que sempre esteve presente, se intrometendo na minha vida. Sempre que algo bonito começava a surgir, ela aparecia, como um espectro, trazendo o caos em seu rastro.

— Como assim? — perguntei, a curiosidade misturando-se à preocupação.

O olhar dela escureceu, e a raiva borbulhou. — Eu estava apaixonada por um garoto. Era real, Percy. Ele me fazia rir e sentia que éramos feitos um para o outro. Mas, de repente, ela apareceu. Não como a deusa, mas como uma amiga... ou assim eu pensei. Ela começou a insinuar que eu não era boa o suficiente, que ele merecia algo melhor. E, quando eu menos percebi, ele começou a se afastar.

O peso da sua história atingiu-me como um golpe. — Isso é cruel. Como você se sentiu quando isso aconteceu?

Ela apertou as mãos, os dedos brancos de tensão. — Eu me senti como se estivesse perdendo uma parte de mim mesma. Era como se cada palavra dela fosse uma facada, corroendo tudo o que eu acreditava ser verdadeiro. Eu não sabia o que fazer. Olhava para ele se afastar, e a frustração se transformou em desespero. Afrodite destruiu não só meu relacionamento, mas também a minha fé no amor.

— Isso não é justo. — A indignação crescia dentro de mim. — Como alguém poderia brincar com os sentimentos dos outros assim?

Aurora virou o olhar para o horizonte, a tristeza refletida em seu rosto. — O que me machuca é que eu não consegui proteger o que era precioso para mim. O amor se transformou em desconfiança, e toda vez que alguém se aproximava de mim, eu sentia que a sombra dela estava lá, pronta para estragar tudo de novo.

A dor na voz dela era palpável. Eu podia sentir a luta interna que ela estava enfrentando, e, por um momento, percebi que essa batalha era muito mais do que apenas um passado marcado por Afrodite. Era uma luta pela própria identidade dela, pela capacidade de amar sem medo.

— Aurora, você não pode permitir que esse passado defina quem você é agora. — Eu disse, tentando segurar seu olhar. — O amor é complexo, e o que aconteceu não é um reflexo do que você merece.

Ela me olhou, os olhos marejados, como se estivesse à beira de um colapso emocional. — Mas e se eu não conseguir amar de novo? E se Afrodite voltar a se intrometer?

— O que você sentiu foi real, e você tem o direito de sentir. Mas também tem o direito de escolher como quer viver. Não podemos controlar o que os outros fazem, mas podemos controlar como reagimos. — Eu me inclinei mais perto dela, meu coração batendo mais rápido. — Você é forte, Aurora. E você não está sozinha nessa.

Ela hesitou, a vulnerabilidade em seu olhar começando a se transformar em determinação. — Você realmente acha que posso superar isso?

— Absolutamente. O passado pode ser doloroso, mas ele não precisa ser seu futuro. Se Afrodite tentar aparecer, nós enfrentaremos isso juntos. Você é mais do que suas experiências; você é quem escolhe se levantar, mesmo quando a vida tenta te derrubar.

O ambiente ao nosso redor, antes opressivo, começou a se sentir mais leve. Aurora respirou fundo, e uma nova luz parecia brilhar em seu olhar, um reflexo de esperança. À medida que partíamos, percebi que ela estava se libertando das correntes que a mantinham presa ao passado. E, assim como as ruínas que nos cercavam, ela também era um símbolo de resiliência — uma beleza imperfeita, pronta para se reinventar e encontrar o amor verdadeiro.

Enquanto caminhávamos em silêncio, a conversa ainda ecoava em minha mente. Eu podia sentir que algo tinha mudado em Aurora, mas também sabia que essas cicatrizes profundas não desaparecem de uma hora para outra. A noite já caía, e o silêncio entre nós era carregado, mas de uma forma diferente. Era como se a dor que ela havia compartilhado criasse uma nova conexão entre nós.

Eu a olhei de relance. Aurora estava concentrada na trilha à nossa frente, mas seus olhos carregavam um peso. A lembrança de Afrodite se intrometendo na sua vida ainda a consumia, e eu me perguntava o que mais ela escondia de mim. Não era só sobre esse relacionamento que a deusa havia destruído. Parecia que cada parte de sua vida estava marcada pela interferência dessa figura invisível.

— Você sempre soube que era Afrodite? — perguntei, quebrando o silêncio.

Aurora franziu a testa, sua mão inconscientemente pousando no cabo da espada que ela carregava. — Não, não no começo. Ela sempre aparecia como uma mulher comum. Alguém que parecia se importar, alguém que estava ali para ajudar. — Ela balançou a cabeça. — Mas no fim, era sempre o mesmo resultado. Relacionamentos desmoronavam, amizades quebravam. Não importa o que eu tentasse, a presença dela sempre arruinava tudo.

Eu refleti sobre isso por um momento. — Você acha que ela fez isso de propósito?

Aurora parou abruptamente e virou-se para mim, seus olhos ardendo com uma raiva contida. — Como não faria? Afrodite, a deusa do amor, causando todo esse caos? Ela é conhecida por brincar com os sentimentos das pessoas. E por quê? Por diversão? Para ver o que acontece quando você quebra o coração de alguém?

Eu não sabia o que responder. A deusa do amor era famosa por sua imprevisibilidade, mas isso parecia cruel, mesmo para ela. Talvez houvesse algo mais por trás da interferência de Afrodite na vida de Aurora. Algo que nem mesmo Aurora compreendia completamente.

— Mas por quê? — insisti, tentando ligar os pontos. — O que ela ganha com isso?

Aurora deu de ombros, o cansaço visível em seus ombros. — Quem sabe? Talvez seja inveja, talvez seja uma lição que ela acha que precisa ensinar. Ou talvez ela só ache que eu não mereço ter nada de bom.

O peso dessas palavras pairou no ar entre nós. Eu sabia que Aurora estava sendo dura consigo mesma, mas também sabia que essa dor era real. Não era só sobre Afrodite; era sobre o que ela acreditava merecer.

— Isso não é verdade. — Falei com firmeza, parando diante dela e segurando seu braço. — Você merece muito mais do que isso. O que aconteceu antes não é sua culpa, e Afrodite não tem o direito de fazer você se sentir assim.

Aurora hesitou, olhando para minha mão em seu braço antes de encontrar meus olhos. Por um momento, parecia que ela estava prestes a responder, mas então simplesmente suspirou e soltou-se suavemente do meu toque.

— Talvez um dia eu acredite nisso. — Ela disse baixinho, seus olhos se desviando para a escuridão ao nosso redor. — Mas não agora.

Eu queria dizer algo que pudesse quebrar essa parede que ela ergueu em torno de si, mas sabia que algumas feridas precisavam de tempo para cicatrizar. E enquanto a missão à nossa frente nos aguardava, o que quer que estivesse entre nós teria que esperar.

— Vamos, temos que seguir em frente. — Ela murmurou, puxando a espada um pouco mais firmemente contra o corpo, como se ela fosse sua única segurança contra as forças do destino.

Eu assenti e começamos a caminhar novamente, o som de nossos passos ecoando pelo caminho solitário. A noite estava apenas começando, e o que quer que nos esperasse nas profundezas do submundo, sabíamos que seria um teste não apenas de nossas habilidades, mas de tudo o que acreditávamos ser.

𝗙𝗼𝗿𝗲𝘃𝗲𝗿 𝖸𝗈𝗎𝗇𝗀 | 𝖯𝖾𝗋𝖼𝗒 𝖩𝖺𝖼𝗄𝗌𝗈𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora