lar doce lar
➴➵➶➴➵➶➴➵➶O túnel parecia interminável. A descida era íngreme, e cada passo fazia o ar ao nosso redor se tornar mais pesado, mais denso. A escuridão não era apenas a ausência de luz; era quase tangível, como se fosse uma entidade viva que nos observava. Percy liderava o caminho, segurando Contracorrente com firmeza, enquanto eu vinha logo atrás, minha espada na mão, tentando ignorar o arrepio constante que percorria minha espinha.
O som de nossos passos ecoava pelas paredes úmidas, e cada respiração parecia um esforço monumental. O Rio Estige aparecia à nossa frente, um fluxo de água negra que irradiava uma energia opressiva. Estar ali, tão perto da lenda, era assustador de um jeito que nenhum treinamento poderia preparar.
— Isso é muito pior do que eu imaginei — murmurei, minha voz soando abafada no túnel.
— Concordo — Percy respondeu, parando por um momento para observar o rio. — Mas já chegamos até aqui. Não podemos voltar.
Assenti, engolindo em seco. O problema não era apenas o lugar em si; era a sensação de que algo nos observava, algo que sabia que não pertencíamos àquele mundo.
Foi então que ele apareceu.
Caronte, o barqueiro do Submundo, surgiu na margem oposta do Estige, remando lentamente em um barco antigo. Sua figura era encapuzada, o rosto oculto pela sombra, mas sua presença era imponente. O barco deslizava sobre as águas negras como se fosse uma extensão da escuridão ao nosso redor.
— Vocês têm negócios aqui? — sua voz era profunda, reverberando no túnel.
Percy trocou um olhar comigo antes de dar um passo à frente.
— Temos, sim. Precisamos atravessar.
Caronte soltou um som que parecia uma mistura de risada e desdém.
— Muitos querem atravessar, criança. Mas poucos têm algo a oferecer.
Percy abriu a mão e revelou uma moeda dourada brilhando fracamente na escuridão. Ele havia pegado o óbolo de Quíron antes de partirmos, e agora estendia a mão para Caronte.
— Isso serve?
O barqueiro inclinou a cabeça, observando a moeda. Depois de um momento de silêncio, ele fez um gesto para que entrássemos no barco.
— Sirva-se. Mas saibam que o que os espera do outro lado pode não ser tão simples quanto imaginam.
Subi no barco logo atrás de Percy, tentando não pensar muito nas águas do Estige ao nosso redor. A superfície era estranhamente calma, mas eu podia sentir o poder que emanava dali. Havia algo inquietante, como se o rio estivesse cheio de vozes — sussurros que ameaçavam quebrar o silêncio a qualquer momento.
Caronte começou a remar, e o som do remo cortando a água foi o único ruído por um tempo. Percy e eu ficamos em silêncio, nossos olhos fixos no horizonte nebuloso à frente.
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𝗙𝗼𝗿𝗲𝘃𝗲𝗿 𝖸𝗈𝗎𝗇𝗀 | 𝖯𝖾𝗋𝖼𝗒 𝖩𝖺𝖼𝗄𝗌𝗈𝗇
RomanceAurora Monroe sempre soube que era diferente, mas não esperava descobrir que era uma semideusa, filha da deusa Hebe, deusa da juventude. ...