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O Peso das Expectativas ➴➵➶➴➵➶➴➵➶
O anoitecer pintava o céu com tons de rosa e roxo enquanto eu e Percy caminhávamos por uma estrada antiga, sem saber exatamente o que nos esperava. O silêncio que havia se estabelecido entre nós parecia mais pesado com a noite. Por mais que eu quisesse manter a distância, a missão nos forçava a trabalhar juntos. E, no fundo, eu sabia que o que viria seria pior do que qualquer coisa que já havíamos enfrentado até então.
Chegamos a uma clareira. As árvores ao redor eram altas e cobriam o lugar, quase como um convite para descansar. Mesmo assim, eu sabia que nada era tão simples.
Percy se abaixou para beber um pouco de água do cantil, e eu me deixei cair ao lado dele, sentindo o peso da missão nas minhas costas. O corpo estava cansado, mas era a mente que parecia mais esgotada. Eu estava lutando não apenas contra as ameaças físicas, mas contra os demônios internos que a missão tinha despertado. E Percy... bom, Percy sempre estava lá, mexendo comigo de uma forma que me irritava.
— O que você acha que vem a seguir? — Percy quebrou o silêncio, olhando para o horizonte. Ele parecia estar tão cansado quanto eu, mas havia algo no olhar dele. Um otimismo irritante que eu nunca conseguiria entender.
— Não faço ideia, mas tenho certeza de que não será fácil — respondi, me esticando e sentindo cada músculo protestar.
Percy deu um sorriso torto, como se achasse graça da minha resposta. — Você sempre tem essa perspectiva sombria da vida, né?
— E você sempre acha que tudo vai se resolver com sorte e otimismo, Percy — retruquei, sem olhar para ele. — Talvez por isso a gente não se suporte.
Ele riu, o som baixo e inesperado. — Talvez. Mas, até agora, a sorte tem nos levado longe.
Eu o olhei de canto de olho. Mesmo exausto, Percy ainda mantinha aquele brilho no olhar. Algo que o fazia parecer mais forte do que eu me lembrava, como se ele soubesse exatamente quem era e o que tinha que fazer. E, por mais que eu quisesse negar, eu invejava aquilo. Ele tinha uma confiança que eu nunca consegui encontrar em mim mesma.
— Não é só a sorte que te trouxe aqui — murmurei, quase sem perceber. — Você é bom no que faz. Por mais que me irrite admitir isso.
Percy arqueou uma sobrancelha, surpreso com meu elogio inesperado. — Isso foi... um elogio?
Revirei os olhos. — Não se acostume.
Ele riu de novo, mas dessa vez não disse nada. Ficamos ali, em silêncio, aproveitando a rara paz que a clareira nos oferecia. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia o peso de algo não dito entre nós. E, como sempre, não consegui segurar minha língua.
— O que você espera encontrar no final dessa missão, Percy? — perguntei, quebrando o silêncio mais uma vez.
Ele olhou para mim, surpreso com a pergunta. — O que eu espero?
