Mon & Sam - Reencontro Inesperado

Capítulo 29 - Feijão

Perspectiva de Mon

Fred me deixou na casa dos meus pais, e assim que entrei, senti o peso da solidão que vinha carregando. Luca estava na creche, a mesma que Sam escolheu para Sasi, e eu tinha algumas horas até que eles saíssem. Horas que eu queria desesperadamente usar para me recompor, talvez encontrando algum consolo no colo da minha mãe.

Mal cheguei ao meu antigo quarto, me joguei na cama como se o mundo estivesse desmoronando. Minha mãe deitou-se ao meu lado e começou a me acariciar, passando a mão pelos meus braços, numa tentativa de me acalmar.

— Não chora, filha — disse ela com a voz suave, o carinho impregnado em cada palavra. — Me explica o que está acontecendo.

— São as hormonas, mãe — tentei justificar.

Minha mãe suspirou, conhecendo-me bem demais para acreditar naquela desculpa.

— Filha, as hormonas só intensificam o que você já sente. Elas não inventam a dor.

Não consegui mais segurar. As palavras saíram entre soluços, cada uma carregada de medo e decepção.

— É Khun Sam... — minha voz quebrou. — Acho que ela não me ama mais...

Minha mãe ficou em silêncio por um momento, digerindo o que eu acabara de dizer.

— Por que você acha isso, filha?

Eu queria parar de chorar, mas as lágrimas continuavam escorrendo.

— Ela não se aproxima de mim... não me abraça... não me beija... — respirei fundo, tentando organizar os pensamentos em meio ao turbilhão de emoções. — Ela não me ama, mamãe...

— Oh, minha filha, não diz isso... vem cá — minha mãe me puxou com delicadeza, aninhando minha cabeça em seu peito enquanto continuava a me acariciar.

O desespero dentro de mim aumentava, uma sensação sufocante de abandono que me fazia perder o controle.

— Ela vai me deixar, mamãe... eu sinto isso...

— Não vai, filha... — disse minha mãe, tentando manter uma calma que eu não conseguia encontrar. — Não vai te deixar...

Minhas mãos apertaram o lençol, minha voz se tornou um sussurro.

— E eu vou perder a Khun Sam... — hesitei antes de continuar, cada palavra rasgando-me por dentro. — E vou perder a Sasi...

Perspectiva de Sam

Passei pela creche para pegar Luca e Sasi. Luca parecia estar gostando da nova rotina, o que me aliviava um pouco. Convencer Mon a colocá-lo lá tinha sido uma batalha. Ela criou um apego tão forte a ele, um medo constante de que algo ruim acontecesse se ele estivesse fora de sua vista. Eu achava que essa distância poderia ser boa, daria a ela um respiro, mas sabia que ela sentia o contrário.

Assim que chegamos em casa, Luca e Sasi saíram correndo pela casa, cheios de energia.

— Mamãããããe! — Luca gritava enquanto corria pelos cômodos, como se procurasse desesperadamente por Mon.

— Mooooooon! — Sasi ecoava, seguindo Luca.

Antes que eu pudesse acompanhá-los, a empregada apareceu, limpando as mãos no avental, com um olhar cauteloso.

— Khun Sam, senhora Mon não está em casa — informou, e aquilo me atingiu como uma onda de estranheza.

Peguei meu celular, esperando alguma mensagem dela, mas não havia nada. Liguei imediatamente, mas foi direto para o correio de voz. Aquilo me incomodou mais do que eu esperava. Fred deveria estar chegando para buscar Luca, e Mon sempre fazia questão de estar presente, de supervisionar cada detalhe sobre a rotina dele — o que ele podia comer, o que vestir, e a hora exata da soneca. Ela nunca deixava essas coisas passarem, nem comigo.