Capítulo 36 - Sem Pai

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Perspectiva de Sam

Era manhã e, ao descer as escadas, percebi que a casa já estava acordada, preenchida pelos sons dos risos das crianças. O sol mal tinha nascido e, aparentemente, todos estavam à frente de mim.

— O que fazem todos acordados tão cedo? — perguntei, com um sorriso preguiçoso nos lábios.

— Bom dia, mamãe! — Sasi respondeu com sua voz animada. — Estamos vendo desenhos animados!

— Que bom, filha. E a mamãe?

— Está na cozinha, tentando fazer o mano comer — disse Luca, sem tirar os olhos da televisão.

Avancei para a cozinha, e a cena que encontrei foi nada menos que hilária. Thaw estava sentado, emburrado, com os braços cruzados, enquanto Mon lutava para fazer com que ele comesse seus cereais. Sua paciência claramente estava no limite.

— Thaw, por amor de Deus, se você cuspir mais uma vez esses cereais em mim, eu vou fazer você engolir tudo à força! — ela reclamava, exasperada.

— Não que'o! — Ele resmungava, decidido a não cooperar.

Eu me aproximei e tentei soar séria, embora o sorriso estivesse querendo escapar.

— Filho, preciso me zangar? — disse com um tom de autoridade, mas segurando a vontade de rir ao ver Mon com pedaços de cereal grudados no rosto e cabelo.

— Ok, eu como. — Ele finalmente cedeu, pegando a colher e levando os cereais à boca com relutância.

Mon soltou um suspiro de alívio, passando a toalha pelo rosto.

— Por que ele só obedece a você? — perguntou, claramente frustrada, enquanto tentava limpar o leite derramado de sua camisa.

— Ele me deve essa — respondi, rindo e pegando um pedaço de pão da mesa. — Te monopolizou por tempo demais. Agora, você é minha de novo.

Com isso, caminhei em direção a Mon, que ainda estava de pé perto da bancada da cozinha, tirando os últimos flocos de cereal do cabelo. Antes que ela percebesse, a empurrei suavemente contra a bancada, prendendo-a entre mim e a superfície fria.

— Me deixem come' meus cereais primeiro! — Thaw reclamou, ainda com a colher na mão, olhando para nós com cara de desdém. — Vocês tão semp'e namo'ando... que nojo.

Mon soltou uma risada abafada.

— Como ele tem esse seu gênio teimoso? — ela sussurrou, tentando manter o tom sério, mas eu estava completamente distraída. A verdade é que eu só conseguia focar nela, nos lábios que mexiam enquanto falava, em como parecia absurdamente linda, mesmo com cereal no cabelo e leite na camisa. Minhas mãos deslizaram pelas suas coxas, puxando-a para sentar na bancada.

— Pra mim já deu! — Thaw anunciou, saltando da cadeira e caminhando decidido em direção à sala.

— Filho, coma seus ce... — Mon tentou falar, mas antes que ela terminasse, coloquei minha boca sobre a dela, silenciando-a em um beijo que roubou qualquer pensamento de ambos.

Já haviam se passado três anos desde o nascimento do meu Feijão, e, desde então, muita coisa mudou. A última vez que vimos Fred foi naquela briga na casa dos pais de Mon. Depois disso, ele simplesmente sumiu do mapa. Mon, ainda tentando manter algum contato por causa dos meninos, trocava algumas mensagens esporádicas com ele. Mandava fotos de Luca e Thaw, mas ele nunca mais voltou à Tailândia e nunca fez questão de que Mon levasse os filhos para visitá-lo na Inglaterra. A verdade é que nem Luca, nem Thaw se lembram dele. Eles sabem que têm um pai, Mon nunca escondeu isso deles, mas, no fundo, ele é apenas uma figura distante. Essa situação machuca Mon profundamente, e evitamos tocar no assunto. Quando ele vem à tona, ela acaba chorando, desolada por sentir que Fred abandonou os próprios filhos.

Mon & Sam - Reencontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora