Capítulo 39 - Meu Nome

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Perspectiva de Sam

Aquelas palavras me atingiram como uma faca. O silêncio após o nome de Fred era tão pesado quanto o ar sufocante ao meu redor. Mon estava deitada na cama, seu corpo tenso e os olhos marejados, mas seu rosto permanecia inexpressivo. Ela finalmente quebrou o silêncio.

— Khun Sam... — sua voz era frágil, quase um sussurro.

Eu havia conseguido acalmá-la o suficiente para que ela tomasse um calmante, e agora estava sentada ao seu lado, segurando sua mão, tentando oferecer qualquer conforto possível.

— Estou aqui, Monmon — respondi suavemente, tentando esconder o turbilhão de emoções dentro de mim.

Ela ainda não me tinha contado nada. Apenas repetiu o nome de Fred algumas vezes, mas agora seus olhos chorosos buscavam os meus. O que quer que fosse, eu sabia que iria mudar tudo.

— Preciso que me compre uma coisa — ela disse, a voz neutra, embora as lágrimas insistissem em se acumular em seus olhos.

Minha garganta secou.

— Me diz, meu amor — respondi, tentando manter a calma na voz.

Mon desviou o olhar por um momento, como se reunir coragem para falar. Quando ela finalmente me olhou de novo, suas palavras foram como um soco no estômago.

— Preciso que me compre uma pílula do dia seguinte.

Tudo se encaixou. A sensação de que algo estava errado, as horas de silêncio, o nome de Fred. Meu coração disparou, batendo tão forte que quase podia ouvir. A raiva e a dor cresceram dentro de mim, mas eu sabia que não podia perder o controle agora. Eu precisava ser forte por ela.

Me inclinei e beijei sua testa suavemente, escondendo meu próprio desespero.

— Eu vou comprar, Mon. Não se preocupe.

Levantei-me rapidamente, embora o último lugar em que eu quisesse estar fosse longe dela. Mas eu precisava sair, precisava agir. Antes que pudesse deixar a casa, senti uma mão firme segurando meu braço.

— O que aconteceu com minha filha, Khun Sam? — A voz de senhor Aon estava cheia de pânico. Seu rosto, normalmente tão sereno, agora estava pálido e tomado pela preocupação.

As lágrimas correram pelo rosto dele, e ver aquele homem tão desesperado me partiu o coração ainda mais.

— Fred... ele...

Antes que eu pudesse completar a frase, senhor Aon me puxou com força, pronto para sair correndo em busca de justiça, de vingança. Mas assim que abri a porta, lá estava Fred, prestes a tocar a campainha. Nem tive tempo de reagir antes que senhor Aon lhe desse um soco tão forte que o derrubou no chão. Ele estava pronto para continuar batendo nele, sentar-se sobre Fred e socá-lo até não restar nada.

— Senhor Aon, por favor! Não faça isso! — implorei, segurando seu braço.

Eu sabia que Mon amava seu pai profundamente, e ver ele se machucar nessa situação só a despedaçaria ainda mais. O homem, porém, estava tomado pela fúria.

— Seu filho da mãe! Eu vou te matar! — gritava, tentando se soltar de mim.

Fred se levantou, o rosto machucado, e eu temi que ele revidasse. Mas, em vez disso, ele tentou se justificar, o desespero transparecendo em cada palavra.

— Eu não lhe toquei! — ele dizia, ainda segurando o rosto onde havia sido socado.

Nesse momento, ouvi passos nas escadas. Quando me virei, vi Mon parada ali, nos observando. Sua expressão estava em choque, os olhos parados, sem mais lágrimas.

Mon & Sam - Reencontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora