Capítulo 38 - Minha Filha

485 58 29
                                    

Perspectiva de Mon

Eu havia acabado de voltar para casa depois de deixar meus filhos na escola. Meu corpo mal conseguia se mover, a dor emocional era tão forte que parecia física. Me joguei no sofá, sentindo o peso de todas as lágrimas que vinham. A imagem de Fred, tentando lembrar o nome do nosso filho mais novo e falhando, era como uma faca no peito. Ele não lembrava. O pai do meu filho não lembrava o nome dele. Meu coração gritava de frustração e mágoa. As lágrimas desciam incontroláveis pelo meu rosto, e por mais que eu quisesse ser forte, não conseguia segurar a dor.

Mas nem uma hora tinha se passado, e a campainha tocou. A realidade me puxou de volta. Limpei as lágrimas rapidamente, tentando me recompor. Eu não queria que ninguém visse o estado em que estava. Mas o nariz vermelho e o olhar inchado denunciavam tudo. Quando abri a porta, Fred estava ali, do outro lado, com aquela expressão de arrependimento. Meu coração acelerou de raiva e medo.

Tentei fechar a porta na mesma hora, mas a mão dele foi mais rápida, prendendo a entrada.

— Me deixa entrar, Mon — ele pediu, a voz baixa, carregada de um remorso que só me enfurecia ainda mais.

— Vai embora, Fred — minha voz tremia, mas era firme.

Ele empurrou a porta com força, e antes que eu pudesse impedir, já estava dentro da minha casa. Meu espaço, invadido por ele.

— Mon, por favor, me desculpa. Eu sei, eu sei que é o Thaw! — Ele estava desesperado, as palavras saindo atropeladas, tentando corrigir o erro grotesco de não lembrar o nome do próprio filho.

Eu senti uma nova onda de lágrimas subir, quente, intensa. Não queria chorar na frente dele. Não queria dar a Fred o poder de ver o quanto ele tinha me destruído, o quanto a ausência dele na vida dos meus filhos, a falta de cuidado, estava me esgotando. Mas o controle escapou, e as lágrimas caíram de novo.

— Mon, por favor, não chora — ele implorava, dando um passo à frente.

Eu me afastava, cada vez mais para longe, porque não suportava a proximidade, não suportava ver o homem que deveria ter sido um pai presente, um amigo pelo menos, me implorando perdão agora, depois de tudo.

— Eu vim pra mudar as coisas! Eu prometo, eu vou mudar tudo! — Ele dizia, como se palavras pudessem apagar anos de negligência.

Respirei fundo, sentindo o ódio ferver dentro de mim, finalmente rompendo o silêncio.

— Eu não quero que você mude nada, Fred! Eu só quero que você nos deixe em paz! Eu e as crianças estamos bem sem você! — Minha voz saiu carregada de fúria.

Ele se aproximou mais uma vez, insistente, como se não acreditasse nas minhas palavras, ou como se não quisesse ouvir.

— Você não me parece bem — disse ele, a voz quase gentil, tentando penetrar a barreira que eu levantava.

— Mas eu estou! — gritei, com todo o fôlego que tinha.

— Mon, escuta... — ele começou, mas eu o interrompi, minha paciência se esgotando.

— Mon, nada! Sai da minha casa! — Eu estava perdendo o controle.

Fred respirou fundo, tentando manter a calma. Sua expressão mudou, o rosto relaxando enquanto ele olhava nos meus olhos com uma sinceridade que me enojava.

— Mon, eu não sou mais aquele garoto irresponsável. A gente casou muito cedo, Luca nasceu quando éramos muito novos. Eu não estava pronto... — ele começou a falar, as desculpas fluindo com facilidade, mas eu não queria ouvir.

— Me deixa ser o pai dele — ele implorou.

— Deles, Fred! São dois! — gritei, sentindo a indignação explodir dentro de mim. — Você é um idiota!

Mon & Sam - Reencontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora