Capítulo 24 - Ciúme

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Perspectiva de Mon

Ver Luca indo embora com Fred, sem mim, é como se algo se quebrasse dentro de mim. Em três anos, nunca ficamos separados. Onde ele ia, eu ia também. A ideia de vê-lo se afastar dói de uma forma que eu não consigo nem explicar.

— Mon, você quer sair um pouco para desanuviar a cabeça? — A voz suave de Sam me tira dos meus pensamentos, tentando me trazer de volta à realidade.

Olho para ela, mas meus olhos estão carregados de tristeza. Não quero que ela me veja assim, mas não consigo esconder.

— Podemos ir à praia — murmuro.

— Você quer ver Luca, né? — Sam me pergunta com um leve sorriso, lendo minha mente como sempre.

Balanço a cabeça, confirmando. Só de pensar em vê-lo, meu coração se aquece um pouco.

— Ok, vamos à praia — ela concorda, o sorriso suave dela me dando um pequeno alívio.

Um sorriso se forma no meu rosto, e corro para o quarto para pegar uma toalha. Em poucos minutos, volto para a sala, já mais animada. Sam me pega pela mão e, com a outra, segura Sasi, e juntas vamos para o carro dela. A viagem até a praia é curta, mas meu coração bate mais rápido com a expectativa de ver meu menino.

Assim que chegamos, estendo a toalha na areia, numa posição onde posso observar de longe Fred e Luca. Fred estava ali, com uma prancha na areia, mostrando ao nosso filho como se equilibrar. Sasi, sentada à nossa frente, brinca com a areia, completamente entretida. Eu me aproximo mais de Sam, buscando conforto, e encosto minha cabeça em seu ombro, sentindo o calor da proximidade dela.

— Desculpa te trazer pra cá assim — sussurro, cutucando levemente seu pescoço com a ponta do meu nariz.

— Eu entendo, Mon. Se a Noi viesse com exigências para cima da Sasi, eu acho que morreria por dentro — ela responde, a voz carregada de compreensão.

— Noi é... aquela mulher do Vietnã? — pergunto, lembrando de Sam, como "Boss", me contar que ela era a mãe de Sasi.

— Sim — diz ela, com um toque de mágoa que ela tenta disfarçar.

— E ela a conhece? — pergunto, apontando com o queixo para Sasi brincando.

— Não. Sempre fomos só nós duas.

— Não mais, se você me deixar fazer parte disso — digo suavemente, entrelaçando meus dedos nos dela.

Ela me devolve um sorriso bonito.

— Mamãe, ajuda a fa'ze' um ca'telo! — Sasi se vira para nós, fazendo um biquinho adorável.

— Filha, eu vou me sujar toda de areia — Sam responde, fazendo uma careta engraçada de quem não quer se sujar.

Eu rio da expressão dela e, sem pensar duas vezes, me sento na areia ao lado de Sasi.

— Eu ajudo — digo, esfregando as mãos como se estivesse pronta para uma grande tarefa. — Como você quer seu castelo?

— G'ande! — ela exclama, abrindo os braços o máximo que pode. — Deste tamanho!

— Isso tudo? — pergunto, rindo da empolgação dela. — Então, vamos lá!

Começo a juntar areia, tentando moldar algo que pudesse se parecer minimamente com um castelo. Mas Sasi, com suas mãozinhas pequenas e desajeitadas, vai batendo nas pilhas de areia com tanta força que elas desmoronam quase imediatamente. Ela ri toda vez que destrói o que eu tento construir, e seu riso contagiante me faz sorrir de orelha a orelha. Ela é uma graça.

Mon & Sam - Reencontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora