Capítulo 4 - Eu Não Posso

516 68 11
                                    

Perspectiva de Mon

Fred saiu para mais um ensaio, e eu aproveitei para trazer Luca à praia. Assim que chegamos, ele disparou correndo pela areia, com um sorriso enorme no rosto. A felicidade dele era contagiante. Tirei meus sapatos com calma e comecei a caminhar na direção do mar. Fazia tanto tempo que eu não sentia a brisa salgada, que me envolvia de uma forma reconfortante, quase anestesiante.

Quando a água fria tocou meus pés, um turbilhão de lembranças invadiu minha mente, como se o mar estivesse tentando me puxar para um passado esquecido. Diálogos desconexos, momentos que não faziam sentido, mas que de alguma forma pareciam reais.

Flashback

- Que tipo de casamento você gostaria de ter? E as cores? Quantos convidados? Mil? Quero algo grande. Mon, estou falando sério. Vamos nos casar?

- Não.

Fim do Flashback

Agarrei minha cabeça, tentando afastar as imagens que se desenrolavam sem controle. A praia, que antes parecia tão tranquila, agora se tornava uma ameaça, mexendo com minha sanidade. Estava perdida nesses pensamentos até sentir Luca abraçar minhas pernas.

- Mamãe! Vamos fazer um castelo de areia? – Ele pediu com aquele beicinho irresistível.

- Claro, meu amor. Vamos. – Segurei sua mãozinha e o levei para longe da água, tentando me afastar das lembranças que me atormentavam.

Nos sentamos e começamos a construir um castelo, pequeno e torto, mas o sorriso radiante de Luca me fez esquecer tudo por um momento. Ele era o meu refúgio.

Perspectiva de Sam

Assim que vi a mensagem de Mon no aplicativo, dizendo que levaria o filho à praia, meu coração acelerou. Sem pensar, arranquei o carro e dirigi o mais rápido que pude até a praia mais próxima. Quando cheguei, estacionei apressada e caminhei até a área pedonal que dava visão da areia. A praia estava quase deserta, exceto por duas figuras ao longe – uma criança, pequena, agarrada às pernas da mãe, e uma mulher que, de costas para mim, deixava a água tocar seus pés. Ela deu a mão ao garoto e, lentamente, se virou.

E foi então que eu a vi. Mon.

Minha respiração ficou presa na garganta. Eu sabia que a encontraria, mas ver aquela cena me desarmou. Mon estava ali, tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante.

- Sabia que você estaria aqui. – A voz de Tee me trouxe de volta à realidade. Sua mão pousou em meu ombro, mas meus olhos ainda estavam fixos em Mon, como se eu não pudesse desviar o olhar, com medo de perdê-la de novo.

- Como você sabia que eu viria? – Perguntei sem desviar o olhar.

- Mon nos mostrou a conversa que vocês estavam tendo no aplicativo. Na verdade, Yuki tomou o celular dela à força. – Tee riu. – Não foi, Yuki?

- Sam, eu sinto muito. – A voz de Yuki soou atrás de mim, carregada de pesar.

- Yuki, você acha que ela vai querer me ver? Por favor, peça a ela... só isso. – Minha voz saiu quase como um sussurro, cheia de esperança. Eu ainda olhava para Mon, tentando decorar cada movimento dela.

- Vou falar com ela sobre isso, Sam. Prometo. – A voz de Yuki era suave, mas não carregava a confiança que eu precisava ouvir.

- Ela tem um filho. – Murmurei, quase sem acreditar no que estava dizendo.

- Sam, ela olhou para mim como se fosse a primeira vez que me visse. – Tee comentou com tristeza. – Eu mal consegui ficar na frente dela. E você? Vai conseguir?

Mon & Sam - Reencontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora