Capítulo 34 - Melhor Que Você

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Perspectiva de Sam

Consegui sair mais cedo da Diversity e estou dirigindo rápido para a casa dos pais de Mon. Sei que ela deve estar completamente exausta lidando com os três pequenos, e a saudade de Thaw está me matando. Agora entendo perfeitamente aquela necessidade quase desesperada que Mon tem de ficar com eles o dia todo. Nada me dá mais alegria, mesmo quando estou esgotada, do que voltar para casa e ver meus quatro amores. Quando toco a campainha, é o senhor Aon, pai de Mon, que abre a porta. Seu rosto está sério, tenso, o que me coloca imediatamente em alerta.

— Boa tarde, senhor Aon. Aconteceu alguma coisa? — Pergunto, tentando disfarçar a irritação crescente.

Ele não responde, apenas lança um olhar pesado em direção ao sofá, onde Fred está discutindo com Mon. Meu sangue ferve. Sem perder tempo, entro na sala já sentindo a raiva borbulhar.

— Você acha isso normal? Acaba de chegar e já começa a discutir com ela? — Minha voz sai mais afiada do que eu pretendia.

Fred me olha com desdém, se levantando devagar como se estivesse prestes a confrontar um inimigo.

— Não me lembro de ter te pedido um conselho, Sam. — Ele retruca, o tom frio, desafiador.

— Isso não é um conselho, Fred. É um aviso. E se é para ficar discutindo, dá o fora daqui. — Digo, meu limite já está além do suportável.

Ele se aproxima, e posso sentir a tensão crescer entre nós. Estamos tão próximos que posso ver a raiva em seus olhos.

— Você precisa aprender a ficar no seu lugar! — Ele grita, sua voz carregada de ódio.

O senhor Aon, com uma rapidez surpreendente, intervém, empurrando Fred para longe de mim.

— Fred, saia da minha casa, agora. — A voz dele é baixa, controlada, claramente para evitar alarmar as crianças. — Aprenda a respeitar, mulheres!

Mas não deu tempo. Luca e Sasi começam a chorar, seus soluços ecoando na sala, e isso faz Mon se levantar, exausta, mas determinada. Ela agarra Fred pelo braço e o arrasta para fora, enquanto eu fico observando, tentando acalmar meu coração acelerado.

Perspectiva de Mon

Assim que fechamos a porta, minha paciência finalmente acaba.

— Fred, nunca mais! Nunca mais fale assim com a minha mulher! — Grito, minha voz falhando de cansaço e fúria.

— Mon, são meus filhos! E você está deixando ela se envolver demais! — Ele rebate, também alterado.

Eu me aproximo dele, minha voz quase tremendo de raiva e frustração.

— Fred, eu nunca pedi para Luca chamá-la de mãe. Nem Sam pediu. Sabe por que ele a chama assim? — Dou um passo à frente, empurrando-o no peito. — Porque é ela que está lá quando ele acorda no meio da noite com pesadelos, é ela quem o alimenta quando está com fome, é ela quem cuida quando ele se machuca... E eu sempre pedi que ela respeitasse seu papel de pai, Fred. Mas a verdade é que nem eu nem Sam temos culpa se você some por meses e simplesmente não faz o seu papel. A culpa não é nossa se ela acaba sendo melhor pai do que você jamais foi!

Fred me olha com uma mistura de choque e raiva, mas eu não paro. Estou cheia. Cheia da sua negligência, da sua arrogância.

— Estou muito agradecida por ela estar aqui, porque eu não conseguiria fazer tudo sozinha. Então, faz um favor pra mim? Sai da casa dos meus pais, agora. Estou exausta. Preciso dormir, comer, tomar um banho... — Respiro fundo, a fúria ainda queimando dentro de mim. — E, Fred, nós vamos resolver a guarda das crianças no tribunal.

Ele pisca, surpreso.

— O quê? Você tá falando sério?

— Se você quer tanto ser pai, então vai ter que arcar com as responsabilidades de ser um. — Minha voz sai firme, mais do que eu imaginava ser capaz nesse momento.

Fred balança a cabeça, incrédulo, a raiva voltando aos seus olhos.

— Sério que você vai exigir pensão de mim quando está casada com uma mulher que praticamente caga dinheiro?

— Não foi você mesmo que acabou de ficar ofendido por achar que Sam estava tomando o seu lugar? — Provoco, sentindo o peso de cada palavra.

Ele fica em silêncio por um momento, antes de bufar com frustração.

— Vai embora, Fred. Quero descansar com minha família. E nunca mais, nunca mais discuta na frente dos meus filhos.

Ele dá um passo para trás, ainda incrédulo.

— Porra, Mon, você mudou...

Eu rio, mas é um riso sem humor, cansado.

— Eu não mudei, Fred. Só deixei de ser boba. Agora eu tenho uma família para cuidar, três filhos e uma esposa. Não tenho mais cabeça ou paciência para lidar com você. Vai embora! — Grito, minhas últimas palavras saindo quase como um rosnado.

Fred me olha mais uma vez antes de sair, e quando o portão de casa dos meus pais se fecha atrás dele, sinto meu corpo desabar de cansaço. Mas ao mesmo tempo, uma pequena chama de alívio começa a acender dentro de mim.

Sam sai da casa dos meus pais com passos calmos, mas o olhar determinado. Ela vem direto até mim e, sem dizer uma palavra, coloca seu braço por cima do meu ombro, puxando-me para mais perto.

— Mon, você não pode se estressar tanto. Eu estava cuidando dele — ela responde, a voz baixa e tranquilizadora.

Eu respiro fundo, sentindo o peso da situação e, ao mesmo tempo, o conforto que sua presença me traz. Viro-me para ela, buscando seu olhar antes de envolvê-la em um abraço apertado. Aperto seu corpo contra o meu com uma intensidade que revela o cansaço e a gratidão que sinto. Afundo o rosto em seu pescoço, inalando o perfume doce que sempre me acalma.

— Eu devia ter colocado Fred no lugar dele há muito mais tempo — confesso, com a voz pesada de arrependimento. — Mas eu só não queria machucar o Luca.

Sam me olha com atenção, sem soltar o abraço, e faz uma pergunta.

— O que mudou?

Suspiro profundamente, tentando encontrar as palavras certas.

— O que mudou é que Luca não tem só a mim agora. — Digo, a voz saindo mais suave. — Ele tem outra mamãe cuidando dele, e ele a ama muito. Se eu não protegesse o papel que você tem na vida dele, estaria magoando Luca muito mais do que manter Fred por perto. Obrigada por cuidar tão bem do Luca, Khun Sam.

Ela me olha, confusa, mas com aquele sorriso que sempre me desarma.

— Não estou entendendo, Mon.

— Hoje, Luca te chamou de mamãe na frente de todos. — Digo, minhas mãos acariciando suas costas. — Então, seja a mamãe dele, Khun Sam.

Ela sorri, e o brilho em seus olhos é de pura emoção.

— Eu amo muito aquele menino, Mon. — Sua voz treme levemente. — Eu serei o que ele quiser que eu seja.

Sinto meu coração aquecer ainda mais. Sam sempre foi mais do que eu poderia pedir.

Mon & Sam - Reencontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora