Capítulo 33 - Bicicleta

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Perspectiva de Mon

Os dias têm sido exaustivos, verdadeiros testes de resistência. Thaw chora sem parar todas as noites, eu e Sam, acabamos nos tornando zumbis durante o dia. E agora, mais uma vez, de manhã cedo, os gritos de Thaw ecoam pelo quarto, nos arrancando do pouco descanso que conseguimos ter. É a quarta vez que ele nos acorda. Eu tento me levantar, com o corpo pesado de cansaço, mas Sam, antes que eu consiga, me impede. Mesmo arrastando os pés de tanto sono, ela toma a iniciativa e vai até o berço.

— Bom dia... outra vez, Feijão... — murmura ela, pegando Thaw no colo com carinho, mesmo exausta. — Você vai ficar berrando assim pra sempre, hein?

Ela o examina rapidamente, passando as mãos delicadas pela fralda, verificando se estava sujo, mas nada. Provavelmente, fome. Suspira e, com o cuidado, traz Thaw para a cama, onde estou sentada. Sam o coloca no meu colo, e, mesmo morrendo de cansaço, um sorriso surge no meu rosto enquanto olho para ele.

— Você só pensa em comer, não é? — pergunto suavemente, o cansaço aparente na voz, mas com um toque de ternura.

Me ajeito para dar de mamar a ele, enquanto Sam se encosta no meu ombro, a cabeça dela repousando ali pronta a cair no sono novamente. Ela está quase desmoronando de tanto cansaço.

— Ele monopolizou seu peito, hein... — Sam comenta, a voz arrastada de sono, mas pronta a fazer gracinha.

— Khun Saaaaaam... — resmungo de leve, repreendendo-a, mas com um sorriso nos lábios.

— Até que idade os bebês mamam? — ela pergunta.

— Luca mamou até um ano e meio... — respondo, meus olhos fechando por alguns segundos enquanto Thaw se alimenta.

— Tanto tempo assim?! — Sam exclama, claramente surpresa.

— Você não sabe isso? Você tem a Sasi... — respondo, sem entender bem sua surpresa.

— Noi a deixou comigo quando tinha um mês... — ela responde, e sua voz parece pesar de tristeza. — Ela sempre tomou suplemento...

Sinto uma pontada de culpa por não ter me lembrado disso. Viro-me para Sam e, com suavidade, dou um beijo em seu rosto.

— Me desculpa, amor... tô com muito sono... não lembrei — digo baixinho, sentindo o cansaço pesar.

Sam pega Thaw de novo, desta vez para colocá-lo no peito dela e fazê-lo arrotar. Seu olhar cansado se cruza com o meu, e é nítido que estamos as duas no limite.

— Mon, eu preciso ir à Diversity hoje... — ela diz, sua voz um pouco mais firme, mas ainda carregada de cansaço. — Vou levar o Luca e a Sasi pra creche. Você quer ficar aqui ou quer ir pra casa da sua mãe pra ela te ajudar?

— Luca não vai pra creche hoje, Khun Sam. Você esqueceu? O Fred chega hoje de viagem... ele vem buscar o Luca e conhecer o Thaw... — explico.

— Ah, é... tinha esquecido disso... — ela murmura, visivelmente contrariada.

— Me deixa na casa da minha mãe, não quero o Fred aqui em casa... — peço, sabendo que será mais fácil para mim lidar com tudo se não estiver na casa que divido com Sam.

— Por que ele ficaria aqui em casa? — Sam pergunta, com uma sobrancelha levantada.

— Porque ele vem conhecer o Thaw, Khun Sam. Não pode simplesmente levar um bebê tão pequeno com ele, e nem em um milhão de anos eu deixaria o Thaw com ele sem minha supervisão, nem por cinco minutos! — respondo, um pouco mais firme agora.

Sam entendeu, embora contrariada. Ela me levou para a casa dos meus pais com Luca, Sasi e Thaw. Como Luca não iria para a creche, decidimos que seria injusto mandar Sasi sozinha, então ficamos todos juntos. Assim que chegamos, minha mãe praticamente arrancou Thaw dos meus braços, monopolizando o neto com entusiasmo. Ela não pôde acompanhar o nascimento de Luca nem os primeiros meses dele, então agora parecia determinada a aproveitar cada segundo com um bebê em casa novamente.

Mon & Sam - Reencontro InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora