"Me senti culpada e confusa por decisões que não tomei e situações que não causei."
Senti um choque quando uma luz violenta atravessou minhas pálpebras, me forçando a fechá-las em uma fração de segundo. Era como se o brilho quisesse me arrancar da escuridão onde minha mente ainda vagava. Quando finalmente abri os olhos, a dor explodiu em minha cabeça, uma dor tão intensa que pensei que meu crânio fosse rachar ao meio. Percebi então que estava deitada em uma cama hospitalar. O lençol azul claro parecia tão gélido quanto o ambiente ao redor, me envolvendo em uma frieza que não vinha apenas do lugar, mas de algo dentro de mim.
O piso, branco como a neve que eu jamais vira, refletia a luz de maneira quase cruel, cegando meus olhos cansados. Ao meu lado, uma mesinha de cabeceira abrigava um abajur da mesma cor do lençol, um livro que não me pertencia e, acima de tudo, meu colar. O colar. Aquele que carregava histórias e dores que ninguém mais compreendia, como uma âncora do meu passado.
Do outro lado, apenas o vazio. O silêncio era tão pesado que parecia querer esmagar meus pulmões. As paredes brancas e o teto alto me faziam lembrar uma cela, um manicômio, uma prisão. E, por um breve segundo, me perguntei se não estava presa em algum tipo de pesadelo. O que eu fiz para acabar aqui? Cada fibra do meu ser gritava para que eu fugisse, mas algo me prendia.
Tentei me levantar, mas logo senti uma dor aguda na dobra do braço, como se pequenos espinhos estivessem cravando em minha pele. Olhei para baixo e vi uma agulha, conectada a um soro que pingava lentamente. Eu odiava aquilo. Odiava me sentir vulnerável, presa, como se fosse uma marionete em mãos desconhecidas. Com um puxão rápido, arranquei a agulha, ignorando o gemido de dor que escapou dos meus lábios e o sangue que começou a escorrer.
Mas não era sangue comum.
Era preto.
Maldito sangue preto. Aquele que me condenava a um destino que eu mal compreendia. Um símbolo de algo maior do que eu, algo que eu não conseguia controlar. Lembrei de Lincoln, daquelas poucas palavras ditas com urgência e segredos que ele ainda não me revelara. Tantas perguntas ficaram no ar, e agora, mais do que nunca, eu precisava das respostas. Meu coração apertou ao pensar se ele estava bem, ou se o perdi como tantos outros.
Um flash de memória então me atingiu, como uma onda de água gelada que desperta um corpo adormecido. Eu saíra para encontrar Finn, Clarke e Monty. Tinha decidido que faria isso sozinha, sem envolver ninguém. E então, a fumaça vermelha... Uma névoa de cor estranha e perturbadora que me engoliu, me tirando o controle e apagando tudo ao meu redor.
"Droga... Onde estão eles?" O pânico começou a pulsar nas minhas veias, meu coração batendo mais rápido.
Sem hesitar, me levantei da cama hospitalar, ignorando a tontura que ameaçou me derrubar. O colar foi o primeiro que peguei da mesa de cabeceira, colocando-o ao redor do pescoço como se ele pudesse me proteger. Cada parte de mim gritava por uma saída, uma resposta.
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𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 𝗧𝗛𝗘 𝗠𝗔𝗭𝗘 - 𝖳𝖧𝖤 𝟣𝟢𝟢⚔︎
Fanfiction97 anos após um apocalipse nuclear que devastou a Terra, a humanidade sobreviveu em estações espaciais orbitais. Agora, 102 jovens delinquentes são enviados de volta ao planeta para testar sua habitabilidade. Entre eles está Natasha Kane, uma jovem...