capítulo - 6

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Urso

Tava de boa, encostado no canto, fumando e trocando umas ideias com os moleques, quando passo os olhos ao redor e reparo que a Atena sumiu. Essa garota sempre desaparece no meio do baile. Mas antes que eu pudesse procurar, vi ela subindo pro camarote com duas meninas. Uma delas eu já conhecia do morro, agora a outra... Uma pretinha, cabelo solto, com um vestido branco colado no corpo. Nunca tinha visto essa mina por aqui.

A garota parecia meio deslocada, falando baixinho, olhando ao redor como quem não sabia onde tava pisando. Isso me deixou intrigado. Não é comum alguém novo aparecer por essas bandas, ainda mais uma mina que nem parece acostumada com esse tipo de lugar. Prestei mais atenção nela. Não era só a beleza que chamava atenção, era o jeito dela... Tímida, meio desconfortável, como se quisesse fugir a qualquer momento. Isso me fez pensar o que ela tava fazendo no baile e, mais ainda, quem era ela.

Enquanto eu observava, ela me viu. Nossos olhares se cruzaram por um instante. Ela franziu a testa, e de cara deu pra perceber que estava desconfiada. Não demorou muito pra ela se virar e cochichar alguma coisa no ouvido da amiga, que logo olhou pra mim também. Devia estar perguntando quem eu era.

Ph: E aí, Urso, qual foi, irmão? Os moleques tão trocando ideia contigo e tu aí, voando. Que que tá pegando?

Eu apenas balancei a cabeça, tentando voltar à conversa, mas minha atenção já tava presa na garota. Não gostava de ficar trocando papo à toa, mas algo naquela menina me deixou com a pulga atrás da orelha.

Urso: Nada não, tô só observando uns bagulhos. – Respondi, soltando a fumaça e voltando a olhar pra ela.

De longe, dava pra ver que ela era diferente das outras. No meio de tantas mulheres se jogando, ela tava quieta, discreta, quase tentando não chamar atenção, mas ainda assim, me chamando a atenção de um jeito que eu não conseguia ignorar. Era questão de tempo até descobrir quem era e o que ela tava fazendo ali.

Tava ali, trocando ideia com os moleques, mas não conseguia evitar levantar o olhar de vez em quando pra ver ela de novo. A moreninha, falava baixinho com a amiga, e dava pra ver que não tava confortável ali. Eu notei cada movimento dela, o jeito que ficava observando ao redor, provavelmente se sentindo deslocada.

Atena se aproximou com as duas. A branquinha parecia mais à vontade, já ia conversando com os caras como se já fosse de casa, mas Lua continuava na dela, toda tímida.

Atena: Fala, meus lindos! Como vocês tão? – Ela se aproximou dos meninos toda falsinha, daquele jeito que só ela sabe. – Vim apresentar minhas amigas pra vocês: Vanessa e Lua. ,

Quando ela apontou pra Lua, a moreninha olhou de relance, deu um sorriso sem graça.

Lua: Oi, gente, tudo bom? – Ela falou baixinho, quase que pedindo pra ninguém reparar muito nela.

Eu não falei nada, só fiquei na minha, observando. Ela parecia diferente das outras, e isso só me deixou mais curioso.

Atena veio pro meu lado, encostando o ombro no meu, o que me tirou da minha zona de pensamento.

Urso: Qual foi, Atena? – Falei seco, já sabendo que ela queria alguma coisa.

Atena: Nada, meu querido irmão.

Urso: Não começa. Pra tá chegando do meu lado assim, é porque quer alguma coisa. Fala logo.

Ela tentou mudar de assunto, jogando uma conversa mole.

Atena: Gostou das minhas amigas? – Ela sorriu maliciosa, tentando desviar a atenção.

Eu sabia que ela tava querendo alguma coisa, mas, no fundo, eu também queria saber mais sobre essa tal de Lua. Continuei observando a garota, agora de costas pra mim, o vestido branco colado, e não pude evitar descer o olhar. Aquela bunda... dava pra imaginar como caberia perfeitamente nas minhas mãos.

Urso: Que que cê quer, Atena? Não vem mudar de assunto.

Atena: Posso fazer a Lua vir falar com você... – Ela olhou pra mim com aquele olhar de quem sabe demais.

Urso: Hmmm.

Atena: Mas, pra isso, você tem que deixar eu descer lá embaixo. Prometo que não vou aprontar nada.

Urso: O que me garante que tu não vai fazer besteira?

Atena: Eu juro, irmãozinho. E aí, vai querer falar com ela ou não?

Eu fiquei quieto por um segundo, pensando. Voltei o olhar pra Lua, que agora conversava com a amiga, meio afastada do grupo. Suspirei fundo.

Urso: Quem é ela? De onde é?

Atena: Não sei muito, conheci hoje. Ela é amiga da Vanessa. Só sei que ela é da pista.

Urso: Hm. Tá bom, chama ela aqui pra gente trocar uma ideia.

Atena: Beleza! Mas posso descer depois, né? – Ela sorriu já sabendo que tinha vencido.

Urso: Vai logo antes que eu mude de ideia.

Atena saiu animada, indo falar com as amigas. Eu fiquei ali, sozinho. Os moleques já tinham ido embora, provavelmente atrás de alguma puta por aí.

Eu continuei observando de longe. Vi quando Atena cochichou algo no ouvido de Lua. Ela olhou na minha direção, os olhos dela encontraram os meus de novo, e dessa vez ela demorou mais tempo me encarando. Eu chamei ela com a mão, e, no começo, ela balançou a cabeça, negando. Mas depois de mais um cochicho da Atena, ela começou a vir devagarzinho, ainda hesitante, segurando a bolsinha na frente como se fosse um escudo.

Quando parou na minha frente, eu senti o perfume doce que vinha dela. Tinha algo nesse cheiro... algo que me deixou ainda mais intrigado. Ela era diferente, e eu tava prestes a descobrir o que era.

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