Amor sem Fronteiras - Ciriquina

Capítulo 3

- Sair com você?
- Sim,assim você tira essa impressão que tenho de você?
- Tudo bem!
- Fechado?
E ambas fecha o acordo com um aperto de maos,pelo toques das mãos,ambos os corações batendo fortemente.
- Nos vemos mais tarde!
- Te pego às 8 horas.
Ela apenas concorda e sai rumo a casa,já ele volta para o estábulo,iria continuar o seu trabalho.
- E a princesa,como está?
- Te repouso,o potrinho já está se alimentando junto com os outros.– O peão falava enquanto está escovando o cavalo.
- O que está acontecendo com o relâmpago que está arisco?
- Não sei,foi de uns tempo pra cá,você devia treinar para doma-lo.
- Depois vou dar uma olhada nele,tenho que terminar umas coisas.
Ana vinha saudidando,quando se abaixar e dar um beijo no rosto de Cirilo.
- Oi,lindo!
- Oi!
- Tudo bem?
- Sim!
- Já que meu namorado me abandonou,vim ver ele.
- Não somos namorados Aninha,apenas ficamos vez enquanto.
Ela revira os olhos,pois gostava muito de Cirilo,e queria sim um compromisso sério com ele.
- Pois veja bem Rivera,se você não me assumir,nessa boca,você não beija mais.
- Nunca te prometi nada,falei que ficaria sem cobranças,não posso namorar uma pessoa,onde não há sentimentos,gosto de você,mas não sinto amor.
- O que tá acontecendo hein?
- Não está acontecendo nada,apenas estou cansado de cobranças,ah quer saber?
- Hum?
- Faz o que quiser,mulher é que não falta.
E ela sai dali,pisando duro,o peão que estava com Cirilo,apenas balança a cabeça.
- Pode uma coisa dessa?Como vou prometer uma coisa,que não tenho nem como sustentá-la,namorada sai caro.
- Eu que diga!
- Ela é livre pra fazer o que quiser,nunca lhe cobrei nada,e ela vem me cobrar?
- Mulheres!
- Bichinho pra dá dor de cabeça,vou é trabalhar,namoro nenhum vai pagar minhas contas.
E volta o que estava fazendo,na cozinha da casa dos patrões,Aninha aparece brava.
- O que houve,pra está com essa cara?
- Discute com o Cirilo.
- Ah!
- Vó porque ele não me quer?Sou tão feia assim?
- O amor não tem beleza,apenas não sente a mesma coisa como você sente por ele.
- Ele falou a mesma coisa,que curti ficar comigo,mas não quer compromisso sério,o que eu faço vovó?
- Esqueça ele,aqui nas redondezas tem ótimos rapazes,tenho certeza que algum daria qualquer coisa pra ficar com você.
- Mas eu quero ele.
- Não mandamos no coração,porque não sai hoje com as suas amigas,assim você se encanta por outro rapaz,que não seja o filho do seu José.
- Já me encantei por um vovó,só que ele já foi embora.
- Mais não tem só esse.
- Tá certo,vou falar com a Marissa,pra ver se ela vai comigo.
No andar de cima,Maria Joaquina,estava ao telefone com suas amigas.
- Aí gente,não sei o que faço,não posso sair com um homem sendo comprometida com outro.
- Mas o Jorge não precisa ficar sabendo,assim você tira a má impressão que deixou,você mudou muito MJ,ele devia agradecer por não se esbarrar naquela antiga Maria Joaquina Medsen.– Falava Valéria
- Ele é bonito? - Pergunta Margarida
- Pra sua informação,ele é amigo do seu namorado,Jaime Palillo e sua amiga Carmen Carrilho.
- O que não acredito?Como nunca vi ele?
- Não sei,só sei que no dia que ia acontecendo o incidente,os dois estavam com ele.
- Quero saber se ele é bonito?
- É sim,tá satisfeita?
- Vale apena trocar pelo Jorge!– Dessa vez quem pergunta é Bibi
- Bibi?
- Ué,você falou que ele tem pegada,os seus beijos com o Jorge são tão sem sal.
- Ele me pegou de surpresa, tá.
- Você já tá caidinha no caipira e não sabe.
- Haha que engraçada!
- Quando Jaime me convidar para visitar o amigo dele,vou também.
- Te convidei pra minha festa,falou que não podia vim,agora ver o amigo do namorado vem né?
- Amigo do namorado e paquera da minha amiga.
- Vocês são horríveis!

[...]

A noite já havia chegado,como combinado Cirilo foi pegar Maria Joaquina às 8 horas,na caminhonete do seu pai.
- Boa noite, senhorita Medsen!
- Boa noite,Rivera!Como não sabia pra onde iria me levar,optei por uma calça jeans.
- Tá perfeito,está pronta?
- Sim, vamos!
Ele abre a porta pra ela entrar,logo entra também e o carro sai dali,mas uma pessoa ver e não gosta nada do que está acontecendo.
- Ela não pode se envolver com um simples peão,a história não pode se repetir,não pode.
No caminho ambos iam calados,quando Cirilo liga o rádio em alguma estação para quebrar um pouco o clima tenso.
“Ele acordava todos santo dia,às seis e meia pra ir trabalhar.
Ela acordava às onze meia,meio- dia se sua mãe fosse chamar.
Ele sonhava com sua casa própria,se casar,ter um filho e um carro bom!
Ela, com os amigos no whatsapp,combinava uma noitada pra curtir o som.
E foi assim,nessa balada que ela conheceu um moço.
Muito trabalhador,se encantou com a barba rala,e logo no primeiro beijo se apaixonou.....”
Os dois se olham ao mesmo tempo,se o cantor conhecesse eles,iria dizer que a musica,foi escrita para eles.
- Quem canta é música? - Pergunta ela,tentando acalmar seu coração.
- Não sei,apenas coloquei em uma estação qualquer.
A estação da rádio,sai por conta da frequência de sinal,agora passando um pagode.
- Pode trancar o rádio?
- Claro!Já chegamos mesmo!
Eles havia ido para uma festa country,ele sai do carro,para abrir a porta pra ela.
- Bem vinda ao meu mundo, senhorita Medsen.
- Nada mal hein!
- Vamos? – Ele oferece o braço pra ela e os dois entram no estabelecimento.
- Uma mesa ,pra duas pessoas,por favor.
- Por aqui!
E os dois acompanham o garçom,ele puxa a cadeira pra ela,logo o mesmo se senta em sua cadeira de frente pra ela.
- Sou,apenas um peão,mas tenho modos.
Ela acena para ele dando um sorriso tímido.
- Vão fazer o pedido agora?
- Uma shot e você?
- O mesmo que o seu.
- Tem certeza?
- Vim,conhecer o seu mundo,não foi? –Ele concorda sorrindo.
- Se a senhorita falou,tá falado.– Ele se vira para o garçom, – dois shot e petiscos.
- Pra já!
E o garçom sai pra pegar o pedido, enquanto uma música tocava lá no fundo,ela olhava ao redor,alguns casais dançando,quando ele chama a sua atenção.
- Me fala um pouco de você.
- Terminei o ensino médio,pouco tempo,agora vou entrar na faculdade.
- Legal,já é maior de idade?
- Sim fiz 18 anos,na semana passada,aí vim comemorar o meu aniversário aqui.
- Ah,aquela festa era seu aniversário?
- Sim,pensava que sabia.
- Como falei naquele dia,sei o meu lugar,não fico rondando a casa dos patrões,só quando me chamam,ali foi uma exceção.
Ela fica tensa,pois naquele dia o primeiro beijo dos dois que aconteceu.
- Agora é a sua vez.– Ela fala pra mudar um pouco a rota da história
- Bom,eu sou filho de um casal de caseiro,nasci e me criei ao meio de estábulos,trabalho pesado,estudei até o fundamental,aqui mesmo na escola perto da fazenda,tenho 19 anos,pareço ter mais,por conta do trabalho duro,tive que me virar sozinho,porque meus pais não podiam dar mais de que uma roupa e um prato de comida e agradeço todo dia.Meus pais me educaram,para não destratar ninguém.
Como você sabe,minha mãe faleceu de um câncer,que até um dia desses não sabia que estava em fase terminal,meu pai segurou a barra sozinho para não nos ver triste.
- Não tem vontade de continuar os estudos?
- Não,já aprendi o suficiente,o meu trabalho não precisa de x,y e nem números,minhas mãos são calejadas de trabalhar,o peso da enxada,o cheiro do estábulo,me fazem bem.
Ela ouvia com atenção,se admirava ainda mais com o rapaz a sua frente,o garçom chega com os pedidos.
- Desculpem a demora,hoje tá cheio.
Logo o garçom sai,deixando os dois novamente sozinhos,ele pega o shot e coloca na frente dela e começa a explicar.
- Primeiro,você coloca um pouco de sal na boca,pega o shot e vira na boca,depois chupa o limão.
- Certo!
- Faça você primeiro.
Ela faz do jeito que ele explicou,só que o resultado não foi bom.
- Como consegui beber isso?
Ele sorrir com a careta que ela fazia.
- Agora é a minha vez.
E ele faz do mesmo jeito que ela fez momento antes.
- Coisa boa!
O garçom chega novamente com uma cerveja.
- Isso,acho que você consegue beber.
- Água? – Ela faz uma cara de indignação,- tá de brincadeira,acha que sou uma patricinha mesmo?
- Você tem jeito,ou já foi algum dia!
- Sim,já fui,mas isso ficou no passado,tenho amigos que são de outras classes sociais,o único de classe alta é o Jorge.
- Jorge,quem é esse?
- Meu namorado,o pai dele é dono de uma empresa.
- E o seu pai faz o que?
- Ele é médico,um dos mais renomado de São Paulo.
- Então é um casamentão.
- E você?
- O que tem eu?
- Tem namorada?
- Não! – Ele balança a cabeça, enquanto bebia uma dose de cerveja.
- E aquela menina?
- Que menina?
- Uma que vi,você beijando ela no dia que nos conhecemos.
- Ah!
- E?
- Era uma ficante apenas,ela é neta da Dona Maria, cozinheira dos seus avós.
- Era?
- Sim,estava me cobrando uma coisa que nunca existiu entre a gente.
- O que ela tava cobrando?
- Compromissos e amor.
- E você não ama ela?
- Nunca amei ninguém,sou livre senhorita,não quero me amarrar a ninguém,porque um dia que eu quiser ir embora,não magoar a pessoa.
- Entendo!
- E você,pensa ter um futuro com seu namorado?
- Ainda é cedo pra pensar em casamento,mas sim,as vezes penso.
- As vezes?
- Quero me formar primeiro,ter meu próprio trabalho.
- Já sabe o que vai cursar?
- Um tempo atrás pensava em moda,mas ainda tô em dúvida, talvez médica,seguir a profissão do meu pai.
- Não importa o que seja,apenas não desista dos seus sonhos.
A conversa fluía naturalmente entre os dois,quando ele se levanta,oferecendo a mão a ela.
- Vamos dançar?
Ela pega na mão dele firme e vão para o meio do salão.
- Não sei,dançar essas músicas.
- Aqui,dançamos do jeito que a gente sabe,não importa a coreografia.
Ele pega na mão dela e sai dançando pelo salão,ela olhava para um casal ao seu lado e tentava copiar os mesmos passos que eles.

[...]

Os dois chegam na fazenda,faltando menos um minuto para as duas da manhã.
- Meus avós vão brigar!
- Fala baixo,assim eles não escutam.
Ela começa a rir por conta da bebida,que havia tomado,depois da dança,eles haviam voltado pra mesa e ela provou de todas as bebidas.
- Senhorita Medsen,não ria,vão te ouvir.
- Que senhorita Medsen,o que? – Ela roça seus lábios nos dele.
- Senhorita,o que tá fazendo?
- Quero um beijo,
- Não podemos,você é comprometida.– Ele lutava para não beija-la.
- Não se lembrou disso quando me beijou naquela vez?
- Eu não sabia e eu agir por impulso.
- Pois tenha impulso agora e beija,quero ser beijada por você,peão.
E no ato de coragem,ele a beija,puxando pra mais perto de si,suas mãos seguram firme na cintura,e as delas no pescoço dele,o puxando sempre pra mais perto,deitando ela no capô do carro,suas mãos percorria a lateral do corpo dela,dando apertos fortes.
Finalizam o beijo,seus olhos se conectam,pretos com olhos verdes,respiração irregular,quando são interrompidos por uma claridade.