13- Verdade

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Xiao Zhan foi para o quarto e tomou um banho demorado, até que finalmente desceu para o jantar.  A Sra. Xiao, mesmo percebendo sua demora, estava esperando pacientemente; afinal, aquela seria a primeira refeição deles juntos, naquele novo ano.

Xiao Zhan sempre foi simpático e doce, o que fazia a conversa fluir naturalmente; no entanto, naquela noite, seus olhos estavam distantes, perdidos em pensamentos profundos. A Sra. Xiao, percebendo que ele não queria conversar, optou por não questioná-lo; deixaria ele falar, no momento certo.

Durante a refeição, o único som presente eram os talheres tocando na porcelana dos pratos. Ela preparou o prato favorito dele e, embora estivessem em silêncio, ambos aproveitaram a refeição. Os olhos dos dois pairaram sobre a cadeira vazia e depois se encontraram.  Xiao Zhan havia terminado de comer e agradeceu a comida. Ao fazer menção de se levantar, ela decidiu avançar sobre a barreira invisível de Xiao Zhan:

— Eu também sinto falta dele! — disse a Sra. Xiao, num tom suave.

Xiao Zhan parou por um instante. O silêncio prolongado deu a esta frase um peso imenso, aliviando apenas após ele declarar... 

— Eu sei. - Virando-se para subir as escadas...

— Zhan!

O chamado veio num tom nostálgico, como de quando era criança. Ele virou-se para a mãe e surpreendeu-se ao  receber um abraço.

— Eu te amo!... E também sinto sua falta!... — disse ela, com um sorriso no rosto, feliz por ele estar ali, ocupando mais uma das cadeiras, as quais estiveram vazias por tanto tempo.

Xiao Zhan a abraçou de volta e, embalado no abraço e sentindo o calor daqueles braços ao redor da cintura dele, sabia o quanto esse amor era verdadeiro. A única pessoa nesse mundo que o amava desde o dia em que veio ao mundo.

— Também te amo... muito! — respondeu, retribuindo o abraço ainda mais forte. — Que tal assistirmos a um filme?!

— Tem aquele novo que você gravou.— ela sugeriu.

— Hum!... Ainda não tive tempo de ver. É uma boa pedida. Vamos nos divertir um pouco. 

Os dois limparam a mesa e seguiram para a sala, onde começaram a conversar sobre trivialidades, até que o filme começasse. Cada um se acomodou em um canto do sofá e Jianguo, o gato, logo se aconchegou em Xiao Zhan. Quando o filme terminou, ele notou que a mãe tinha adormecido. Arrumou o cobertor sobre ela, permanecendo alguns minutos apenas observando-a dormir, serenamente.

Ele sabia que, apesar da aparência frágil, enquanto adormecida, sua mãe era uma mulher de uma força incomparável. Ela criou dois filhos sozinha, recusando-se, por orgulho, a aceitar qualquer ajuda ou pensão do pai de Xiao Zhan, o qual formara outra família. Com muito esforço, ela trabalhou e sem ter uma educação formal, conseguiu prover a ele e ao seu irmão Zhe Xiao, o que havia de melhor. Cada detalhe daquela casa — as xícaras, a televisão, o violão e até os materiais de arte, os quais usavam na faculdade... — era tudo resultado do trabalho incansável dela.

Xiao Zhan afagava o cabelo da mãe, imensamente grato por tudo que ela fez, por cada sacrifício, cada hora extra, cada noite em claro para garantir sua faculdade. Mas essa gratidão também foi um fardo, que pouco a pouco minou sua vitalidade e foi sufocando, de uma forma tal, que chegava a  doer. 

Na manhã seguinte, Xiao Zhan ligou para sua terapeuta.

Terapia

Agradecendo com uma voz entrecortada:

—Nihao, eu nem sei o que teria feito se não tivesse vindo para casa. Muito obrigado.

— Eu que agradeço, Xiao Zhan, por você ter se permitido. Fico muito feliz quando um paciente está receptivo ao tratamento. Mas você realmente me deixou muito preocupada.

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