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"Eu ergo a minha bandeira, tinjo minhas roupas
É uma revolução, eu suponho
Estamos pintados de vermelho
Para ficar bem, oh
Estou invadindo e tomando forma
E então desço do ônibus da prisão
É isso, o apocalipse, oh"- Radioactive, Imagine Dragons.
•••
A chuva caia pesada sobre o gramado verde do palácio, as gotas frias escorriam pelo meu corpo deixando as roupas mais pesadas que o habitual, o aketon esfriando o calor da minha pele conforme a chuva se intensificava, meu cabelo está encharcado e a maior parte pende na minha testa, impedindo minha visão, o que me deixa vulnerável a ponto de ser golpeado com uma espada fora do meu campo de visão.
A dor explode em ondas e o sangue se espalha pelo meu antebraço esquerdo, a defesa era meu único ponto cego, e ele o fez muito bem calculado, Ian mantinha seus pés firmes na terra escorregadia e lamacenta, suas botas afundando na terra molhada espalhando-a ao seu redor, imagino que não vá ter muito equilíbrio se eu fosse tentar golpear e ele recuar, apenas um passo e ele cairia na lama densa e terminaria o duelo com ele no chão se rendendo.
Colocando a ideia em prática, avanço sobre o soldado que, como previsto se afasta ao invés de se defender como seria o sábio, deve-se primeiramente conhecer o terreno na qual se está lutando para depois pensar na estratégia que combina com o solo adequado para não cair numa armadilha como essa, Ian derrapa na terra e cai de costas no chão lamacento perdendo sua espada no caminho, com ela a alguns metros de distância não teria tempo de alcançá-la antes que eu terminasse com sua vida.
A chuva açoita nossa cabeça, as gotas entrando pelas frestas do aketon e se infiltrando nas roupas finas que vestimos por baixo, elas descem pela minha espinha provocando arrepios gelados. Ergo a lâmina em direção ao soldado caído, um modo bruto de se encerrar um duelo é quando seu oponente já está caído e desarmado, um tanto covarde eu diria, mas numa luta não existe justiça, somente a arte de manter-se a salvo.
O peso da espada nas minhas mãos me leva de volta a lembranças passadas, de volta a aquela antiga vida na qual eu tinha outros pensamentos, onde o futuro era traçado inteiramente pelo meu pai, que eu não tinha outra alternativa senão obedecer a suas ordens, que eram bem específicas.
Lute e sobreviva.
Lute e derrote seu inimigo, seja um Meyer e me deixe orgulhoso.
Época na qual eu ainda achava que ser um Meyer era sinônimo de ser vencedor. Agora eu só vejo que tudo que aprendi foi na verdade a passar por cima de tudo e todos pata ter o que queria, não importando com a vida de ninguém além da minha própria, mas eu não pensava isso por mim mesmo, era quase que colocado bem lá no fundo que eu precisava ser assim, que se eu quisesse um dia ser o herdeiro do meu trono precisava agir exatamente como meu pai mandava, apesar de todos os castigos e surras ele ainda era minha única família viva e como eu era apenas um garoto em busca de aprovação, fazia tudo sem questionar.
Agora vejo como fui covarde, como ainda sou um.
E foi com o treinamento que aprendi a me comportar, foi o lugar onde achei um certo conforto, onde eu podia sentir de verdade alguma coisa que não fosse a dor do abandono. Segurar uma espada era como suprir a ferida crescendo dentro de mim, eu podia simplesmente treinar os movimentos o dia todo, até todos os músculos do meu corpo queimarem com a exaustão, me ajudava a esquecer todo aquele sofrimento causado pelo meu próprio pai.
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A Coroa Flamejante
FantasyNesta sequenta do livro Trono de Luz teremos; Dois mundos em guerra Uma profecia para buscar As asas deverá conquistar, Para Penumbra salvar Um grande sacrifício será feito Em dias escuros viverão A guerra terminará, quando enfim o sol raiar No...