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Laura Ferraz

Hoje é o dia mais esperado por mim, uma São Paulina roxa, desde pequena, que sempre sonhou em ver seu time ganhar um título importante depois de 10 anos sem resultados.

Davi ainda continua gripado, e piorou por conta da saudade de Diego. Eles se viam todos os dias ultimamente, e agora Diego está dias longe.

Davi queria muito ir com ele, mas não tinha como o Diego ficar com ele lá, e eu não podia deixar meu trabalho de lado aqui, por mais que também quisesse ir.

E pra adicionar no combo, meu filho está chateado com Diego, por ele ter prometido ligar todos os dias, mas em nenhum teve tempo livre, então não conseguiu ligar ou atender ligações.

Isso me deixa preocupada, ele está piorando cada dia mais, a febre vai e vem, ele reclama muito de dor de cabeça, dorme muito, esta fraco e não fala quase nada, responde o básico.

Ele está agarrado no meu corpo na minha cama, como sempre dorme, decidi deixar ele passar a noite comigo, caso ficasse mal, acabei dormindo bem pouco, preocupada com ele.

-Papai?-Ele abre os olhos assustado.

-Calma amor, a mamãe tá aqui.-Abraço ele, e faço cafuné.

-Eu só queria meu papai.-Ele diz chorando, e isso parte meu coração de mãe.

-Filho...-Um nó se instala em minha garganta.

-Por que o papai não gosta mais de mim.-Ele diz soluçando, e fazendo uma pausa.-O que eu fiz de errado, mamãe?-Funga chorando.

-Seu papai te ama filho, você não fez nada.-Beijo a cabeça dele, tentando acalmar ele.

-Ele tá ocupado trabalhando pra trazer o título pra você.-Tento amenizar a situação.

-Mas eu só queria falar que amo ele, só uma vezinha.-Ele soluça.

-Ele sabe disso, eu tenho certeza.-Falo enquanto os olhos dele se fecham novamente.

Ele se apegou muito rápido ao Diego, e vai ter que acostumar com ausência de Diego

Falta dez minutos começar, davi está deitado no sofá, quieto, por estar fraquinho, e não conseguir ficar pulando como sempre fica.

Fiz pipoca e ele estava mais animadinho, graças ao jogo, mas não estava mais falando de Diego, e quando eu citava o ele cortava o assunto

Estava muito ansiosa para ver meu time jogar, e confesso que estou confiante no título.

O jogo começa e o frio na barriga se instala em mim, é como se estivesse lá.

Aos treze minutos o São Paulo leva um gol, com direito a erro na zaga, e olha que iria poder reclamar exclusivamente para um dos zagueiros.

Davi começou a chorar muito, e confesso que deu muita vontade também.

-Calma filho, vamos virar.-Passo a mão nos cabelos dele.

-E se não, mamãe?-A voz dele sai falha e baixa.

-Nós vamos!-Acrescento fazendo cafuné nele.

[...]

Fim de jogo, e aqui estou eu, me derramando em lágrimas com meu filho, abraçados e sofrendo juntos, sempre assim.

2x0! 2x0?

Eu não queria culpar ninguém, mas todos são culpados.

Jogo feioo!!

Só não xinguei ninguém em voz alta, por que meu filho iria começar a chorar mais ainda, e eu já estava com o coração partido de ver ele daquele jeito.

Ele estava esperando o título a muito tempo assim com todos nós estávamos

Uma notificação aparece em meu celular, e é Diego, olha quem resolveu lembrar de mim.

Zagueiro

Tá longe do davi?

Se estiver, me liga.

Me intriga o por que do davi não poder estar perto.

Mas no mesmo instante eu ligo para ele, por chamada de vídeo.

-Oi.-Ele atende frio, e com os olhos inchados.

-Tava chorando também, zagueiro?-Me aconchego no sofá.

-Foi tudo culpa minha.-Ele funga revoltado.

-Não, não.-Nego.-O time todo jogou mal.-Acrescento.

-Porra, eu tô muito mal por isso.-Diz com a voz falha.-Precisava muito conversar com alguém.-Ele escora a cabeça na cabeceira.

-Para de se culpar, por favor.-Peço.

-Eu...-A voz sai rouca.-Não consigo, não sai da minha mente os meus erros.-Os olhos dele se enchem de lágrimas, coisa que eu nunca vi.

-Respira zagueiro, calma.-Digo pacificamente.-Eu estou aqui contigo, respira.-A preocupação toma conta de mim.

Nunca vi ele assim, nunca.

-Juro, não sei o que tá rolando comigo.-Ele respira pesado.-As vezes é difícil colocar pra fora.-Funga.

-É normal, mas agora você tem a mim, ok?-Pergunto e ele assenti.-Tô sempre aqui.-Finalizo.

-Valeu.-Diz cabisbaixo.

-Eu também estou chateada.-Faço biquinho.-Queria minha Sula.-Enceno um choro.

-Eu também.-Ele acrescenta seriamente.

-Ei!-Sussurro, enquanto ele deita e coloca o celular deitado.

-Fala.-Ele sussurra também.

-O davi não tá nada bem.-Afirmo.-Não falei antes, por que não queria te contar pra não te deixar preocupado com o jogo e com ele

-Porra, de novo?-Diz aumentando o tom.

-Calma, eu só queria ajudar.-Forço um sorriso.

-Ajudar?-Ri sínico.-Tu sempre esconde as coisas do nosso filho de mim.-Diz sério.

-Sério?-Digo sínica.-Ele já tava doente, aí você promete ligar pra ele todo dia, e não liga nenhum, dia Diego

Vai colocar a culpa dele estar doente em mim?-O rosto dele muda de expressão.

-Não, estou falando isso pra você não fazer mais promessas que não pode cumprir.-Concluo.

-Sério, não dá pra dialogar contigo.-Pausa.-Não dá.-Repete.

-Jura?-Falo em um sorriso sínico.-Digo o mesmo.-Finalizo.

-Cadê o meu filho?-Pergunta autoritário.

-Dormindo.-Digo seca.-Coisa que você deveria fazer também.-Acrescento.

-Verdade.-Concorda debochado.-Melhor do que ficar aqui conversando contigo.

Sem se quer deixar eu falar algo, ele desliga a ligação, na minha cara.

As lágrimas descem em meu rosto, e meu coração acelera, não sei o por que de eu estar chorando, mas meu peito dói.

E dessa vez não é culpa do meu time, é do meu coração.

Talvez Seja Em Outra Vida,meu Jogador-diego CostaOnde histórias criam vida. Descubra agora