Narrado em 3º pessoa
O salão comunal da Sonserina estava frio e sombrio, refletindo perfeitamente o clima entre Mattheo Riddle e S/n. O espaço, que antes parecia tão vasto, agora parecia sufocante. Eles estavam de pé, frente a frente, a raiva e o ressentimento fervendo entre os dois. O olhar de Mattheo era uma mistura de frustração e desprezo, enquanto S/n lutava para manter sua compostura, mesmo que por dentro ela estivesse em pedaços.
— Você acha que isso é culpa minha? — Mattheo finalmente explodiu, sua voz carregada de ironia. — Porque, para mim, parece que você entrou nisso sabendo exatamente o que estava fazendo. Provocou, jogou, e agora quer se fazer de vítima?
S/n respirou fundo, tentando não ceder ao impulso de gritar. — Você sempre faz isso, Mattheo. Sempre transforma tudo em um jogo, como se nada importasse, como se as pessoas fossem peças que você pode manipular à vontade.
— E você é diferente? — Ele rebateu, aproximando-se mais, o olhar fixo no dela, desafiador. — Você entrou nesse jogo comigo. Não finja que não sabia no que estava se metendo. Você provocou, testou meus limites, e agora está surpresa porque não conseguiu o que queria?
S/n sentiu a raiva subir, quente e sufocante. — O que eu queria era você, Mattheo! Não esse... esse monstro controlador que acha que pode manipular as pessoas para se proteger. Você sempre acha que está no controle de tudo, mas a verdade é que você está apavorado demais para se deixar sentir algo real.
— Real? — Ele riu amargamente, sem humor algum. — Não me venha com isso. Você quer falar sobre real quando tudo o que fizemos foi brincar de quem se rendia primeiro? Você nunca esteve interessada em quem eu sou de verdade. Só estava interessada em ganhar.
S/n o encarou, sentindo a fúria se transformar em algo mais doloroso. — Eu tentei, Mattheo. Tentei chegar até você, tentei entender o que você esconde atrás dessa máscara. Mas parece que você prefere se fechar e destruir tudo ao seu redor a se permitir sentir algo.
Mattheo deu um passo para trás, a mandíbula tensa, os olhos queimando de raiva. — Não se atreva a me culpar por isso. Você sabia o que estava fazendo. Desde o começo.
— Eu sabia? — S/n quase riu, mas era um riso amargo, cheio de frustração e dor. — Eu entrei nisso achando que poderia te alcançar, que poderia quebrar essa barreira que você insiste em manter. Mas a verdade é que você nunca quis me deixar entrar.
— Talvez seja melhor assim, então — ele retrucou, a voz fria, mas os olhos traiam a dor que ele tentava esconder. — Talvez seja melhor se você ficar longe.
S/n ficou em silêncio por um momento, as palavras dele a atingindo com força. Ela sabia que ele estava se defendendo, que sua frieza era uma forma de manter controle sobre a situação. Mas doía mesmo assim. Mais do que ela poderia admitir.
Ela deu um passo para trás, pronta para encerrar aquilo de uma vez por todas. — Sabe o que é mais triste, Mattheo? Eu realmente achei que poderia haver algo entre nós. Que, de alguma forma, você poderia ver além de seus próprios medos e me deixar fazer parte da sua vida. Mas estava enganada.
Ele a observou, o rosto impassível, mas os olhos traíam uma fração da emoção que ele tentava esconder. — Você estava enganada desde o começo.
S/n apertou os lábios, sentindo uma mistura de frustração e dor sufocante. — Quis perder um homem em dez dias? — Ele murmurou com desdém, as palavras pesadas como pedras. — Parabéns, acabou de perdê-lo.
Ela o olhou, sua raiva fervendo por dentro, mas suas palavras saíram calmas, quase frias. — Não perdi, Mattheo. Porque não dá para perder algo que nunca tive.
Com essas palavras, ela se virou e saiu, deixando Mattheo sozinho, o silêncio do salão comunal ecoando o vazio que restava entre eles.
Inspirado no filme: Como perder um homem em 10 dias