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Pov. S/n
A sala comunal da Grifinória estava silenciosa, quase como se o castelo inteiro estivesse segurando a respiração. As tochas iluminavam a pedra velha com uma luz suave e tremulante, e o calor da lareira me envolvia, mas eu sentia um tipo diferente de calor agora, algo mais intenso e inquieto.
Ron estava ao meu lado, mais próximo do que nunca, e cada movimento que ele fazia parecia amplificado. O som da pena raspando contra o pergaminho, seus suspiros irritados enquanto lutava para se concentrar... era impossível ignorá-lo. Eu mesma fingia estar interessada nos livros à minha frente, mas a verdade era que minha mente estava longe de qualquer assunto acadêmico.
Era ele.
Sempre foi ele.
Eu não sabia dizer exatamente quando tudo começou a mudar. Quando as conversas descontraídas e as brincadeiras de costume começaram a carregar algo mais. Talvez fosse o jeito que ele me olhava recentemente, um olhar demorado que dizia muito mais do que ele deixava transparecer em palavras. Ou talvez fosse o jeito que eu me sentia quando estava perto dele, como se o ar ao nosso redor estivesse carregado de algo que eu não conseguia nomear.
— Eu desisto — Ron disse de repente, largando a pena com uma frustração exagerada. Seu tom era quase cômico, mas o sorriso em meu rosto se desfez rápido quando ele se inclinou um pouco para mim, seu olhar mais sério do que eu estava acostumada.
— Não consegue se concentrar? — perguntei, tentando manter minha voz leve, embora soubesse que estava brincando com fogo.
— Você consegue? — ele retrucou, seus olhos fixos nos meus. Aquela simples pergunta tinha muito mais peso do que eu estava preparada para lidar.
Eu queria responder que sim, queria fingir que estava no controle, mas a verdade era que eu estava tão perdida quanto ele. Fechei o livro lentamente, sentindo o coração bater mais forte.
— Não muito — admiti, minha voz soando mais baixa do que eu pretendia.
O silêncio entre nós se estendeu, denso e cheio de uma eletricidade que parecia estalar no ar. Eu podia ouvir o som do fogo queimando, o crepitar da madeira, mas tudo parecia distante. Meu mundo estava reduzido a ele. Ao espaço entre nós, que de alguma forma, parecia pequeno demais, mas ao mesmo tempo, vasto e cheio de incertezas.
Ron estava mais próximo agora, e eu senti sua mão tocar de leve a minha. Foi um gesto quase imperceptível, mas suficiente para fazer meu coração pular uma batida. Eu o olhei, tentando decifrar o que ele estava pensando, mas tudo o que vi foi uma determinação que eu raramente via em Ron. Havia algo nele naquela noite, algo diferente.
— S/n... — sua voz era baixa, rouca, como se ele estivesse prestes a confessar algo que mantinha escondido há muito tempo. — Tem algo que eu queria dizer... mas não sei se é uma boa ideia.
Eu o encarei, minha respiração presa. A tensão entre nós era tão palpável que parecia difícil respirar.
— Você pode me dizer qualquer coisa, Ron — respondi, tentando soar confiante, mas o tremor em minha voz entregava o quanto eu estava abalada.
Ele riu nervosamente, um som que fez meu coração se apertar. O Ron que eu conhecia estava sempre nervoso, desajeitado, mas ali, naquele momento, havia algo mais profundo, uma força que eu sabia que ele estava lutando para expressar.
— Eu venho sentindo isso há um tempo — ele continuou, aproximando-se mais. Sua mão apertou a minha, e o toque enviou uma onda de calor pelo meu corpo. — Mas sempre achei que fosse uma má ideia. Até agora.