8 Capítulo : MELISSA

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Mal havia conseguido dormir depois que tomei a minha decisão ontem à noite, assim que estava pronta desci para tomar café da manhã.

-Está tudo bem, Mel? - minha mãe questionou me estudando com o olhar.

-Estou mãe, porque? -questionei me servindo de um pouco de suco antes de me sentar para tomar café, em seguida mandei uma mensagem para Theo, avisando que estava a sua espera.

-Por nada. Theo, vem buscar você? - ela questionou desviando do assunto enquanto cortava uma fatia de bolo para ela.

-Vem, ele só está terminando de tomar café. -assegurei assim que terminei de ler a mensagem que meu irmão me enviou antes de passar geleia em minha torrada.

Assim que terminei de tomar café, subi correndo para escovar os dentes antes do meu irmão chegar, em seguida me despedi de minha mãe antes de entrar no carro de Theo.

-Ben me ligou ontem à noite, perguntando sobre o seu contrato de admissão e as punições de uma possível quebra. - Theo disse me tirando dos meus devaneios e virei para vê-lo.- Está pensando em pedir demissão?

-Considerei essa opção depois de ontem, e ele me garantiu que não sofreria qualquer processo se me demitisse. Mas decidi continuar. - disse e meu irmão respirou aliviado antes de voltar a dirigir após o sinal abrir e sua reação me fez rir.

-Porque você parece tão aliviado com a minha decisão de não pedir demissão? - questionei curiosa e Theo respirou fundo antes de falar.

-Porque fiquei em uma posição difícil ontem. Fiquei dividido entre ser o seu irmão ou o advogado do conglomerado Thompson.

-E qual é a diferença entre os dois?

-Como seu irmão, quero te proteger de qualquer coisa, mas como advogado do conglomerado Thompson, tive que alertar meu cliente sobre a fortuna que iria perder com uma quebra de contrato, mas Benjamin não quis nem saber do meu aconselhamento e me pediu para que redigisse pessoalmente um documento que a isentasse de qualquer penalidade.

-Ele fez isso? - questionei surpresa e meu irmão concordou.

-Sim, o que é estranho. Sei o quanto Benjamin é justo, mas fazer um documento desses sem a autorização do concelho administrativo daria uma grande dor de cabeça a ele, talvez até uma possível advertência.

-Pensei que como dono dos laboratórios, ele teria algum tipo de autonomia sobre a administração. - disse confusa e meu irmão negou.

-Benjamin, não possui todas as ações do conglomerado Thompson. O acionista majoritário é o doutor Elliot Thompson, pai dele, pois é o único herdeiro do fundador da empresa. Ele dividiu as maiores ações entre os filhos e cada um ficou responsável por alguma parte da empresa. Ária ficou com a administração do conglomerado, Benjamin pela rede de laboratórios e distribuição de medicamentos gratuitos e Ethan ficará responsável pela rede de hospitais, assim que seu pai se aposentar daqui há alguns meses. -meu irmão explicou enquanto nos aproximávamos do prédio do conglomerado Thompson.

-Entendo, mas achei que como administrador dos laboratórios, ele teria algum tipo de independência para decidir algo. - disse preocupada, afinal não queria que Benjamin se prejudicasse por minha causa.

- Não. Qualquer decisão só é tomada depois da reunião do concelho, na qual o doutor Thompson e os acionistas ficam a par de tudo o que acontece no conglomerado Thompson, a decisão final sempre será dele, mesmo depois que se aposentar.

-Então, pelo que entendi, Benjamin, se arriscou muito ao pedir esse contrato para você? - questionei assim que meu irmão estacionou na sua vaga.

-Muito, o concelho pode entender como um desrespeito a autoridade deles, resultando em um possível processo administrativo para nós dois. - ele disse e me olhou por um tempo, como se estivesse procurando algo em meu olhar, e o fato de saber que meu irmão também poderia se prejudicar só me deixou pior.

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