cap.007; o olho de Eywa

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A floresta de Pandora estava envolta em um manto de mistério e expectativa. As árvores, com suas folhas vibrantes e pulsantes, pareciam vibrar em sintonia com o ritmo dos corações que se reuniam ao redor da grande árvore sagrada. Dorian estava no centro da cena, sua mente atormentada por incertezas e ansiedades. O ritual do Olho de Eywa estava prestes a começar, e com ele, sua vida pendia por um fio.

Tsu'tey, ao seu lado, segurava sua mão com firmeza, um gesto que transmitia força e esperança. Os Na'vi se reuniam em torno deles, formando um círculo de apoio e proteção. Neytiri, com os olhos cheios de preocupação, observava o amigo, o coração pesado com a possibilidade de perdê-lo para sempre.

-- Você está pronto? _ Tsu'tey perguntou, sua voz um sussurro tenso.

-- Eu não sei. _ Dorian respondeu, tentando se convencer de que havia aceitado seu destino. Ele olhou para o alto da árvore, onde as raízes se entrelaçavam como braços acolhedores. - E se eu não voltar?

-- Você vai voltar. _ Tsu'tey garantiu, a certeza em sua voz contrastando com a vulnerabilidade que Dorian sentia. -- Eywa está com você. Você é parte de Pandora agora.

Com essas palavras, Dorian respirou fundo, permitindo que a esperança se infiltrasse em seu ser. Ele havia lutado tanto para se conectar com o mundo ao seu redor, e agora era a hora de fazer a escolha mais difícil de sua vida: ele se tornaria um Na'vi.

O ritual começou com um canto suave, a melodia ecoando entre as árvores como uma oração. Dorian se moveu para o centro do círculo, onde a luz suave da lua se filtrava através das folhas, criando um brilho etéreo. Ele podia sentir a energia da natureza ao seu redor, pulsando como um coração vivo.

-- Entre no Olho de Eywa. _ uma voz suave, mas firme, soou. Era a matriarca do clã, que estendia os braços em direção a Dorian, convidando-o a se aproximar.

Dorian deu um passo à frente, o medo e a esperança lutando em seu peito. Ele sabia que esse ritual poderia significar sua morte, mas, ao mesmo tempo, era sua única chance de se tornar parte daquele mundo que agora considerava lar. Ao se aproximar do altar, viu o dispositivo que representava o Olho de Eywa. A grande árvore que o levaria ao centro de tudo, onde ele sairia com seu corpo intacto, ou onde a mãe o recolheria para ficar ao lado de Sylwanin.

Ele se deitou, e os Na'vi começaram a entoar cânticos em um tom mais elevado, suas vozes ressoando em harmonia. Dorian fechou os olhos e se concentrou, tentando afastar os pensamentos sombrios. Sentiu as mãos de Tsu'tey em seu ombro, um lembrete de que não estava sozinho.

-- Confie em Eywa. _  Tsu'tey murmurou.

-- Eu confio. _ Dorian respondeu, embora a dúvida ainda estivesse presente.

Quando o ritual começou, uma luz brilhante envolveu Dorian; ele sentiu sua consciência se expandir. As imagens de sua vida, seus medos e seus sonhos, começaram a se desenrolar diante dele. Ele viu seu passado: as memórias do exército, a guerra, a dor e o sofrimento que havia causado. Mas também viu momentos de alegria, a amizade que havia construído com Tsu'tey, Sylwanin e Neytiri, e a beleza de Pandora.

Mas então, a luz começou a falhar. Dorian sentiu uma dor aguda, como se um cordão invisível estivesse sendo cortado. O zumbido em seus ouvidos aumentou, e ele percebeu que estava perdendo o controle.

-- Dorian! _ a voz de Tsu'tey ecoou em sua mente. -- Não desista!

Dorian tentou resistir, mas as convulsões começaram a dominar seu corpo. Ele sentiu a pressão do mundo ao seu redor desvanecer, e a consciência se tornava nebulosa. Ele estava dentro de um pesadelo, e, a cada segundo, a esperança se afastava mais.

-- Eywa, ajude-o! _  Tsu'tey implorou, a dor e o desespero transparecendo em sua voz.

Mas a mãe não respondia. Dorian estava preso, sua essência lutando para se conectar com a vida, mas o processo falhava. Ele sentiu a energia vital se esvair, e, por um momento, tudo que ele conhecia começou a desmoronar. Um grito irrompeu de sua boca, uma mistura de dor e súplica.

-- Tsu'tey! Eu não posso!_ A visão de Dorian começou a escurecer, o último vislumbre do mundo que amava se dissipando em sombras.

Os Na'vi ao redor começaram a sentir a intensidade da conexão se quebrar, e a expressão de Tsu'tey se transformou em um desespero absoluto. Ele se ajoelhou ao lado de Dorian, suas mãos pressionadas contra a superfície fria de seu corpo, como se isso pudesse ajudar Dorian a retornar.

-- Dorian, por favor! Você é forte! Não se entregue! _ ele gritou, a emoção transbordando em sua voz.

-- Tsu'tey... _ Dorian murmurou, sua mente um turbilhão de lembranças e sentimentos. Ele viu flashes da amizade deles, das risadas compartilhadas e das promessas feitas. -- Estou com medo...

-- Não tenha medo. Estou com você. _ Tsu'tey sussurrou, seu olhar intenso e protetor.

A luz da mãe começou a pulsar em um ritmo frenético, e Dorian sentiu uma pressão imensa em seu peito. Então, como um último ato de resistência, ele se lembrou da conexão que havia criado com a natureza. Ele pensou em Eywa, em toda a vida ao seu redor, na beleza daquela terra. E, em um momento de clareza, decidiu que não queria desistir.

-- Eywa, eu estou aqui! _ Dorian gritou em sua mente, uma última súplica. -- Eu quero viver! Eu quero ficar com Tsu'tey e com todos vocês!

Mas a resposta não veio. Em vez disso, Dorian sentiu uma onda de dor, e sua visão se tornava mais escura. Ele estava afundando, e os seus ouvidos começaram a emitir um som agudo e alarmante. Os rostos de seus amigos estavam se desfazendo em um borrão de luz e sombra.

-- Não, Dorian! _ a voz de Tsu'tey ecoou, cheia de pânico. -- Não! Você vai voltar!

E, naquele instante, Dorian sentiu que a conexão estava se quebrando. A dor era intensa, e o mundo ao seu redor parecia estar se apagando. Ele lutou contra a escuridão, mas ela o envolveu como uma névoa, e, com um último suspiro, ele entregou-se à escuridão.

A luz parou, e um silêncio pesado caiu sobre o espaço. Tsu'tey se levantou, desolado, as lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto ele olhava para o corpo, incapaz de aceitar o que acabara de acontecer. O eco da voz de Dorian ainda ressoava em sua mente, mas agora era apenas um sussurro distante.

-- Dorian, não... _ ele murmurou, a dor em seu coração se transformando em uma onda de desespero. O clã se reunia ao redor dele, seus rostos expressando a mesma tristeza. Neytiri, com lágrimas nos olhos, segurava a mão de Tsu'tey, compartilhando seu luto.

-- Ele foi corajoso. _ Neytiri disse suavemente, sua voz quebrando. -- Ele fez o que pôde.

Mas Tsu'tey não queria ouvir. Ele se afastou do corpo, o vazio em seu coração se tornando insuportável. Ele não podia deixar que Dorian partisse assim, sem uma chance, sem uma luta. A presença de Eywa era palpável, mas Tsu'tey precisava de mais. Ele precisava de um milagre.

-- Eywa! Ouça meu chamado!_  ele gritou, sua voz ressoando entre as árvores. -- Eu imploro! Dorian não pode ir assim! Ele pertence a este mundo! Você disse que ele pertencia a esse mundo!

E, como se a própria natureza respondesse à sua súplica, uma brisa suave começou a soprar, acariciando seu rosto. As folhas das árvores balançavam, e a luz da lua parecia brilhar com uma intensidade renovada. Tsu'tey fechou os olhos, permitindo que a energia do mundo ao seu redor o envolvesse.

-- Eywa, eu confio em você. Ele precisa voltar. Ele é parte de nós. _ ele implorou, a voz cheia de emoção.

Nesse momento, a conexão com Eywa se intensificou, e Tsu'tey sentiu uma presença calorosa invadir seu ser. Ele viu flashes de luz, cores vibrantes e a essência da vida pulsando ao seu redor. Ele sabia que Eywa estava ouvindo, que a deusa da floresta estava ali com eles.

𝗠𝗘𝗟𝗔𝗡𝗖𝗛𝗢𝗟𝗜𝗔  ; tsu'tey ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora