O lírio do meu jardim, mas que não era meu

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No meu jardim, onde o amor antes florescia,
agora só restam raízes mortas e sombras frias.
A paixão, que um dia foi um rio ardente,
é agora correnteza amarga e indiferente.

Ergue-se um lírio, isolado e sombrio,
um reflexo do meu próprio vazio,
pétalas que sangram em cor e fervor,
mas guardam o gosto amargo do rancor.

Luz distorcida de um desejo sufocado,
o coração pulsa, mas está mutilado.
Esse lírio, com beleza que encanta,
é como um espinho que arranha e espanta.

Oh, lírio envenenado e traiçoeiro,
teu encanto esconde um abismo inteiro.
Não és amor, és fogo que devora,
uma promessa que morre a cada aurora.

E assim, no jardim de um sonho desfeito,
o lírio jaz, sombrio, um espectro perfeito;
sua beleza é uma cruel ilusão,
reflexo de um coração em completa exaustão.

Pois quem ama esse lírio, em seu temor,
perde para sempre a fé no amor.

Cicatrizes e Flores: A Jornada de Dor Amor e Renascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora