Raptura da pele: Prisão de mim

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Na esquina do espelho, me encaro,
curvas que me traem, um corpo de farsa.
Por que esses malditos seios,
que pesam como correntes em meu peito?

Cada contorno uma prisão,
um labirinto de carne e confusão,
e a dor é um eco, pulsando em mim,
um corpo que não é, um ser sem fim.

Essas roupas pesadas, um fardo absurdo,
sorriso forçado, a máscara ideal,
abaixo das minhas pernas,
um corpo que não me escuta,
que grita com cada curva, cada gesto.

Às vezes me pergunto, quem é que tá aqui?
Esse rosto é um amigo ou um inimigo a me oprimir?
Desafiando os olhares, eu só quero mudar,
porque a liberdade que grita é o meu verdadeiro amar.

Eu só queria arrancar, esmurrar,
com a navalha da verdade, rasgar a pele que me trai.
Essas formas não representam,
são sombras de um sonho esquecido,
cada olhar que me observa,
é um lembrete do que não sou.

No peito, um vazio que grita a verdade,
sou um corpo, mas não sou só essa identidade,
e quando a navalha deslizar,
que seja um rito de passagem,
para o corpo que desejo habitar,
uma liberdade em cada cicatriz.

Então sigo nessa dança, sem medo de errar,
trocar de lugar, de pele, de papel,
porque a prisão que eu sinto não é só meu corpo,
é a liberdade que grita, é o meu verdadeiro amor.

Cicatrizes e Flores: A Jornada de Dor Amor e Renascimento Onde histórias criam vida. Descubra agora