The Syzygy 3: Despertar

Capítulo Final - Fique comigo

A tarde estava carregada de uma melancolia pesada, o céu nublado projetando sombras longas e frias sobre o cemitério. A brisa que soprava era gélida, trazendo consigo o cheiro da terra molhada e das folhas caídas, enquanto o vento sibilava por entre as lápides antigas. As nuvens densas que cobriam o céu pareciam uma extensão do próprio sentimento de tristeza que envolvia aquele lugar. O cemitério era silencioso, exceto pelo som dos passos lentos e firmes de Sparda, que caminhava entre os túmulos, uma sacola discreta balançando em sua mão.

Seu semblante era pesado, marcado pelos séculos de batalhas e sacrifícios. Mas naquele momento, seus olhos não estavam focados nas lutas ou nas memórias da guerra; eles estavam voltados para algo muito mais profundo, mais pessoal. Sparda finalmente parou diante de um túmulo simples, uma lápide que se destacava pela sua sobriedade em meio às outras, com o nome gravado: Eva. A mulher que ele amou e perdeu.

Ele se ajoelhou lentamente, com um gesto quase ritualístico, colocando as flores delicadamente sobre o túmulo. O silêncio ao redor era quase absoluto, como se o próprio cemitério respeitasse o momento íntimo que Sparda vivia. Ele se curvou em uma breve oração, seus olhos fechados, e por um instante, o som do vento pareceu cessar, como se até a natureza estivesse em reverência ao momento.

Em seguida, ele pegou uma pequena garrafa de whisky da sacola, uma que ele havia trazido especialmente para esta ocasião. O som do líquido sendo derramado em dois copos de vidro ecoou levemente pelo ar, um contraste suave em meio ao silêncio mortal. Sparda colocou um dos copos à frente do túmulo, como se estivesse servindo alguém que realmente estivesse presente, e segurou o outro em sua mão, observando o copo com olhos perdidos.

"A quanto tempo, Eva..." sua voz saiu em um sussurro grave, quase rouca, como se o peso dos anos e a dor da perda ainda apertassem sua garganta. Ele deu um leve sorriso, mas seus olhos revelavam um abismo de saudade. "Eu sinto tanto a sua falta... Não houve um só dia, desde que você se foi, que eu não tenha pensado em você."

Ele levou o copo à boca, tomando um longo gole do whisky, mas ao contrário do usual calor que a bebida proporcionava, ele sentiu apenas o vazio. Seus olhos permaneceram fixos no túmulo, como se, de alguma forma, ele esperasse que Eva pudesse responder, que sua presença se manifestasse diante dele.

"Desde o inferno... desde todas as batalhas que enfrentei... Queria que estivesse aqui comigo agora, para ver o quanto os nossos filhos cresceram." A voz de Sparda tremeu ligeiramente, enquanto ele passava a mão pelos cabelos prateados, o peso da paternidade e da ausência de Eva pesando mais do que qualquer armadura ou espada que ele já havia carregado. "Adelheid, Kayn, Veronica... Eles estão tão fortes, tão cheios de vida. Tenho tanto orgulho deles, mas... Eva, eles também sentem tanto a sua falta."

Ele fechou os olhos, uma onda de emoções o dominando por um breve momento. O whisky no copo balançou enquanto ele segurava firmemente, tentando não deixar transparecer o quão quebrado ele se sentia por dentro. Sparda, o lendário cavaleiro negro, um guerreiro imortal, agora, diante do túmulo de sua esposa, parecia tão humano quanto qualquer outro.

"Eu me pergunto," ele continuou, sua voz um pouco mais baixa, "como seria se você estivesse aqui agora. Se pudesse ver como nossos filhos se tornaram não apenas guerreiros, mas... seres humanos incríveis. Eles carregam tanto de você dentro deles, Eva. A força de Adelheid, a determinação de Kayn, a paixão de Veronica... Tudo isso vem de você."

Ele deu outro gole no whisky, desta vez mais lento, quase como se saboreasse o momento, não pela bebida, mas pela memória que ela trazia. Seu olhar voltou ao copo colocado sobre o túmulo, como se ele esperasse que Eva, de alguma forma, pudesse levantar aquele copo e brindá-lo. Mas não havia movimento. Apenas o silêncio ensurdecedor da morte.