Capítulo 21: A Tentativa de Leonardo

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Do outro lado da cidade, em um luxuoso apartamento no bairro Morumbi, Leonardo estava cercado por seus aliados mais próximos. O ambiente estava carregado de tensão enquanto ele analisava os últimos movimentos de Gustavo. Clara estava nas mãos deles, e a droga já começava a surtir efeito, enfraquecendo a jovem e deixando sua condição cada vez mais deplorável.

Leonardo andava de um lado para o outro, impaciente. Sua mente estava fervilhando de planos e contra-ataques, mas ele sabia que estava lidando com alguém imprevisível. Gustavo não era um adversário comum. Ele era meticuloso, implacável, e o que mais o aterrorizava: imprevisível.

— Eu disse que deveríamos ter esperado mais — disse Henrique, um dos homens de confiança de Leonardo. Ele estava sentado em um canto da sala, com um olhar apreensivo. — Atacar Gustavo assim, com Clara no meio... Isso vai explodir na nossa cara, Leonardo.

Leonardo parou e encarou Henrique com um olhar gélido, claramente irritado pela falta de confiança que sentia em sua própria equipe.

— Esperar? E deixar ele continuar com aquela pose de intocável? Não, Henrique. Isso tinha que acontecer agora. Ele precisava ser atingido onde mais dói. Clara é a chave para isso.

Mas Henrique não parecia convencido, e outro aliado, Luís, se juntou à conversa.

— A questão é que Gustavo é diferente. Ele já sobreviveu a guerras entre facções, conseguiu unir pedaços da máfia europeia e latino-americana e agora está mais forte do que nunca. Estamos falando de alguém que já deveria ter sido destruído inúmeras vezes, mas sempre encontra uma forma de voltar. Isso... Isso é perigoso, Leonardo.

O temor na voz de Luís era palpável. Ele havia visto Gustavo agir antes, de longe, mas sabia do que ele era capaz. Uma vez, em uma disputa territorial, Gustavo eliminou três chefes de cartel em menos de 24 horas, sem sequer sujar as mãos diretamente. Era como se ele previsse cada movimento de seus inimigos com precisão assustadora.

— Gustavo é o "Mogilevich" agora. Ele não vai simplesmente recuar ou ceder. Nós estamos mexendo com o filho do homem que comandava a máfia russa, um dos homens mais procurados pelo FBI. O que você acha que ele vai fazer quando descobrir que estamos por trás disso? — completou Henrique, agora com um toque de medo na voz.

Leonardo passou a mão pelos cabelos, visivelmente impaciente.

— Eu sei com quem estou lidando. É por isso que temos Clara. Se eu não fizer algo agora, ele vai me destruir. Gustavo não pode ser tratado como um ser intocável. Ele tem um ponto fraco, e nós vamos explorar isso até o fim.

Henrique olhou para os outros homens na sala, como se procurasse apoio. Ele sabia que Leonardo estava desesperado, mas não podia negar o risco. Leonardo podia ter o controle agora, mas Gustavo era uma tempestade silenciosa, prestes a explodir.

— E se ele descobrir que nós estamos usando Clara como isca? — perguntou Luís, hesitante. — Isso vai virar um massacre.

Leonardo parou, encarando seus homens. Ele sabia que havia desconfiança no ar, e isso o incomodava profundamente. Ele precisava ser mais firme.

— Se alguém aqui não está pronto para ver isso até o fim, sugiro que saia agora. Porque eu vou até o final. Não importa o que Gustavo possa ou não fazer. Nós temos uma chance, e se falharmos, é o fim de tudo.

A sala caiu em um silêncio pesado. Nenhum dos aliados ousou se levantar ou protestar. O medo do que Gustavo poderia fazer era real, mas também era o medo de falhar diante de Leonardo, que tinha seu próprio histórico sombrio de retaliações.

— Vocês estão comigo ou não? — Leonardo perguntou, a voz baixa e ameaçadora.

Henrique e Luís trocaram olhares, finalmente assentindo em silêncio. Eles sabiam que não havia mais volta. A decisão estava tomada, e o confronto com Gustavo era inevitável. O que restava agora era se preparar para o que viria a seguir... e todos ali sabiam que seria uma guerra.

Entre Olhares: Cúmplices de PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora