O relógio marcava quase dez da manhã quando Clara se encontrava inquieta, andando de um lado para o outro em sua sala de estar. Não sabia ao certo o que esperar daquele encontro com Gustavo. A noite anterior ainda estava fresca em sua memória — o toque de seus lábios, a força de seu corpo contra o dela, o calor que ambos sentiram. Mas o que mais a perturbava era o quanto aquele homem a intrigava. Ele não era como os outros.
Quando o carro preto chegou, pontualmente, Clara respirou fundo e seguiu em direção à porta. Lá fora, o motorista, um dos seguranças de Gustavo, esperava por ela. Sem trocar muitas palavras, ela entrou no veículo e, logo, estavam a caminho da imponente mansão de Gustavo.
Dentro do carro, Clara sentia seu coração batendo mais rápido a cada quilômetro percorrido. O que Gustavo queria conversar? Seria sobre o beijo? Ou seria algo mais? Havia muito que ela não sabia sobre ele, muito que ainda pairava como um mistério.
Ao chegar à mansão, Clara foi recebida pela mesma atmosfera de poder e controle que parecia envolver Gustavo. Subindo as escadas e atravessando o suntuoso hall de entrada, ela foi conduzida até um dos salões privados. Lá estava Gustavo, de pé ao lado de uma grande janela que oferecia uma vista panorâmica da cidade. Ele parecia calmo, mas Clara sabia que por trás daquela fachada serena, havia um turbilhão de pensamentos.
— Clara — ele disse, ao vê-la entrar, seus olhos fixos nela com uma intensidade familiar. — Fico feliz que tenha vindo.
Ela manteve a compostura, mas não pôde evitar sentir a tensão no ar. Gustavo se aproximou lentamente, o peso de sua presença quase palpável.
— Sobre o que queria conversar? — ela perguntou, tentando soar firme, apesar do nervosismo que sentia.
— Há muitas coisas que quero discutir — ele disse, a voz grave, carregada de um mistério que só fazia Clara se sentir mais ansiosa. — Mas, antes de tudo, eu preciso que entenda uma coisa... se continuar próxima de mim, você vai se envolver em algo muito maior do que pode imaginar.
Ela arqueou uma sobrancelha, sem conseguir decifrar completamente o que ele queria dizer. Gustavo deu alguns passos até ela, parando a poucos centímetros de distância. Seu olhar era intenso, quase perigoso.
— Eu não sou um homem fácil, Clara. E as pessoas ao meu redor... elas não são como qualquer uma. Há jogos de poder acontecendo que você não entende completamente ainda — ele pausou, como se estivesse ponderando o que deveria ou não revelar. — E quem está ao meu lado pode acabar se machucando.
Clara hesitou por um momento. Parte dela queria recuar, manter distância daquele homem tão cheio de segredos. Mas outra parte... aquela parte que ansiava por aventura, por algo diferente, a impulsionava a ficar.
— Eu sei que você tem segredos, Gustavo. E não espero que me conte tudo agora — ela disse, sua voz firme, mas suave. — Mas se você está me dizendo isso, então deve ser porque há algo em mim que você valoriza. Algo que quer manter por perto.
Gustavo sorriu de canto, o olhar sombrio suavizando-se por um breve momento.
— Você tem razão. Eu quero você ao meu lado, Clara. Mas quero que saiba os riscos. Pessoas como Leonardo, por exemplo... eles estão dispostos a tudo para me derrubar. E, se você estiver comigo, eles podem ver você como um alvo.
Clara ponderou por alguns instantes. Aquele nome, Leonardo, ecoava na sua mente desde a noite anterior. Ela sabia que havia algo perigoso acontecendo nos bastidores, mas não podia negar a atração que sentia por Gustavo. Havia algo nele que a puxava, algo que ela não conseguia ignorar.
— Eu sou mais forte do que você pensa — ela disse, com um sorriso desafiador. — E não vou fugir de algo só porque é perigoso.
Antes que Gustavo pudesse responder, Fernando entrou na sala, a expressão grave.
— Gustavo, sinto interromper, mas encontramos algo durante a investigação — ele disse, segurando um tablet. — Você precisa ver isso.
Gustavo estreitou os olhos, pegando o dispositivo das mãos de Fernando. Seus olhos escanearam a tela rapidamente, enquanto seu semblante se fechava ainda mais. Clara observava de longe, sem conseguir ouvir tudo, mas podia ver a mudança em Gustavo.
— Maldito... — Gustavo murmurou para si mesmo, antes de devolver o tablet para Fernando. — Continuem investigando. Quero todos os detalhes.
Fernando assentiu, saindo rapidamente da sala. Gustavo virou-se para Clara, seus olhos voltando àquela intensidade controlada.
— Parece que nossa conversa vai ter que esperar um pouco — ele disse, com um meio sorriso. — Eu preciso cuidar de algo. Mas prometo que vamos continuar isso em breve.
Clara assentiu, mas algo dentro dela já sabia que estava mais envolvida na vida de Gustavo do que havia imaginado. E não tinha certeza se estava pronta para isso.
Gustavo se aproximou novamente, segurando delicadamente sua mão.
— Confie em mim, Clara. Só mais um pouco.
Ela olhou nos olhos dele e, mesmo sabendo dos perigos, ela assentiu.
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Entre Olhares: Cúmplices de Paixão
RomansaEm Entre Olhares: Cúmplices de Paixão, Clara, uma mulher de espírito livre, cruza o caminho de Gustavo, um empresário poderoso e misterioso, dono de segredos sombrios e uma vida regada a excessos. Em um mundo onde controle e submissão são a regra, C...