Após a reunião, o ambiente estava carregado de tensão. Fernando distribuía armas, coletes e coordenava os preparativos como um general prestes a marchar para a batalha. Gustavo, por sua vez, se isolou na sala de treino, seu corpo vibrando de raiva enquanto acertava violentamente os sacos de boxe. Cada soco que desferia parecia carregar o peso da frustração, da impotência e do medo pelo que poderia acontecer a Clara.
O suor escorria de seu rosto enquanto ele desferia golpes, mas o ódio ainda não parecia suficiente para aliviar a dor que sentia. De repente, um de seus assistentes, nervoso, se aproximou com um tablet nas mãos.
— Senhor, recebemos algo — disse o assistente, hesitante ao entregar o dispositivo.
Gustavo pegou o tablet, suas mãos firmes, mas seu coração acelerado. Ao apertar o "play", o vídeo revelou Clara. Ela estava amarrada a uma cadeira, com os olhos pesados e movimentos lentos. Era evidente que ela havia sido drogada. Seus lábios estavam secos, e sua cabeça pendia para o lado, como se lutasse contra a inconsciência. Apesar disso, seu rosto mostrava sinais de resistência, mas o estado deplorável em que se encontrava fez o sangue de Gustavo ferver instantaneamente.
Sem pensar, ele desferiu um golpe tão forte no saco de boxe que o rasgou ao meio. Areia e fragmentos de couro voaram por toda a sala. Com um segundo soco, o outro saco quebrou da mesma forma, espalhando-se pelo chão. O silêncio que se seguiu foi pesado, exceto pelo som da respiração
acelerada de Gustavo. Seus olhos
estavam fixos no vídeo de Clara, e cada segundo aumentava seu desejo por retaliação.- Acelerem tudo! - gritou Gustavo, sua voz reverberando pelas paredes. — Quero tudo pronto em menos de uma hora! Eles tocaram no que é meu, e isso vai custar caro!
Enquanto os assistentes e seguranças corriam para seguir suas ordens, o telefone de Gustavo começou a tocar. O
nome no visor fez seu coração disparar: Leonardo.Ele apertou o botão para atender, mas permaneceu em silêncio. Do outro lado da linha, a voz de Leonardo soou calma, com um leve tom de deboche.
- Gustavo... não se preocupe, Clara está "segura". Por enquanto.
- Leonardo... - Gustavo rosnou, segurando o telefone com tanta força que parecia que o aparelho poderia se partir a qualquer momento. - O que você quer? Se você a machucar, eu juro que vou acabar com você, com Vitor, e com qualquer um que se coloque no meu caminho.
Leonardo soltou uma risada fria.
- Sempre tão dramático, Gustavo. Você deveria saber que não sou um
monstro... ao menos, não sem motivo. Clara está comigo para garantir que você entenda as regras deste jogo. E não, ela não está em perigo. Pelo menos, por enquanto. Mas você precisa decidir até onde está disposto a ir por ela.Eu vou até o inferno se for preciso - respondeu Gustavo, com um tom
ameaçador. —Mas antes, você verá tudo o que construiu desmoronar.Leonardo fez uma pausa, como se
estivesse medindo as palavras antes de
responder.- Interessante... gosto dessa sua intensidade. Mas entenda, você não está no controle agora. Se tentar qualquer coisa imprudente, Clara será a primeira a pagar o preço. Já dei a você um aviso. Agora, o próximo passo é seu.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Gustavo fechou os olhos, tentando controlar a fúria que queimava dentro dele. Ele sabia que não poderia agir por impulso, não agora. Cada decisão tinha que ser precisa, calculada.
- O que você quer, Leonardo? - perguntou Gustavo, sua voz mais calma, mas ainda mortalmente séria.
- Ah, Gustavo, o que eu sempre quis: o que é seu. Seus negócios, seu poder... tudo. Mas agora, há algo mais - Leonardo fez uma pausa, sua voz
tornando-se mais baixa e ainda mais
fria. —Clara. Ela está se tornando uma peça interessante no tabuleiro. E estou curioso para ver até onde você vai por ela.Gustavo sentiu a bile subir em sua garganta, mas manteve a compostura.
- Se você a tocar de novo, Leonardo, será a última coisa que você fará. Vou destruir você, sua rede, e qualquer um que tente me impedir.
Leonardo riu novamente, mas dessa vez foi uma risada mais curta, quase
cortante.- Veremos, Gustavo. Veremos.
A ligação foi interrompida. Gustavo olhou para o telefone por um momento, a mente funcionando a mil. Ele precisava pensar rápido. Clara estava nas mãos de Leonardo, e qualquer erro poderia custar a vida dela. Ele sabia que estava em uma posição delicada, mas a raiva que sentia o impedia de ceder ao medo.
Ele chamou Fernando novamente, sua voz grave e carregada de determinação.
- Quero todas as equipes prontas esta noite!
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Entre Olhares: Cúmplices de Paixão
RomansaEm Entre Olhares: Cúmplices de Paixão, Clara, uma mulher de espírito livre, cruza o caminho de Gustavo, um empresário poderoso e misterioso, dono de segredos sombrios e uma vida regada a excessos. Em um mundo onde controle e submissão são a regra, C...