Capítulo 25: A Rainha e o Peão

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Gustavo invadiu o escritório com a fúria de um leão. Do lado de fora, seus homens davam conta dos últimos capangas de Leonardo. O ar estava carregado de tensão, sangue e pólvora, mas no centro daquele caos, Leonardo estava sentado, relaxado, com um sorriso frio e calculista nos lábios.

— Sempre tão impetuoso, Gustavo. — Leonardo murmurou, sem sequer levantar-se da cadeira. — Você sabia que os impérios mais poderosos caíram não por suas falhas militares, mas por suas fraquezas emocionais?

Gustavo, ainda de arma em punho, aproximou-se com passos firmes.

— Pare de enrolar, Leonardo. Isso acaba agora.

Leonardo não se intimidou. Ele continuou seu discurso filosófico, sua voz ecoando em cada canto do escritório destruído.

— Dalila derrubou Sansão. Rubens traiu seu pai e perdeu tudo. Davi destruiu sua própria vida por causa da mulher de um amigo. E o sábio Salomão... — Leonardo sorriu. — Teve mais de quinhentas mulheres à sua disposição, mas bastou uma para causar sua queda. O poder de uma mulher, Gustavo, é algo que subestimamos até ser tarde demais.

Gustavo, impaciente, apertou o gatilho, mas sua arma estava sem munição. Um sorriso sarcástico se formou nos lábios de Leonardo.

— Sempre tão previsível.

Sem esperar mais, Gustavo avançou e os dois homens colidiram com a força de titãs. A luta era brutal, cada golpe desferido com uma fúria antiga, um ódio acumulado ao longo de anos. O escritório se tornava um campo de batalha, móveis quebrando, paredes trincando com o impacto de seus corpos. A sede de vingança de Gustavo estava transbordando.

Enquanto a batalha corpo a corpo se intensificava, do lado de fora, passos silenciosos cortavam o corredor repleto de cadáveres. Uma figura habilidosa e ágil derrubava, um a um, tanto os homens de Gustavo quanto os de Leonardo, como se fossem meros obstáculos. Ninguém conseguia detê-la.

No escritório, Gustavo tinha Leonardo dominado no chão, prestes a terminar tudo, quando uma presença gelada se fez sentir. Antes que pudesse reagir, ele foi atingido por trás, caindo no chão com um grito de dor enquanto segurava sua perna ensanguentada.

— Como eu disse, Gustavo... — Leonardo riu, levantando-se com dificuldade. — Isso está apenas começando.

A figura misteriosa se aproximou, e Gustavo, ainda atordoado e com a visão turva, viu um par de sapatos de salto e uma silhueta familiar. Seus olhos arregalaram-se ao reconhecer quem estava à sua frente.

— Clara...? — Sua voz estava carregada de incredulidade.

Clara o olhou com frieza, um sorriso de escárnio dançando em seus lábios. Ela jogou algo aos pés de Gustavo: o cordão sujo de sangue de André.

— Sinto muito, Gustavo. — Ela falou com desdém.

Leonardo, por sua vez, começou a rir de puro prazer.

— Desde o começo, Gustavo. Foi desde o primeiro encontro. Clara foi minha chave para destruir você. Aquele incidente na festa, lembra? Clara que facilitou minha entrada. E foi ela quem eliminou os seus homens... enquanto você estava cego pela sua obsessão.

Gustavo, agora derrotado tanto física quanto emocionalmente, apenas olhava para Clara com olhos de dor.

— Por quê? — Ele perguntou, a voz fraca.

Clara inclinou-se sobre ele, seus olhos brilhando com uma fúria fria.

— Dez anos atrás, Gustavo... você tirou tudo de mim. Minha família... minha irmã... Natasha.

Gustavo ficou em silêncio, tentando lembrar. E então, Leonardo completou a história:

— Ah, sim... Natasha. A irmã mais velha de Clara. Uma bela peça no nosso xadrez de morte. A família dela era a rival do seu pai. E você foi o carrasco que assinou a sentença de morte deles.

Leonardo olhou para Clara, que continuava impassível.

— O que você não sabia, Gustavo, é que Clara nunca foi a donzela indefesa. Ela foi a rainha. E você, apenas um peão nesse jogo.

Entre Olhares: Cúmplices de PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora