☹ Drawing ☹

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- Eu guardo aqui todos os seus bilhetes. - Louis agachou-se para alcançar algo em baixo da sua cama e retirou dos fundos uma pequena caixa de enfeites amáveis, uma cor cremada preenchia o tecido da caixa e um laço rosado prendia a tampa que fora retirado em seguida para ser aberto. - É um segredo nosso! - Ele ergueu o olhar para mim, mostrando seus lindos dentes cheio de esperança.

Seu quarto era inteiramente de cores vivas e delicadas; pôsteres de The Kooks, Foster The People e The Black Keys foram premidos contra a parede, volvendo um tom Indie em um canto; e eu sentia um perfume doce, com um certo cheiro de morango adejar no lugar.

Tudo era perfeito.

- Aqui! - Ele avisou com um pulinho até se sentar sobre a beira da cama junto comigo, que revirava os papéis tão pequenos mas com palavras que pareciam não ter fim. Eles haviam adesivos perfumados e, obviamente, rosas.

- Isso é incrível, mas há um porém... - Louis me encarou confuso após a minha pausa. - ... Minha letra é horrível. - Rimos.

- Idiota - Me deu um leve tapa no braço. - Não é, é linda a sua letra - Sorri vitorioso com seus elogios.

Entre os papéis brancos, avistei algo de traços e cores mais detalhadas, um corpo se formava sobre o papel. Era um desenho, então puxei até pousá-lo sobre a minha mão, espantando o menino ao meu lado.

Pela delicadeza exposta no garoto desenhado, percebi que era o próprio Louis desenhado na simples folha.

- Este desenho é seu? - Indaguei encantando com as cores do suéter combinarem com o rosto avermelhado do rapaz pintado. - É tão lindo e tão... Você!

- Nã-não... Na verdade, Ryan desenhou. - Assustou-me com o nome citado, suspirei discretamente para não agir como um babaca.

- Você gostava muito dele, não é? -Houve um silêncio constrangedor, Louis fincou fortemente os dentes no próprio lábio com o olhar desviado do meu. Aquilo pareceu um sim.

- E-eu já gostei dele - Respondeu encabulado. - Antes, achava que ele realmente me amava e cuidava de mim, mas depois ele virou um bêbado imundo que descumpriu todas as nossas promessas - As lágrimas vertiam. - Essa é a razão de eu ter medo de me apaixonar de novo, entende? - Acariciava meigamente suas costas encurvadas.

Parecia um passado repleto de histórias, mas que assombravam o presente de Louis, e eu não sabia o que fazer em concernente.

- Podemos apagar o passado e viver o presente, babe - Levantei-me com um impulso súbito, espantando Louis. - E bagunçar ouvindo The Kooks - Completei, ao ver o CD já adentrado no aparelho de som sobre a escrivaninha branca, acompanhada de canetinhas em copos com desenho de flores. - Prometi bagunça, hm?

E assim, Bad Habit era a música que tocava. A batida colidia com as paredes, e a minha voz estrondeava mesmo ás vinte e quarenta. Louis ria baixinho, secando as lágrimas que mantinham estáveis em seu rosto. Meneava de leve meu corpo como alguém desnorteado, estendi minha mão para o menino encolhidinho ali e dei uma piscadela.

- Quer dançar? - Perguntei com um tom de firmeza e, talvez, sensual.

- Sério? - Assenti. - Eu topo! - Ele entrelaçou nossos dedos e ergueu-se da cama.

Dançávamos como se nada tivesse limite, cantávamos ao ritmo da música agitada e ríamos como duas crianças se divertindo. Era a melhor noite que estávamos criando.

- You say you want it, but you can't get it in. You got yourself a bad habit for it. Oh look at you! - Cantamos em simultâneo, com os braços levantados que balanceavam no ar. - Essa letra... Essa letra me lembra você - Disse eu, Louis aproximou-se de mim sorrindo, e me abraçou na ponta dos pés, mergulhando seu rosto em meu pescoço, afaguei sua cintura.

- Eu te amo, vizinho - Sua voz fora abrasada em minha pele, mas pude sentir perfeitamente a delicadeza em suas palavras.

✿ NEIGHBOR ✿ L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora