Capítulo 5: Memorias

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No dia seguinte, Max decidiu tirar um dia de folga. Ele pediu à mãe que preparasse uma cesta de piquenique cheia das comidas que Jade adorava, determinado a fazer as pazes com ela. Após tudo estar pronto, ele seguiu em direção ao estábulo, onde sabia que Jade estaria com Liberdade.

Quando chegou, encontrou Jade fazendo carinho no cavalo, um sorriso radiante no rosto. Mas, ao perceber a presença de Max, seu olhar se fechou e ela puxou Liberdade para longe.

— Jade! — Max chamou, segurando o braço dela para impedi-la de ir. — Tirei o dia de folga. Vamos fazer aquele piquenique!

Ela olhou para ele, hesitante.

— Não. — Jade respondeu, cruzando os braços.

— Sinto muito pelo jeito que falei, mas você precisa entender que não posso largar meu trabalho quando você quer. — Max explicou, tentando manter a calma.

— Mas eu sou sua patroa! Você deveria fazer tudo o que eu quero! — Jade retrucou, tentando soar brincalhona, mas sua voz tinha uma ponta de seriedade.

— Ainda não, Jade. — Max disse, revirando os olhos.

Ele respirou fundo, tentando ser paciente.

— Olha, que tal você parar de ficar brava comigo e ir no piquenique? Sinto muito pela forma como falei. — sugeriu, tentando esboçar um sorriso.

Jade hesitou, mas logo seus olhos brilharam.

— Ótimo! Fiz várias programações! — ela respondeu, rindo.

Max sorriu, divertido.

— Como você fez tantas programações se acabei de convidar você? — perguntou, rindo.

— Meu pensamento é rápido! — Jade afirmou, piscando um olho.

Os dois escolheram um lugar bonito à beira de um riacho, cercado por árvores floridas e flores silvestres. Enquanto se acomodavam, Max começou a contar sobre sua vida na cidade, as aulas e as amizades que havia feito.

— E a faculdade é bem diferente da escola, sabe? — Max comentou, animado. — É tudo tão novo e empolgante!

— Eu sempre tive curiosidade sobre a faculdade. Às vezes, pergunto para a Patrícia sobre como é. — Jade respondeu.

Max a olhou com interesse.

— E você não sente vontade de fazer também? — ele perguntou.

— Na verdade, não quero deixar meus pais. Eu amo essa fazenda, tudo aqui, e sei que meu pai tem muitas preocupações em relação a mim. Às vezes, acho que o fato dele pagar a faculdade para todos os filhos dos funcionários é porque, no fundo, ele gostaria que eu fizesse também. Mas ele tem medo de que eu não volte para a fazenda, sei lá... — Jade explicou, seus olhos perdendo-se em pensamentos.

Max a ouvia atentamente, admirando como ela estava se abrindo. Eles compartilharam histórias sobre seus dias e, em meio a risadas e provocações, decidiram andar a cavalo pelos campos da fazenda.

— Olha, aqueles coelhos! — Jade exclamou, apontando para os pequenos animais pulando entre os arbustos.

Max seguiu o olhar dela, sorrindo ao ver a empolgação.

— Vamos lá ver! — sugeriu, e os dois foram em direção aos coelhos, rindo e se divertindo.

Depois, passaram por um cercado com porquinhos-da-índia, e Jade não conseguiu conter as risadas ao ver os pequenos animais se enfiando entre as folhas.

O dia passou assim, entre brincadeiras e risadas, até que, ao final, Jade começou a se sentir cansada. Max, percebendo isso, ofereceu ajuda.

— Você está cansada, Jade. Vou te carregar nas costas! — disse, agachando-se para que ela subisse.

Ela sorriu, um pouco relutante, mas acabou aceitando.

— Sinto muito pelo que disse sobre suas roupas. Na verdade, você é linda com elas. Só me preocupo porque você pode se machucar. — Max confessou, seu tom de voz mais sério.

Jade olhou para ele, surpresa.

— Obrigada, Max. Eu só queria me sentir mais... eu mesma. Às vezes, é difícil ser vista como mais do que uma "princesa" da fazenda.

— Eu entendo. — Max respondeu, parando para olhá-la nos olhos. — Mas você é mais do que isso, Jade. Você é forte e inteligente, e eu admiro isso em você.

Jade sorriu timidamente, e ambos sentiram que as coisas estavam finalmente se acertando entre eles.

— Vamos continuar a explorar? — Jade perguntou, animada.

— Claro, mas se você se cansar de novo, vou carregar você de novo! — Max brincou, fazendo-a rir mais uma vez.

E assim, o dia continuou, cheio de novas memórias e risadas, deixando para trás as mágoas do passado. Após o piquenique, Max e Jade decidiram voltar para a fazenda, ambos sentindo que tinham se aproximado um pouco mais. Enquanto caminhavam, Jade não parava de falar sobre as coisas que queria fazer durante as férias e o que sentia falta na fazenda. Max a ouvia atentamente, seus olhos brilhando com cada palavra que ela dizia.

— Você precisa vir comigo na próxima colheita de pêssegos! — Jade disse, animada. — Podemos fazer doces juntas e vender na cidade. Vai ser divertido!

Max sorriu, imaginando as travessuras que poderiam fazer.

— Eu adoraria ajudar, mas não sei se Claudio me deixaria — respondeu, com uma expressão pensativa.

— Ele vai deixar! — Jade insistiu, batendo levemente no braço dele. — Além disso, você agora é o veterinário da fazenda. Tem que se envolver nas outras coisas também!

A conversa continuou leve, mas logo a diversão se transformou em um momento de silêncio enquanto eles se aproximavam da casa. Jade ficou pensativa, e Max notou a mudança de humor.

— O que foi? — ele perguntou, preocupado.

— Às vezes, fico pensando se estou fazendo a escolha certa em ficar aqui, sabe? — Jade confessou, olhando para o chão. — Tenho tanto medo de não ser suficiente ou de decepcionar meu pai.

Max parou e virou-se para ela, pegando delicadamente seu queixo para que ela o olhasse nos olhos.

— Jade, você é mais do que suficiente. E seu pai só quer o melhor para você. Não se preocupe tanto com o que ele pensa. Siga seu coração — disse ele, a sinceridade em sua voz a fazendo sentir-se mais leve.

Ela sorriu, grata pelas palavras dele. A conexão entre eles estava se aprofundando, e Jade percebeu que Max não era apenas um amigo, mas alguém em quem ela podia confiar.

Na fazenda, o clima estava agitado com os preparativos para a próxima festa. Enquanto isso, Jade e Max foram até o estábulo para verificar os cavalos. Lá, encontraram Cleiton e Cristiane conversando animadamente.

— Oi, vocês dois! — Cristiane cumprimentou, dando uma olhada curiosa para Jade. — Como foi o piquenique?

— Foi ótimo! — Jade respondeu, animada, esquecendo a briga anterior. — Max até me carregou nas costas!

Max soltou uma risada, enquanto Jade olhava para ele, seus olhos brilhando.

— E você, Cleiton? Está preparado para a festa? — Max perguntou, mudando de assunto.

— Sempre! — Cleiton respondeu, piscando. — E você, Cristiane, já decidiu como vai dançar na festa?

Cristiane sorriu, começando a dançar levemente enquanto todos riam. A leveza e a alegria eram contagiantes, e Max olhou para Jade, vendo seu rosto iluminado pelo riso.

— Você também precisa dançar, Jade! — Cleiton desafiou.

— Eu? Dançar? — Jade retrucou, rindo. — Nunca!

— Claro que sim! — Max se juntou à brincadeira. — Se você pode me carregar nas costas, pode dançar também!

Ela se afastou, fazendo uma expressão de desafio.

— Tudo bem, então vamos ver quem dança melhor na festa! — Jade disse, seu espírito competitivo aflorando.

Os quatro continuaram a conversar e a planejar os detalhes da festa, a atmosfera alegre e cheia de risadas. Jade estava começando a perceber que, apesar de suas inseguranças, havia um lugar para ela ali, e que Max estava ao seu lado.

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