Capítulo 8: O Peso da Rotina e Olhares Escondidos

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Depois de um dia exaustivo na fazenda, Jade estava deitada em sua cama, tentando relaxar. O cansaço era físico, mas sua mente estava longe de descansar. Ao seu lado, seu celular vibrou com uma mensagem de Patrícia, e logo as duas estavam conversando animadamente.

— E aí, como está sendo cuidar do bezerro? — perguntou Patrícia, rindo do outro lado da linha.

— Está tudo bem, só que a rotina aqui está pesada com meu pai e o Fred fora. Max está com muito trabalho. Nem nos falamos direito nos últimos dias. — Jade respondeu, virando-se na cama enquanto brincava com uma mecha de cabelo.

Patrícia fez uma pausa antes de perguntar com um tom mais malicioso:

— E Max... como ele está?

Jade franziu a testa, sem entender a direção da conversa.

— O Max? Ele está bem. Só cansado com todo esse trabalho. Por quê?

Patrícia riu levemente do outro lado.

— Ah, Jade... você é tão inocente às vezes. Você não percebe, mas ele faria tudo por você. Ele gosta de você, sabia?

A frase fez Jade se sentar na cama, surpresa.

— O quê? — Jade exclamou, a incredulidade na sua voz. — Max não gosta de mim desse jeito! Somos amigos desde sempre. Eu nunca vi as coisas dessa forma, Patrícia.

— Ah, Jade... — Patrícia suspirou com um sorriso na voz. — Talvez você nunca tenha olhado para ele desse jeito. Mas eu vejo as coisas de fora. Presta atenção nos sinais.

Jade ficou em silêncio, processando o que Patrícia disse. Será que ela estava certa? Max sempre foi apenas seu amigo, seu parceiro nas aventuras da infância. Mas agora, depois de tantos anos separados, ela começou a perceber que ele havia mudado... ou será que era ela quem tinha mudado?

O Encontro no Estábulo

No final da tarde, Jade decidiu ir até o estábulo verificar Liberdade. Quando chegou, ela parou ao ouvir um som familiar. Max estava lá, de costas para ela, concentrado em organizar o local. Ele parecia cansado, seus movimentos mais lentos que de costume, mas ainda assim, sua postura era firme e determinada.

Jade ficou ali, escondida entre as tábuas, observando-o. Algo nela parecia diferente hoje. Ela nunca havia parado para realmente olhar Max dessa forma. Seus cabelos loiros estavam bagunçados pelo dia longo de trabalho, mas ele ainda usava uma camisa social branca que realçava seus ombros largos e o peito forte. A barba loira, levemente desgrenhada, dava a ele um ar de maturidade que nenhum outro rapaz da fazenda possuía. As veias saltadas em seus braços fortes enquanto ele carregava as ferramentas... havia algo inegavelmente bonito ali.

Jade sentiu o rosto queimar ao perceber que estava o admirando de um jeito que nunca tinha antes. Por que estava olhando para ele assim? Ele era o Max, seu amigo de infância... não era?

Max então virou-se, notando a presença dela, e sorriu, sem perceber o turbilhão de emoções que ela sentia.

— Oi, Jade. Tudo bem? — ele disse, com aquele tom despreocupado que sempre usava com ela.

Jade, ainda perdida em pensamentos, demorou a responder. Quando percebeu que ele a estava encarando, ela saiu do transe, completamente envergonhada.

— Seu... seu idiota! — ela soltou, vermelha como nunca antes, virando-se rapidamente para sair dali, sem saber como lidar com os sentimentos novos que a invadiam.

Max ficou parado, perplexo com a reação dela. "O que foi que eu fiz?" ele se perguntou, vendo-a correr para longe. Ele não fazia ideia do que estava acontecendo.

Dois dias de trabalho pesado

Os dias seguintes foram intensos na fazenda. Com Claudio e Fred ausentes, as responsabilidades caíram todas sobre Max, que precisou dobrar seus esforços para garantir que tudo estivesse sob controle. O peso das decisões e do trabalho estava evidente em cada movimento que ele fazia. Além de cuidar dos animais, Max precisou se envolver mais com a supervisão das plantações e organizar as atividades dos trabalhadores.

Ele passava o dia inteiro no campo ou nos estábulos, verificando o gado, cuidando de vacas prenhas e garantindo que tudo funcionasse como deveria. A pressão era enorme, mas Max mantinha o foco, tentando não deixar a exaustão dominar.

Enquanto isso, Jade também estava ocupada. Ela ajudava sua mãe, Julieta, e as outras mulheres na colheita e no cuidado com a horta. Com a temporada das goiabas chegando ao fim, todos estavam envolvidos na produção dos doces e compotas que seriam vendidos e distribuídos na cidade. O trabalho era intenso, e Jade mal tinha tempo para pensar na estranha conversa com Patrícia ou no constrangimento que sentiu ao ver Max no estábulo.

Os dois passaram dias sem se ver. Jade estava sempre na horta ou ajudando na cozinha, enquanto Max se dividia entre os estábulos e os campos. À noite, ambos desabavam de cansaço, sem nem perceber a ausência um do outro, imersos em suas rotinas exaustivas.

No entanto, mesmo sem perceber, algo havia mudado. A imagem de Max em sua mente continuava a aparecer nos momentos de distração, e Max, por mais que negasse para si mesmo, também se via pensando em Jade com mais frequência do que antes.

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