Mesmo com o receio de que o relacionamento com Max pudesse não ser bem aceito, Jade sabia, no fundo, que seu pai adorava Max. Claudio sempre teve um carinho especial por ele, e Jade sentia que, de algum jeito, o apoio viria. No entanto, o medo de enfrentar esse assunto com seus pais a fazia hesitar. Ainda assim, Jade não queria que seu relacionamento mudasse drasticamente a rotina entre ela e Max. Eles sempre foram próximos, e ela não estava disposta a deixar que isso mudasse de repente.
Os dias continuaram normalmente na fazenda. Jade, sempre impecável com seus lindos vestidos de renda para o dia a dia e para os eventos especiais calças , passava suas tardes ajudando um pouco na horta, cuidando das plantações, brincando com os animais e, claro, vigiando Liberdade, sua égua preferida, que estava prestes a dar à luz. A cada dia, Jade contava os momentos ansiosa pelo nascimento do potro, e Max sempre aparecia para conferir se estava tudo correndo bem com o animal.
Uma tarde, Jade passeava pela fazenda, seus pensamentos perdidos enquanto caminhava até o cercado dos coelhos. Foi lá que ela encontrou Max, agachado, alimentando alguns dos pequenos animais. Com um sorriso travesso, Jade não resistiu e pulou em suas costas, pegando-o de surpresa.
— Ei, Jade! Cuidado! — Max exclamou, quase derrubando o feno que segurava.
— Desculpa! — Ela riu, envolvendo seus braços em volta dele. — Só queria um abraço.
Max se virou com um sorriso nos lábios e a abraçou carinhosamente.
— Não pode só pedir um abraço como uma pessoa normal? — brincou ele, apertando-a suavemente.
Jade retribuiu o abraço, sentindo-se segura ali, e então se afastou um pouco, os olhos brilhando com uma ideia.
— Ei, tive uma ideia! — disse ela, animada. — Vamos na cidade mais tarde? Eu preciso comprar umas coisas também, e você vai comigo!
Max arqueou as sobrancelhas, mas logo sorriu.
— Um passeio na cidade? Boa ideia. Preciso mesmo comprar alguns remédios para os animais. E parece que você está animada — comentou, rindo da energia dela.
— Ebaaa! Vou me trocar! — Jade saiu correndo, dando pequenos pulos de alegria enquanto seguia em direção à casa.
Ao passar pela sala, ela viu sua mãe, Julieta, bordando pacientemente, enquanto seu pai, Claudio, estava sentado em uma cadeira ao lado, tomando seu chimarrão.
— Tudo bem, filha? — Julieta perguntou, sem levantar os olhos do bordado.
— Sim, mãe. Vou na cidade com Max — respondeu Jade, já abrindo a porta.
Claudio, sempre atento, comentou, sem surpresa:
— Claro, com quem mais seria, né? — disse ele, num tom divertido.
Julieta riu, acompanhando a fala do marido, enquanto dava um sorriso carinhoso.
— Sim, sim... Sempre Max — ela murmurou, rindo, enquanto Jade saía correndo da casa, acenando alegremente.
Já na cidade, Jade e Max caminhavam lado a lado pelas ruas de paralelepípedo, com uma atmosfera familiar ao redor. Ao passarem por uma sorveteria que ficava na esquina de uma das ruas principais, Jade parou de repente, seus olhos brilhando com uma lembrança.
— Max, olha... Essa sorveteria! — ela apontou com um sorriso nostálgico. — Você lembra como eu sempre vinha aqui com meu pai? Toda vez que vínhamos à cidade, ele me trazia para comprar sorvete.
Max olhou para o lugar, percebendo que, apesar do tempo, nada parecia ter mudado ali. Ele assentiu, lembrando-se também de quando Claudio os trazia.
— Claro que lembro. Você sempre pedia o mesmo sabor de morango com chocolate, né? — ele disse, sorrindo ao ver que ela ainda tinha o mesmo entusiasmo.
— Isso mesmo! — Jade riu. — E parece que nada mudou aqui... Nem as mesinhas, nem o balcão... Como se o tempo tivesse parado.
Os dois entraram na sorveteria, o aroma doce e familiar de casquinhas frescas e sorvete preenchendo o ar. Eles pediram seus sabores preferidos, e Jade não pôde evitar se perder em memórias antigas enquanto saboreava o sorvete.
— Eu adoro esse lugar — comentou ela, lambendo uma pequena gota de sorvete que escorria pela casquinha. — Parece que cada vez que venho aqui, volto a ser aquela menininha de anos atrás, correndo por essas ruas com meu pai.
Max a observou em silêncio por um momento, admirando a forma como Jade sempre parecia encontrar alegria nas coisas simples.
— Isso é bom, Jade — disse ele, sua voz suave. — É bom ter lugares que nos fazem sentir em casa.
Depois de terminarem o sorvete, eles continuaram andando pelas ruas tranquilas da cidade, conversando e rindo, aproveitando o tempo juntos sem pressa. O sol estava começando a se pôr, e as sombras da tarde alongavam-se pelas calçadas, criando um cenário perfeito para o passeio.
Mesmo com as palavras de Fred ainda ecoando na cabeça de Max, ele sabia que, ao lado de Jade, o peso das incertezas parecia se dissipar. As risadas, as lembranças e os momentos que compartilhavam o faziam acreditar que, de alguma forma, tudo daria certo. O que eles tinham era forte demais para ser ignorado.
E enquanto caminhavam de volta para a fazenda, Max olhou para Jade e soube que não havia lugar no mundo em que ele preferisse estar.