Capítulo 10: Proibido e Confrontos

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Depois daquele beijo intenso no riacho, Max e Jade se afastaram, ambos ofegantes, mas com os corações batendo em um ritmo que finalmente parecia sincronizado. No entanto, sabiam que a realidade os esperava.

— Precisamos manter isso em segredo por enquanto — Jade sussurrou, olhando para Max com preocupação nos olhos. — Meu pai... ele jamais aceitaria isso.

Max concordou, embora o peso da responsabilidade o sufocasse. Ele sabia que Claudio e Fred veriam aquilo como uma transgressão. Para eles, Max era apenas um funcionário, enquanto Jade era a filha do dono. As diferenças sociais eram uma barreira que não podiam ignorar.

— Eu sei, Jade. Vamos manter isso entre nós por enquanto — Max disse, segurando a mão dela firmemente. — Mas não quero que isso seja escondido para sempre.

Jade sorriu suavemente e assentiu.

Nos dias que seguiram, Max e Jade se viam às escondidas, trocando olhares furtivos e momentos rápidos de carinho longe dos olhos curiosos da fazenda. No entanto, as pessoas começaram a desconfiar. A maneira como Max olhava para Jade, ou como ela sempre parecia encontrar uma desculpa para estar perto dele, levantava sussurros entre os funcionários.

Fred foi o primeiro a perceber que algo estava fora do normal. Ele notava as ausências frequentes de Max e como ele sempre parecia distraído. Certa manhã, após ter ouvido alguns boatos que circulavam pela fazenda, Fred decidiu que era hora de confrontar o filho.

— Max, podemos conversar? — Fred chamou, a voz firme, mas havia um tom de seriedade que Max reconhecia. Eles estavam nos estábulos, e Max, que estava alimentando os cavalos, parou e se virou.

— Claro, pai. O que foi?

Fred respirou fundo, cruzando os braços. A preocupação estava clara em seu rosto.

— Andam falando de você e Jade... Dizem que vocês estão próximos demais.

Max ficou tenso. Ele sabia que esse momento chegaria, mas não esperava tão cedo. Tentou manter a calma.

— Não sei do que estão falando, pai. Nós somos amigos, sempre fomos.

Fred balançou a cabeça, a expressão ficando mais dura.

— Não minta para mim, Max. Eu conheço meu próprio filho. Sei quando algo está acontecendo. E eu quero que isso pare imediatamente — Fred disse, sem rodeios. — Jade é a filha do seu chefe, e você... você é só um funcionário aqui. Claudio jamais aprovaria isso. E, para ser sincero, nem eu.

Max sentiu a raiva crescendo dentro de si. Ele sempre se sentiu julgado pelo pai, nunca suficiente, e agora, com seu relacionamento com Jade, tudo parecia explodir.

— Por que você sempre tem que ser contra mim? — Max rebateu, a voz cheia de frustração. — Por que você nunca fica do meu lado, pai? Não importa o que eu faça, você sempre me critica! Sempre acha que estou errado!

Fred ficou surpreso com a intensidade das palavras de Max, mas sua expressão continuou rígida.

— Eu sou seu pai, Max. Estou tentando te proteger. Você acha que isso vai dar certo? Que Claudio vai aceitar você com a filha dele? Isso só vai acabar mal para você! E para ela!

Max deu um passo à frente, os punhos cerrados de raiva.

— Você sempre faz isso! Desde que eu era pequeno, sempre me tratou como se eu não fosse bom o suficiente. Nunca me apoiou, nem quando eu quis estudar! E agora isso? — Ele respirou fundo, tentando controlar a fúria. — Eu amo a Jade, pai. E você não vai mudar isso.

Fred balançou a cabeça, exasperado.

— Isso não é sobre amor, Max. É sobre responsabilidade. É sobre saber o seu lugar! Você está se metendo onde não deve, e isso só vai acabar em desastre. Claudio não vai aceitar, e você vai perder tudo o que construiu aqui.

Max sentiu como se algo dentro dele estivesse se quebrando. A luta interna que ele já travava sobre ser filho de um funcionário e amar a filha do dono da fazenda só aumentava. Por que seu próprio pai não podia estar ao seu lado, pelo menos uma vez?

— Talvez o problema seja você, pai — Max disse, a voz cheia de amargura. — Talvez o problema seja que você nunca acreditou que eu pudesse ser mais do que apenas um funcionário. Você nunca me enxergou como mais do que isso.

Fred, agora visivelmente irritado, apertou os punhos, tentando manter a calma.

— Eu sou realista, Max. Isso aqui é a nossa vida, nossa realidade. Você não pode fugir disso.

— Não posso fugir? — Max retrucou, com os olhos brilhando de raiva. — Eu lutei minha vida inteira para ser mais do que isso! E você nunca me deu crédito por nada!

O silêncio caiu entre eles por um momento, denso e carregado de ressentimentos não ditos.

— Se você quer mesmo seguir com isso... — Fred suspirou pesadamente, derrotado. — Então boa sorte, Max. Mas saiba que eu não concordo. E quando isso der errado, porque vai dar, não venha me culpar.

Fred se virou, deixando Max sozinho com sua frustração e dor. Max respirou fundo, sentindo a raiva fervendo dentro de si. Ele sempre soube que as coisas seriam difíceis, mas não esperava ser tão solitário nessa jornada.

Mais tarde, naquela mesma tarde, Max procurou Jade, mas ela estava longe, ocupada com suas tarefas diárias. Max se pegou pensando no que Fred havia dito, mas seu coração continuava firme em uma única certeza: ele amava Jade. Não importava o que seu pai dissesse, ele não desistiria dela.

Max caminhou até o riacho, esperando encontrá-la lá, onde tudo parecia mais claro, onde suas emoções pareciam fazer sentido. E, ao longe, ele a viu. Jade estava de costas para ele, lavando as mãos na água, os cabelos soltos e o vestido leve balançando com o vento.

Max se aproximou lentamente, suas botas fazendo um leve som ao pisar nas pedras. Jade sentiu sua presença e se virou, os olhos encontrando os dele imediatamente.

— Max? — Ela perguntou, a voz suave.

Ele caminhou até ela, a água do riacho refletindo o brilho do sol em seus olhos.

— Precisamos conversar, Jade — disse ele, a voz baixa e cheia de emoção.

Ela franziu a testa, preocupada.

— O que aconteceu?

Max hesitou por um momento, mas então respirou fundo.

— Meu pai descobriu sobre nós. Ele... ele está furioso. Disse que Claudio nunca aceitaria isso, e que nós estamos cometendo um erro.

Jade sentiu um aperto no peito. Ela sabia que esse dia chegaria, mas ouvir aquilo de Max era ainda mais doloroso.

— E o que você acha, Max? — ela perguntou, com a voz tremendo levemente. — Você acha que estamos cometendo um erro?

Max deu um passo à frente, aproximando-se dela. Seus olhos estavam intensos, como se buscassem uma resposta que ele mesmo já sabia.

— Não. — Ele balançou a cabeça. — Eu acho que o único erro seria se eu desistisse de você.

As palavras de Max ecoaram no coração de Jade, e ela não pôde evitar um sorriso suave, sentindo o alívio e o amor tomarem conta dela.

Max a puxou para perto, envolvendo-a em seus braços, e dessa vez, quando se beijaram, foi como se todas as incertezas se dissipassem no ar. Mesmo com o mundo contra eles, naquele momento, nada mais importava.

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